Zé Renato, Teresa Cristina, Arlindo Cruz e outros artistas falam sobre as sete décadas de vida o sambista
Sempre que se retratar a história do samba brasileiro, e principalmente do Rio de Janeiro, será indispensável destacar uma figura elegante, cordata, simpática e de canto manso, delicado e ao mesmo tempo forte. Trata-se de Paulinho da Viola, que, nesta segunda, 12, completa 70 anos. Para comemorar, é possível preparar uma trilha musical privilegiadíssima, com clássicos como “Foi Um Rio que Passou em Minha Vida”, “Sinal Fechado”, “Timoneiro”, “Eu Canto Samba”, “Pecado Capital”, entre outros.
Filho do violonista Benedicto Cesar Ramos de Faria, integrante do grupo de choro Época de Ouro, Paulinho da Viola nasceu no bairro de Botafogo e teve a oportunidade de, ainda na infância, conviver com grandes mestres da música brasileira, como Jacob do Bandolim e Pixinguinha. Ao mesmo tempo, passou a se envolver com carnaval e compôs um de seus primeiros sambas, “Pode Ser Ilusão”, para a escola de samba União de Jacarepaguá.
Mas a profissão de cantor e compositor só começou a se tornar real para o jovem, então com 22 anos, quando trabalhava em uma agência bancária e reencontrou o poeta Hermínio Bello de Carvalho. Juntos, eles compuseram vários clássicos da música brasileira, sendo os primeiros “Duvide-o-dó”, gravado por Isaurinha Garcia, e “Valsa da Solidão”, registrado na voz de Elizete Cardoso. O primeiro disco veio três anos depois, Roda de Samba, do grupo A Voz do Morro, o qual Paulinho integrou junto a Oscar Bigode, Zé Ketti, Anescar do Salgueiro, Nelson Sargento, Elton Medeiros e Jair do Cavaquinho.
O primeiro disco solo e homônimo veio só em 1968 e, desde então, ele gravou mais de vinte álbuns. Um dos mais conhecidos e aclamados pela crítica foi Bebadosamba, de 1996, no qual estão “Quando o Samba Chama” e “Timoneiro”. O mais recente é Acústico MTV, lançado em 2007, com seus maiores sucessos, como o marcante tema de abertura da telenovela Pecado Capital, de 1975.
A imagem de Paulinho da Viola também está bastante associada à escola de samba Portela, da qual, em 1966, passou a integrar a ala dos compositores, criando o memorável samba-enredo “Memórias de um Sargento de Milícias”, inspirado no romance de Manuel Antônio de Almeida. Uma história curiosa é que ele compôs uma música para a rival Mangueira, “Sei lá Mangueira”, o que provocou grande ciumeira, levando-o a se ver obrigado a compor outra música para a Portela. Assim nasceu um de seus sucessos mais emblemáticos, “Foi Um Rio que Passou em Minha Vida”.
Portanto, hoje a música brasileira está em festa. Afinal, um de seus filhos mais ilustres faz aniversário, com a marca de quem foi fundamental na revitalização do samba brasileiro, na década de 1960, e, desde então, emplacou vários clássicos inquestionáveis. E tudo com a calma e a serenidade que apenas a extrema elegância do samba é capaz.