Filme venceu o prêmio principal no Fantasia, um dos maiores festivais dedicados ao cinema de gênero
Com Raiva, de 2010, a dupla israelense formada por Aharon Keshales e Navot Papushado mostrou talento ao explorar a psicose e os limites do sadismo e da maldade humana. Os Lobos Maus, novo trabalho dos talentosos cineastas, segue na mesma direção, mas com um conceito audacioso: transforma uma história de pedofilia, assassinato e vingança em um conto de fadas macabro.
Tudo começa com policiais interrogando agressivamente um homem, suspeito de ter sequestrado garotinhas da região. Um jovem filma a sessão de tortura e o vídeo acaba se tornando famoso, fazendo com que o suspeito seja liberado. Obcecado, um dos policiais segue o homem por conta própria. Mas ele não é o único. O pai de uma das vitimas também busca fazer justiça com as próprias mãos, levando os três a um bizarro encontro.
O roteiro do filme, escrito pela dupla de diretores, é inteligente e cria aos poucos um tom de fábula em que os seres humanos são os animais sem qualquer moral. Especialmente pelo uso da trilha sonora, pomposa e épica mesmo nos momentos mais banais, fica a impressão de que se trata de um terreno diferente, levemente surreal. A opção dos cineastas de não fornecer dados sobre o crime, por exemplo, contribui muito.
O caminho convencional para este tipo de longa seria: análise do crime, investigação policial e todo processo já visto exaustivamente nas últimas décadas. Os Lobos Maus, porém, está mais interessado em discutir a necessidade do vigilante, colocando um pai em busca de vingança e um policial em busca de redenção contra um homem que eles têm certeza ser o culpado.
A trama vai contra resoluções fáceis e mantem o espectador adivinhando, colocando propositalmente alguns fatos fora de ordem para que o desfecho não seja previsível. Repleta de humor negro e cenas violentas, Os Lobos Maus é um conto de fadas à moda muito, muito antiga.
Confira os horários de exibição de Os Lobos Maus no Festival do Rio:
Segunda (30/9), às 19h, no Leblon 2,
Quinta (3/10), às 21h, no Estação BarraPoint 1