The Canyons conta ainda com o ator pornô James Deen
Paulo Gadioli, do Rio de Janeiro Publicado em 01/10/2013, às 18h57 - Atualizado em 02/10/2013, às 16h10
O novo trabalho do veterano diretor norte-americano Paul Schrader chamou atenção muito antes de suas filmagens, mas não por bons motivos. Problemas na produção, financiamento por crowdfunding e uma Lindsay Lohan descontrolada afligiram The Canyons, que faz sua estreia brasileira no Festival do Rio. O resultado final reflete muito desses problemas: apressado, descuidado e sem ritmo, o longa é um verborrágico ensaio sobre a decadência da sociedade.
Parece injusto falar da produção ao tratar do filme, mas o próprio faz questão de lembrar, nos minutos iniciais, toda aura ao redor dele. Cenas quase pós-apocalípticas de cinemas vazios e decadentes dominam a tela, enquanto os créditos iniciais são exibidos. É a forma de Paul Schrader e Bret Easton Ellis, seu roteirista e autor de diversos livros como Psicopata Americano e Regras da Atração, salientarem tanto o tema do filme quanto seu formato de distribuição.
Ellis, alias, possui uma voz muito forte, como as adaptações cinematográficas de seus livros anteriores já mostra. Ela se torna extremamente presente durante o longa, já que as atuações tanto de Lindsay quanto de James Deen, ator pornô que neste filme estreia no mainstream, são fracas, apenas reproduzindo o texto.
“Voce ainda vai ao cinema?”, pergunta a personagem de Lindsay a uma assessora, antes de iniciar um breve monólogo sobre a decadência do formato tradicional de exibição e a forma como as pessoas se relacionam com a arte. Este pequeno momento denota a obsessão de Ellis com o que gosta de chamar de mundo pós-Império, em que as obsessões e o lado negro das celebridades se fundem com sua imagem pública.
Apesar de se tratar de um filme muito pessoal, Schrader parece comandar The Canyons sem muito interesse. As cenas de sexo e violência, essenciais tanto ao longa quanto ao transtornado personagem de Deen, são filmadas de maneira extremamente apática. O cineasta já havia conferido diversos tipos de emoções a esses tipos de cenas anteriormente, em trabalhos como Gigolô Americano e A Marca da Pantera, mas raramente com tamanho desinteresse.
Precursor da era Kickstarter, que agora segue seu rumo com adesões de peso como Sylvester Stallone e Spike Lee, The Canyons é problemático. Um grito de guerra sem sustento, vociferando temas e verdades que, ironicamente, seus próprios personagens involuntariamente contradizem.
Confira os horários de exibição no Festival do Rio:
Sexta, 4/10, às 16h30 e às 21h30, no Leblon 2
Quinta, 10/10, às 16h30 e às 21h30, no Roxy 3, em Copacabana
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