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Festival do Rio 2013: “Se ninguém iria filmar, nós iríamos”, dizem diretores do documentário colaborativo sobre Occupy Wall Street

99% - O Filme Colaborativo do Occupy Wall Street nasceu da insatisfação dos cineastas com a cobertura da imprensa

Paulo Gadioli, do Rio de Janeiro Publicado em 05/10/2013, às 12h45 - Atualizado em 09/10/2013, às 18h39

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99% - O Filme Colaborativo do Occupy Wall Street - Reprodução
99% - O Filme Colaborativo do Occupy Wall Street - Reprodução

Após passarem mais de quatro anos produzindo, gravando e depois distribuindo Until the Light Takes Us, documentário sobre a cena black metal norueguesa, a dupla formada por Audrey Ewell e Aaron Aites preparava seu próximo projeto quando algo inesperado aconteceu. “Não planejávamos fazer esse filme”, conta Audrey em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil. Segundo ela, 99% - O Filme Colaborativo do Occupy Wall Street nasceu de um momento de raiva e insatisfação.

“No dia 1º de outubro houve uma marcha na ponte do Brooklyn, mais de 700 pessoas foram presas, uma das maiores prisões em massa na história do país, e a mídia ignorou”, diz. “Liguei o noticiário e não vi nada, apenas um especial sobre resfriados. Por que isso não está sendo mostrado? Fiquei brava e sentimos que se ninguém iria filmar, nós iríamos”, lembra a cineasta. “Pegamos nossas câmeras, algumas luzes e assim aconteceu nosso primeiro dia de filmagem”, acrescenta Aaron.

Pouco tempo após a dupla chegar à ocupação, tudo mudou. “De um dia para o outro, em vez de blackout da mídia, aquilo virou um circo. Todos estavam lá. Naquele momento, sentimos que a situação não estava sendo coberta de uma maneira verdadeira, seja pelos ocupantes ou pela mídia”, relembra Audrey.

“Os ocupantes estavam cobrindo, mas sem oferecer qualquer tipo de contexto. Era apenas transmissão ao vivo, pelo YouTube, muitas imagens de marchas e bandeiras e placas, brutalidade policial, pessoas dizendo seus motivos, mas sem o plano geral”, explica. “E, do outro lado, a mídia tradicional estava dando risada. Sentimos que precisava existir um meio campo”.

Para documentar o acontecido, os diretores optaram por um caminho pouco usual: o colaborativo. Segundo Audrey, a ideia pareceu óbvia. “Quando chegamos lá, pessoas do país inteiro, com as mais variadas histórias, conversavam com a gente, todos dando sua perspectiva sobre o que está errado e como consertar”, afirma. “Pensamos que seria interessante emular o processo, fazer o filme colaborativamente em uma espécie de colagem”, revela Aaron.

O formato, porém, trouxe complicações. “Foram semanas de 100 horas por um ano. Muito trabalho. Não dormíamos. Sentávamos e trabalhávamos, não havia nenhum outro jeito”, declara. “É muito cansativo, não recomendaria fazer um filme colaborativo assim a não ser que exista um bom motivo por trás, e sentimos com esse que havia um bom motivo”, finaliza Audrey.

Confira os horários de 99% - O Filme Colaborativo do Occupy Wall Street no Festival do Rio:

Domingo, 6/10. às 22h, no Estação Botafogo 3

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