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Festival MPB: parceria inédita entre Gilberto Gil e Marisa Monte rouba a cena na estreia do evento

Apresentações aconteceram em arena montada no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda

Luciana Rabassallo, do Recife Publicado em 14/12/2014, às 12h28 - Atualizado às 13h00

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Marisa Monte e Gilberto Gil apresentam o show inédito "Marisa & Gil" no Festival MPB Recife  -  Luiz Fabiano/Ag.Moove
Marisa Monte e Gilberto Gil apresentam o show inédito "Marisa & Gil" no Festival MPB Recife - Luiz Fabiano/Ag.Moove

Um time de verdadeiras estrelas da música brasileira desfilou pelos dois palcos armados no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, neste sábado, 13, como atrações da primeira edição do Festival MPB. Idealizado pelos empresários Carla Bensoussan, Flora Gil, Juliana Cavalcanti e Augusto Acioli, o evento pretende se estabelecer como a marca registrada da temporada de verão no Recife.

A ideia surgiu após o grupo constatar que a região é carente de festivais do gênero. Além disso, Olinda e Recife são cidades que recebem um grande número de turistas nessa época do ano. A infraestrutura local também foi um fator que fez os investidores escolherem a capital pernambucana em detrimento de outras cidades do nordeste.

Entre as oito atrações escaladas para sábado, o destaque, sem dúvida, ficou por conta do encontro inédito entre Gilberto Gil e Marisa Monte. Com um show “Gil & Marisa”, preparado exclusivamente para o Festival MPB, a dupla encantou o público com os maiores hits do repertório de cada um deles.

Antes de subir ao palco, Marisa Monte usou as redes sociais para falar sobre a parceria com Gil: "Há alguns meses fui convidada para um encontro musical com o Gilberto Gil. Foi uma noite mágica, em que, pela primeira vez, pude escutar o Gil, com o violão no colo, tocar alguns dos sambas magistrais do repertório do João que ele havia acabado de gravar no seu então inédito Gilbertos Samba”.

Em cena, a sintonia entre a dupla é visível. Ao som de faixas como “Panis Et Circenses”, de Caetano e Gil, mas que foi regravada por Marisa no disco ao vivo Barulhinho Bom - Uma Viagem Musical, e "Balança Pema", de Jorge Ben Jor, a dupla encantou o público e supriu toda a expectativa gerada pelo encontro de dois grandes nomes da música nacional, que, mesmo de gerações diferentes, se completam perfeitamente.

Arnaldo Antunes, que havia se apresentado minutos antes, também foi convidado para subir ao palco. Ao lado de Marisa e Gil, ele relembrou os tempos do grupo Tribalistas - que também contava com Carlinhos Brown - e cantou os hits "Velha Infância" e "Passe em Casa". Giberto Gil, marido de Flora, uma das organizadores do evento, aproveitou para agradecer a atenção dos fãs e afirmar que o Festival MPB foi feito por cada um que consome a música popular brasileira em Pernambuco.

O repertório ainda contou com canções conhecidíssimas do público como a versão de Gil para o clássico "No Woman No Cry", de Bob Marley, "Esperando na Janela", de Gil, "Segue o Seco", gravação de Marisa, e "O Xote das Meninas", de Luiz Gonzaga. "É uma honra dividir o palco com Gil. Foi uma noite histórica, muito obrigada por esse momento cheio de boas energias", disse Marisa antes de sair de cena.

Mallu, Marcelo e Fred

Um dos destaques da música brasileira em 2014, a Banda do Mar foi uma das atrações mais aguardadas deste sábado. Com Marcelo Camelo, ex-Los Hermanos, a jovem veterana Mallu Magalhães, e o músico português Fred Ferreira, do Buraka Som Sistema, o trio lançou em setembro um disco homônimo com 12 canções e 44 minutos de duração.

A Banda do Mar mostrou as melhores faixas do primeiro discos de estúdio deles, que estavam na ponta da língua dos fãs próximos ao palco, e também hits da carreira solo de Mallu (“Velha e Louca”) e de Camelo (“Além do Que Se Vê” e “Morena”). “Muito obrigada pela atenção de vocês. Estamos extremamente felizes pro fazer o nosso primeiro show nessa cidade tão bonita”, disse Mallu antes de deixar o palco.

A força da Nação Zumbi

Vinte anos após o registro definitivo do movimento manguebeat, o disco Da Lama ao Caos, o Nação Zumbi ressurge com um álbum autointitulado, decorado com novas referências e arranjos incrementados.

Em casa, canções como “Defeito Perfeito”, “Cicatriz” e “Foi de Amor”, retiradas do disco homônimo lançado em julho deste ano, encontram espaço entre os clássicos da época de Chico Science, morto em 1997, – como “Manguetown”, e dos primeiros discos do grupo após a morte do ex-vocalista (a exemplo de “Blunt of Judah” e “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada”).

Escolhidos para encerrar a noite, o grupo formado por Jorge dü Peixe (vocal), Lúcio Maia (guitarra), Nino "Dengue" Brócolli (baixo), Pupillo (bateria) e Gustavo da Lua (percussão), fez um show cheio de energia e técnica, que são a marca registrada da Nação Zumbi. No bis, o músico Seu Jorge, que acompanhava a apresentação de pertinho, entrou em cena com uma flauta para os clássicos "Da Lama Ao Caos" e "Quando a Maré Encher".

Apesar de boa parte do público ter deixado o local após o show de Gil e Marisa, os fãs que permaneceram na arena foram presenteados por uma apresentação irretocável do grupo - que tocando em casa parece ser ainda mais explosivo. O esforço, definitivamente, foi recompensado.

Maria Gadú encerrando um ciclo

Escolhida para inaugurar o palco Recife, a cantora paulista Maria Gadú entrou em cena extremamente emocionada. O motivo: o show que acabara de começar seria o último de uma extensa turnê, que desbravou o país entre 2013 e 2014. Com a voz ainda embargada, ela cantou "O Tempo não Para" e "O Nosso Amor a Gente Inventa", de Cazuza, canções que fizeram parte do especial "Maria Gadú interpreta Cazuza" - formatado sob a direção de Monique Gardenberg.

"Quero agradecer demais aos meus amigos e irmão de palco que me acompanharam nessa trajetória. Sem eles, eu não estaria aqui hoje. Encerrar um ciclo é sempre um misto de alegria e tristeza, mas todos nós estamos com a sensação de dever cumprido", disse Gadu, que foi aplaudida com efusão pelo público. No repertório também estavam os hits "João de Barro", "Linda Rosa" e "Dona Cila". O destaque ficou por conta de uma cover incrível de "1406", dos Mamonas Assassinas.

Prata da Casa

No palco “Olinda”, Tibério Azul fez uma apresentação exclusiva do primeiro álbum dele Bandarra, um trabalho que une músicas de pegada pop e arranjos que passam pelo folk, jazz e rock ao sotaque pernambucano.

Em São Paulo, Tibério Azul ficou conhecido por estar à frente do projeto Seu Chico, que resgata a qualidade da música brasileira nas composições de Chico Buarque, criando uma abordagem própria para a obra do cantor. As versões estão presentes no CD e DVD Tem Mais Samba.

Enquanto isso, o veterano grupo Mombojó chegou ao Festival MPB com um novo show, Alexandre, baseado no quinto disco dos pernambucanos, que foi gravado em três cidades diferentes – São Paulo, Fortaleza e Recife, - e masterizado em Londres.

Formado por Chiquinho (teclado), Felipe S (vocal), Marcelo Machado (guitarra), Samuel (baixo) e Vicente Machado (bateria), o Mombojó acumula 13 anos de estrada e cinco discos de estúdio. Extremamente à vontade, o grupo foi muito aplaudido pela plateia e fez um show memorável, que incluiu no repertório faixas antigas como “Amigo do Tempo” e “Papapa”.

Sobre o Festival MPB

O evento continua neste domingo, 14, novamente no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. O evento terá apresentações de Nana Queiroga e Ylana, Preta Gil e Mamelungos com Vanessa Oliveira, no Palco Olinda. As atrações do Palco Recife serão Lenine, Ana Carolina, Caetano Veloso e Seu Jorge.

Domingo, 14

PALCO RECIFE -

Abertura dos portões: 16h

17h40 – Lenine

19h50 - Ana Carolina

21h40 - Caetano Veloso

23h30 - Seu Jorge

PALCO OLINDA

17h - Nega Queiroga

18h50 - Preta Gil

21h - Mamelungos & Vanessa Oliveira

22h50 - DJ

Festival MPB

Dia 14 de dezembro (domingo) - às 16h

Centro de Convenções de Recife – Av. Professor Andrade Bezerra, s/nº - Complexo do Salgadinho

Ingressos: entre R$ 240 e R$ 500 (haverá meia entrada)

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