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Festival Natura Nós leva 17 mil pessoas à Chácara do Jockey

Jamiroquai, Air, Snow Patrol, Bajofondo e diversas atrações nacionais fizeram bons shows no último sábado, 16; confira entrevistas em vídeo com Céu, Fernando Catatau e outros

Por Patrícia Colombo e Stella Rodrigues Publicado em 20/10/2010, às 08h37

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Céu se apresentou neste sábado, 16, no Natura Nós - Divulgação/Marcos Hermes
Céu se apresentou neste sábado, 16, no Natura Nós - Divulgação/Marcos Hermes

Alterada dia 20 de outubro, às 08h32

Com uma programação musical mais extensa que a de 2009, a Chácara do Jockey recepcionou mais uma vez o festival Natura Nós, evento que apoia a conscientização ambiental. Neste sábado, 16, se apresentaram no local Céu, Móveis Coloniais de Acaju, Vanessa da Mata, Karina Buhr, Cidadão Instigado e Marcelo Jeneci no time dos brasileiros e Jamiroquai (clique aqui para saber como foi o show), Air, Snow Patrol e Bajofondo Tango Club no line-up internacional. O evento segue neste domingo, 17, com programação voltada ao público infantil com Pequeno Cidadão, Palavra Cantada, Adriana Partimpim e Pato Fu.

Com um público de 17 mil pessoas (foram colocados à venda 18 mil ingressos) em 2010, houve melhoras no Natura Nós em termos de infraestrutura. No ano passado, mesmo a pista VIP não contava com uma cobertura no chão, e, com a chuva, imensas poças de água junto ao barro formavam uma grande quantidade de lama que quase impossibilitava o público de curtir o show, já que a locomoção era difícil. Neste ano, a chuva que caiu à tarde não foi um obstáculo neste sentido, já que uma cobertura foi colocada na área para qual os valores dos ingressos eram de R$ 500.

Confira abaixo nossas impressões sobre os shows do Natura Nós 2010:

Marcelo Jeneci (com participação de Tulipa Ruiz) - Palco Azul

Coube ao talentoso músico Marcelo Jeneci a tarefa de abrir o Festival Natura Nós. Ele se apresentou no palco azul às 15h, mais de oito horas antes do headliner do evento, o grupo Jamiroquai. A falta de público consequente do horário ingrato não intimidou o rapaz, que aceitou sua incumbência de bom grado e levou uma excelente performance para aqueles que enfrentavam o sol forte em um lugar com poucas sombras para vê-lo ao lado de sua populosa banda. A primeira música tocada foi "Tempestade em Copo D'Água". O público, apesar de escasso, entornou esse copo de água com vontade e recebeu bem, também, a canção que veio a seguir, "Pense Duas Vezes Antes de Esquecer". Em seguida, Jeneci agradeceu a presença dos fãs e contou, empolgado: "Acabei de saber hoje que o disco chega às lojas em novembro". Em entrevista ao site da revista Rolling Stone Brasil, o artista contou mais sobre o novo trabalho, intitulado Feito Pra Acabar (clique aqui para assistir). A apresentação continuou ao som de "Felicidade", que teve acompanhamento da plateia nos vocais. Mas foi a quarta canção do setlist que pareceu entusiasmar mais o público. Quem estava encostado em um canto, se protegendo dos fortes raios de sol, voltou para a beira do palco e cantou a letra de "Pra Sonhar" junto a ele, que era observado pelos olhos atentos de Edgard Scandurra, presente para prestigiar o colega. O ponto alto do show, mesmo, aconteceu logo depois. "Estou adorando a programação do festival, mas senti falta de algo especial e não pude deixar de convidar, para o prazer de vocês, Tulipa Ruiz". Assim, o músico apresentou a cantora que entoou com ele a faixa "Dia a Dia, Lado a Lado". Antes de cantar, ele explicou que o trabalho, de autoria dos dois, foi feito após eles terem assistidos juntos a um episódio da série Anos Incríveis. "Eu sou a Winnie Cooper e ele é o Kevin Arnold", brincou a irreverente Tulipa, fazendo referência aos personagens do programa. Depois da parceria, o cantor e compositor anunciou a última música de sua apresentação - sob protestos de "mas já?" e "só isso?" ao som de, ironicamente, "Feito Pra Acabar". Clique aqui para assistir à entrevista com Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz.

Cidadão Instigado - Palco Verde

Fernando Catatau é um artista bem completo: é guitarrista, vocalista, arranjador, produtor e compositor. Mas não é sozinho que o músico brilha, e sim ao lado dos competentes músicos do Cidadão Instigado, grupo liderado por ele. O show da banda no Natura Nós começou pontualmente às 15h40 e durou exatamente meia hora. A segunda atração do festival começou com pouco público, mas o gramado em frente ao palco foi enchendo aos pouquinhos conforme o show foi passando. Debaixo de sol forte, algumas pessoas improvisavam o guarda-chuva como guarda-sol (mais tarde o objeto seria utilizado na função para a qual foi criado). A performance começou com "Doido", pertencente à tracklist de Uhuuu!, disco eleito pela Rolling Stone Brasil o segundo melhor de 2009. A seguir, foi a vez de "O Nada", faixa que abre esse disco, e de "Contando Estrelas". Os ânimos se exaltaram mais a partir da quarta execução: todos pareciam saber cantar "Homem Velho". Foi durante esta canção, também, que Catatau melhor exibiu toda a intimidade que tem com a guitarra e tornou aquele o momento mais aplaudido da apresentação. O público ainda dançou um pouco ao som de "Escolher Pra Quê", que encerrou o show do Cidadão Instigado, mas não a participação de Catatau no Natura Nós. Assim como o público tinha dez minutos para correr de um palco ao outro para a próxima atração, o músico se deslocou para o outro lado da Chácara do Jóquei para compor a banda de Karina Buhr. Clique aqui para assistir à entrevista com Fernando Catatau.

Karina Buhr - Palco Azul

Com Edgar Scandurra, ex-Ira, e o já citado Fernando Catatau nas guitarras, Karina Buhr subiu ao palco Azul, às 16h20, trajando um nada discreto (porém, estiloso) macacão laranja neon coberto com renda preta brilhante, colado no corpo. Nos olhos, uma chamativa sombra verde também neon. Com repertório baseado em seu álbum de estreia como cantora solo (ela integra a banda recifense Comadre Fulozinha desde 1997), intitulado Eu Menti Para Você, Buhr apresentou faixas que caminhavam pelo rock, contando com batidas eletrônicas. A cantora se mostrou bastante livre no palco e até rebolou durante a execução de "Ciranda do Incentivo", com a pegada do funk carioca. O trompetista Guizado também integra a banda de Buhr, mas o som baixo de seu microfone prejudicou um pouco sua participação no show - uma pena, já que a sonoridade do músico costuma hipnotizar a plateia. Entre as demais faixas executadas pela cantora estiveram "O Pé", "Vira Pó", "Eu Menti Pra Você", "Esperança Cansa", "Avião Aeroporto", "Nassif e Najaf" e "Solo de Água Fervente". Clique aqui para assistir à entrevista com Karina Burh.

Vanessa da Mata - Palco Verde

Flores brancas no suporte do microfone e flores bordadas em seu longo vestido cinza rodado. Vanessa da Mata se apresentou no palco Verde logo após o show de Karina Buhr no festival. A primeira música foi "Baú". Seu show teria uma hora de duração, de acordo com a programação do festival, tendo início às 17h e encerrando-se às 18h. Todavia, um "imprevisto climático" (leia "chuva") acabou encurtando a apresentação da cantora, que teve duração de 40 minutos. A segunda faixa executada foi "Vermelho", com forte influência do reggae - tanto que, na mesma levada, Vanessa emendou um trecho de "Satisfy My Soul", de Bob Marley. "Estou muito feliz por estar aqui neste evento que junta sustentabilidade e juventude", disse. Saindo do reggae, caiu no samba com "Quando Um Homem Tem Uma Mangueira No Quintal". E se a mistura de gêneros até aquele momento não havia sido suficiente para sacar a mistura do show, Vanessa e banda executaram o carimbó "Sinhá Pureza", clássico de Pinduca, trazendo a São Paulo o som do Pará. A porção romântica ficou a cargo de uma versão de "A Lua e Eu", faixa setentista do cantor soul Cassiano, e "Amado". Para compor a trilha-sonora do "banho de chuva" que o público estava tomando, cantou "Ai Ai Ai" e se foi - assim como os presentes nas pistas (tanto vip quanto normal), que correram para se abrigar.

Céu - Palco Azul

Devido ao encerramento precoce do show de Vanessa da Mata, Céu acabou dando início à sua apresentação no palco Azul cerca de 20 minutos antes do programado. A princípio, chovia muito e algumas pessoas se protegeram nas poucas áreas cobertas existentes na Chácara do Jockey. Outras, contudo, não se amedrontaram com as fortes gotas que caiam do céu - entrando no clima "Woodstock" uma vez que o gramado da pista comum acabou virando lamaçal - e se posicionaram à frente do palco. Com "Espaçonave", que integra a tracklist do bem-sucedido álbum Vagarosa (eleito pela Rolling Stone Brasil o melhor disco nacional de 2009), abriu o show. Aos poucos, conforme a chuva diminuía, mais pessoas se aproximavam do local - no final da apresentação a área já se encontrava lotada. No setlist, Céu misturou música do mais recente disco às lançadas em seu álbum de estreia, Céu, de 2005. Cheia de suingue, Céu misturou dub, reggae e hip-hop. "Malemolência", "Lenda", "Ave Cruz" (em versão com levada latina), "Grains de Beauté" e "Cangote" foram executadas no show. Ao final, deu à plateia a oportunidade de escolher a faixa que encerraria a apresentação - e a eleita pelo público foi "Bubuia". Clique aqui para assistir à entrevista com Céu

Air - Palco Verde

Às 18h55 (neste momento, sem chuva) os franceses do Air deram o ponta pé inicial à sua primeira apresentação na capital paulista com "Do The Joy", do álbum Love 2, buscando inserir o público da Chácara do Jockey em sua atmosfera musical envolvente, sustentada em um mix entre rock e música eletrônica. A maioria das faixas de Nicolas Godin e JB-Dunckel são instrumentais, com um vocal aqui e ali, que de tão suave acaba parecendo o som de um outro instrumento na música. O Air, ao vivo, impressiona pelos efeitos, unindo baixo, guitarra e bateria (o duo conta um baterista) a sintetizadores e outros elementos (entre eles o vocoder, intrumento que sintetiza a voz, lembrando a de um robô). "Estamos muito felizes por estarmos no Brasil e esperamos voltar em breve", disse Nicolas Godin. No setlist estiveram hits como "Sexy Boy" (conhecida por ter integrado a trilha-sonora de 10 Coisas que Eu Odeio em Você), "Alpha Beta Gaga", "Don't Be Light" e "Tropical Disease". A apresentação animou, mas talvez teria sido melhor sucedida se realizada em um local fechado e menor, já que a sensação que dá é a de que o show do Air é do tipo que gera um maior magnetismo sem outros fatores - como o próprio ambiente externo - interferindo.

Móveis Coloniais de Acaju - Palco Azul

Tente se recordar de uma festa descontraída, com todo mundo interagindo bem, na mesma sintonia. É assim o show do Móveis Coloniais de Acaju - e se esta festa se refere ao que acontece no palco, imagine como fica a plateia, uma das mais cheias dentre as atrações nacionais do dia. Animado pelo vocalista André Gonzales, o Móveis comanda a diversão da plateia, que fica com a impressão de que está perdendo a melhor parte da farra não estando com os meninos no palco - algo que mais tarde foi resolvido por eles. A primeira faixa executada pelo grupo veterano em festivais foi "O Tempo", single lançado ano passado. Logo de cara, o grupo mostrou a que veio: André correu, pulou e balançou sua cabeleira; o naipe de metais da banda se transformou em corpo de baile, dançando com seus instrumentos. A coreografia se estendeu aos outros músicos, que seguiram o exemplo dos colegas. No setlist, estave a fofíssima "Mergulha e Voa", composta em homeganem aos 30 anos do Projeto Tamar. Outro destaque foi "Cão Guia", durante a qual André rebolou e mostrou mais energia que nunca. A performance trouxe ainda um rápido trecho de "Glory Box", do Portishead, e um final em que vários músicos escaparam sorrateiramente do palco para tocar no meio do povo. Quando eles retornaram, outra surpresa: a banda recebeu pessoas no palco, todas munidas de bastões coloridos que, mais tarde, foram estourados e lançaram serpentinas e confetes. Foi com essa chuva colorida que terminou o carnaval do Móveis. O grupo mandou o público em direção ao palco verde para ver Snow Patrol ainda cantarolando partes de suas músicas. Clique aqui para assistir à entrevista com integrantes do Móveis Coloniais de Acaju.

Snow Patrol - Palco Verde

Gary Lightbody tagarelou, comentou diversos assuntos e exibiu todas as suas habilidades para falar português durante o show do Snow Patrol, liderado por ele. Nos intervalos, claro, cantou. Introduzindo a apresentação do grupo, o telão exibiu os dizeres "Snow Patrol ama o Brasil", com um coração representando o verbo amar. A imagem deu o tom da noite da primeira apresentação deles por aqui. Gary agradeceu e se declarou para a plateia diversas vezes, falou bastante a nossa língua - bem além do indefectível "obrigado" - e mostrou todo o seu contentamento de encerrar a atual turnê da banda, que durou dois anos, em solo brasileiro. Logo de cara, contrariando as expectativas, o quinteto mandou o grande hit "Open Your Eyes", deixando a massa eletrizada. O pique continuou com "Chocolate" e muitos momentos de "gritem mais alto, não estou ouvindo" do animador de plateia Lightbody. Seguiu-se um ritmo estável, ligeriamente morno às vezes, até a hora quando foram ouvidos os primeiros acordes de "Run", outro grande sucesso dos rapazes. Daí pra frente, a empolgação foi mais firme, diminuindo somente quando o áudio passou por problemas e durante "momento ops" da noite, em que o som dos teclados falhou. "Sempre alguma coisa não funciona", resmungou Lightbody, que pareceu cansado em certos momentos, talvez pela exaustão acumulada da turnê. A banda recomeçou a música em seguida e o problema todo foi esquecido. Ainda mais porque, logo depois, foi a vez de "Chasing Cars", faixa que estava sendo pedida desde o começo e cuja letra estava na ponta da língua dos fãs. "Just Say Yes" fechou a noite com coro dos presentes.

Bajofondo Tango Club - Palco Azul

Pense na sofisticação e na sensualidade de um tango. Acrescente, então, o "puts-puts" da balada. Una a estes fatores um grupo de músicos da Argentina e do Uruguai extremamente animados e entrosados. Pronto, a receita básica do Bajofondo Tango Club. Na noite deste sábado, 16, a banda foi a responsável por uma das apresentações mais empolgantes do festival Natura Nós. Divertidos, não se cansavam de brincar com o público, juntando violino e batida eletrônica na mesma panela. O repertório foi composto majoritariamente por faixas instrumentais (como nos discos), mas os integrantes soltaram suas vozes em algumas músicas também. Com a pista vip lotada de pessoas pulando e dançando, a impressão era a de se encontrar quase que em uma rave. Entre as músicas, estiveram "No Pregunto Cuantos Son", "Montserrat", "Fandango", "Duro Y Parejo", "Miles de Pasajeros", "El Mareo", "Pa'Bailar" (popularizada no Brasil como tema de abertura da novela A Favorita, "Leonel El Feo" e "Los Tangueros". O final seguiu o clima de festa do show inteiro com algumas pessoas convidadas a subir ao palco para se juntar à banda.