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Festival com MC Carol enaltece cultura de rua e iniciativas independentes no RJ

Evento, idealizado e patrocinado pela Rider, chamado #DáPraFazer, aconteceu no último sábado, 18, e segue pelos próximos três fins de semana na capital fluminense

Lucas Brêda, do Rio de Janeiro Publicado em 21/03/2017, às 17h20 - Atualizado às 17h45

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MC Carol durante o festival #DáPraFazer, que aconteceu no Rio de Janeiro - I Hate Flash/Divulgação
MC Carol durante o festival #DáPraFazer, que aconteceu no Rio de Janeiro - I Hate Flash/Divulgação

O Rio de Janeiro recebeu músicos, dançarinos, videomakers, vendedores e diversas pessoas que promovem iniciativas independentes no último sábado, 18. O festival #DáPraFazer, da Rider, teve início (depois continua em outras localidades da capital fluminense por mais três fins de semana) com palestras, cineclubes, workshops, batalha de MCs e shows de nomes como MC Carol, Baleia e Fióti, entre outros.

O #DáPraFazer aconteceu no Galpão Gamboa, centro do Rio de Janeiro, de maneira gratuita, promovendo encontros de públicos distintos e complementares, que foram mudando o perfil do evento durante o decorrer do dia. No começo, com interessados na roda de bate-papo sobre a cultura hip-hop nos dias de hoje (com nomes como o DJ Sadam e Cesar Schwenck, produtor da Brutal Crew e organizador da Batalha do Real) e, ao fim, com as pessoas aproveitando as prestigiadas e representativas festas Batekoo e Novo Romance, que tomaram o local.

A Rider criou o festival como uma forma de reposicionar a marca: menos sonhos e utopias, mais realidade. Para isso, apostou em apoiar iniciativas já existentes no Rio de Janeiro, para tê-las como exemplo para quem deseja produzir por conta própria. No bate-papo sobre o hip-hop, por exemplo, além de ressaltadas as rinhas e batalhas da cidade, foram distribuídas dicas para rappers iniciantes ou aspirantes. Logo depois da conversa, uma batalha de rima teve início, com os concorrentes, pré-selecionados, disputando o assustadoramente gordo prêmio de R$ 10 mil. Os mais aclamados pelo público enfrentam novas preliminares nos próximos dias de festival.

O universo do audiovisual, que foi tema de todo o último andar do Galpão – onde aconteceram também cineclubes –, também foi explorado, com destaque para a palestra do atual “magnata” do funk no YouTube, KondZilla. O paulista do Guarujá narrou toda a trajetória dele, de aspirante a beatmaker de hip-hop até se tornar uma das maiores referências na produção de videoclipes, não apenas dando uma nova cara ao funk, mas expandindo o trabalho para nomes como Racionais MC’s e Karol Conka, entre outros.

KondZilla, a propósito, mostrou-se um exemplo vivo de como triunfar e alcançar sonhos com recursos escassos e muita habilidade para driblar adversidades. “Difícil não é começar do zero, difícil é quando você começa do menos 100”, repetiu ele algumas vezes na palestra, mostrando-se satisfeito pela presença vasta de negros e, “principalmente pobres”, segundo ele. O videomaker deu detalhes de todos os passos da trajetória, como quando foi convidado para dirigir o DVD Música Popular Caiçara, do Charlie Brown Jr., ou quando decidiu criar o próprio canal no YouTube – e não distribuir clipes nos canais dos artistas – para fortalecer a própria identidade.

A área externa do #DáPraFazer permaneceu ocupada e movimentada durante todo o dia. Além de food trucks e serviços como cabelereiros independentes, houve shows do Forró de Rabeca, o coletivo Maracutaia explorando a música afro-brasileira e um espaço para vendedores de discos e vinis, zines e os mais variados objetos, todos produzidos de maneira independente. A ideia de fazer acontecer, ser o próprio patrão e empreender ganhou não apenas os discursos, mas era incorporada em cada canto do festival.

O segmento musical, mais visado – junto às festas – teve início com dois shows mornos de dois jovens artistas: Lila e Whipallas. A cantora levou uma sonoridade balançada e com sabor tropical, encerrando o set com uma canção feminista sobre respeito à vontade da mulher. “Quando eu digo não, é não”, disse o refrão de “Não é Não”. Depois, o Whipallas mostrou uma espécie de indie rock dançante, incrementado com covers como “Let’s Dance”, de David Bowie.

Já nos primeiros momentos de noite do dia, o grupo – dos mais proeminentes da cena independente do Rio de Janeiro na última meia década – Baleia tomou o palco, sendo seguido pelo projeto musical de Evandro Fióti, que toca a marca e o selo LAB (Laboratório Fantasma) com o irmão, Emicida. Fióti encheu o Galpão e apresentou as faixas com pesada influência de MPB e samba lançadas no EP Gente Bonita (2016), além de canções inéditas, ainda a serem gravadas por ele.

Casando com a proposta da Rider no #DáPraFazer, MC Carol fez a apresentação mais lotada e celebrada do dia. A cantora, que levanta as bandeiras da mulher negra da periferia e foge dos padrões de beleza, cantou para um galpão abarrotado e suado, que respondia às rimas com gritos em acompanhamento. Dona da sonoridade mais marginalizada do dia, Carol mostrou como pode soar mais honesta e empolgante que todo o line-up, com hits já clássicos no funk contemporâneo, de “Bateu Uma Onda Forte” à parceria com Karol Conka, “100% Feminista”.

O dia chegou ao fim com as equipes da Batekoo e Novo Romance transformando o palco e arredores em balada. Além de uma iniciativa da Rider ao tentar se aproximar ainda mais de um possível público consumidor, o #DáPraFazer serviu como uma espécie de vitrine à população carioca: o evento mostrou como pode ser possível produzir cultura e se manter independente na atualidade.

Veja abaixo o resto da programação do #DáPraFazer.

Festival #DáPraFazer

25 de março: Zona Norte / Madureira: Viaduto Madureira (R. Carvalho de Souza, S/N)- Void (R. Carvalho de Souza, 182 -) e Du/To (Rua Carvalho de Souza 237, 6º andar - Madureira)

1º de abril: Baixada: Duque de Caxias - Soma Hub - Rua General Câmara, 18 - 1 - Jardim Vinte e Cinco de Agosto

8 de abril: Zona Oeste: Praia da Macumba