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Com viagens no tempo, jogos políticos e duas gerações de mutantes, Dias de um Futuro Esquecido é o melhor filme dos X-Men

Novo filme, que marca o retorno do diretor Bryan Singer à franquia, estreia nesta quinta-feira, 22, no Brasil

Pedro Antunes Publicado em 22/05/2014, às 10h06 - Atualizado às 21h12

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X-Men: Dias de um Futuro Esquecido - Divulgação
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido - Divulgação

Estados Unidos, década de 1970. As minorias passam a ser notadas pelo alto escalão do governo norte-americano e são vistas como ameaças à sociedade. No mesmo país, anos mais tarde, o preconceito venceu a guerra declarada, e aqueles diferentes jazem, um a um, diante do inevitável fim. O teor apocalíptico une-se ao thriller político de época em um excitante ponto de convergência criado pelo diretor Bryan Singer neste retorno dele à franquia X-Men. Dias de um Futuro Esquecido, que estreia nesta quinta-feira, 22, enlaça duas épocas distintas e, para alegria dos fãs, duas gerações diferentes de mutantes.

Conheça os poderes dos mutantes de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido.

Desde o reinício da franquia com Primeira Classe, em 2011, capitaneado por James McAvoy e Michael Fassbender, interpretando versões jovens de Charles Xavier e Erik Lensherr, os mutantes voltaram não apenas com foco na ação e nos efeitos especiais estonteantes responsáveis por dar vida aos super-poderes dos gibis às telonas, mas às questões políticas que sempre foram abraçadas pelas histórias em quadrinhos. No longa, o cenário era 1962 e a Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética chegada ao ponto mais quente com a conhecida Crise dos Mísseis. Inseridos neste contexto, os mutantes foram atuantes para a resolução do problema, mas nem por isso, deixaram de ser vistos como uma possível ameaça.

“Uma das coisas mais legais de X-Men é que os super-heróis são humanos”, diz intérprete do professor Xavier .

É uma espécie bizarra de instinto de sobrevivência que leva a humanidade a encarar esses seres tão humanos como qualquer um de nós, mas com mutações capazes de lhes dar poderes especiais, como aberrações dispostas a figurar no topo da cadeia alimentar. Na década seguinte, para onde somos levados em Dias de um Futuro Esquecido, aqueles que possuem o gene X estão na mira dos governantes. E uma sequência de fatores, que incluem um mutante assassinando um cientista renomado, que dá início ao projeto Sentinelas, enormes robôs criados para detectar e caçar gente como Magneto, Professor X, Wolverine e todo o resto.

E o futuro, para toda a humanidade, não poderia ser pior. Dias de um Futuro Esquecido choca dois mundos, passado e futuro, ao escancarar como que aquele pequeno preconceito (também conhecido como medo) pode transformar o planeta. Anos a frente, são alguns poucos mutantes que conseguiram sobreviver à perseguição dos Sentinelas – os robozões, , aliás, deixaram de atacar apenas os possuidores do gene X, mas todos os seres humanos que, em gerações futuras, poderiam gerar um mutante.

O apocalipse não chega em forma de cavaleiros montados em cavalos assustadores como a história bíblica, mas sim através de máquinas capazes de se adaptar aos poderes dos adversários e, com isso, tornam-se imbatíveis. Uma pequena resistência mutante consegue se manter viva com base na volta ao tempo. Kitty Pryde (Ellen Page) consegue fazer com que a consciência de Bishop (Omar Sy) volte ao seu corpo dias antes e avise aos companheiros que os Sentinelas se aproximam. Para tentar resolver isso de vez, seria preciso voltar à década de 1970, quando tudo teve início.

Pôsteres de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido mostram as diferentes gerações de Magneto e Professor Xavier.

Wolverine, graças ao seu poder de regeneração, é o mais indicado para o retorno, diferentemente da HQ homônima na qual o filme se inspirou, escrita por Chris Claremont e desenhada por John Byrne, originalmente publicada em 1981, na qual Kitty retornava ao passado. A escolha pela mudança, é claro, não passa de uma boa desculpa de colocar o protagonismo nas costas do mutante mais bem-sucedido da franquia, interpretado por Hugh Jackman há 14 anos, desde o primeiro X-Men, de 2000.

No passado, ele encontra o que seriam os X-Men em frangalhos. Xavier (McAvoy) abre mão dos poderes telecinéticos para poder voltar a andar (no final de Primeira Classe, ele é atingido por uma bala na coluna, perde o movimento das pernas e a companhia de Raven, ou Mística, interpretada por Jennifer Lawrence), torna-se um junkie bêbado. Já Erik (Fassbender) ainda não assumiu totalmente a vilania como Magneto, mas está preso sob a acusação de matar John F. Kennedy. Wolverine é mandado ao passado pelas versões mais velhas de Xavier e Magneto, interpretados por Patrick Stewart e Ian McKellen, respectivamente, para unir os dois antigos amigos e futuros arqui-inimigos e tentar, enfim, evitar que o futuro tome a direção errada e definhe novamente.

Galeria: os dez piores filmes de super-heróis da última década.

Entristece perceber que a discussão sobre o preconceito e aversão às minorias, tão enraizada em uma HQ de 1981, seja ainda atual em pleno ano de 2014. Ainda assim, as metáforas, aliadas ao thriller político, à ficção científica e à volta no tempo fazem de Dias de um Futuro Esquecido o melhor filme a captar a verdadeira essência dos X-Men.