Dirigido por Anders Thomas Jensen, Loucos por Justiça conta com trama bem humorada sobre luto, culpa, vingança e coincidência
Há uma explicação para tudo ou as adversidades da vida acontecem por pura coincidência? Em um thriller de vingança surpreendente, Mads Mikkelsen nos leva em jornada de luto cheia de altos e baixos — mas, com ótimo humor, aborda as fatalidades da vida e mostra como, ser “louco por justiça” pode te desviar do caminho certo.
Dirigido por Anders Thomas Jensen, o filme dinamarquês Loucos por Justiça (2020) retrata Markus (Mads Mikkelsen), militar no Afeganistão quem perde a esposa em um acidente de trem, o qual acredita ser ligado à máfia. Por isso, precisa voltar à Dinamarca para cuidar da filha Mathilde (Andrea Heick Gadeberg) e, para superar o luto, recorre à vingança ao lado de três cientistas-hackers.
O público está acostumado com filmes estereotipados em busca de vingança, mas Loucos por Justiça consegue subverter o gênero de modo divertido e reflexivo, questionando a violência e culpa e as transformando — gradualmente — em casualidade e aceitação.
Sem dúvidas, o maior acerto é conseguir conciliar as temáticas fortes, como luto, traumas, raiva e violência com humor. Mas, não estamos falando sobre uma comédia irresponsável, e sim capaz de tratar questões sérias de maneira sensível e sempre muito cômica.
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Anders Thomas Jensen traz um roteiro inesperado cheio de plot twists, mas outro ponto essencial para ditar o tom são as atuações marcantes. Sem dúvidas, Mikkelsen é a grande estrela. Markus, personagem do ator, é o aspecto mais sombrio e consegue trazer o peso do luto e raiva de maneira ensurdecedora, mesmo com poucas palavras. Cada expressão mostra como ele, desesperadamente, precisa de ajuda — e como não vai encontrá-la na vingança.
No entanto, esse ódio mesclado com as participações dos três cientistas-hackers - Otto (Nikolaj Lie Kaas), Emmenthaler (Nicolas Bro) e Lennart (Lars Brygmann) - usados como alívio cômico, torna a produção acessível para todos os públicos, não o transformando em um longa pesado, apesar de tratar sobre temas difíceis.
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Em um filme como qualquer outro, os três personagens serviriam como apoiadores da violência e, mesmo com participação no derramamento de sangue, diferem-se do esperado ao funcionarem como “terapeutas” do protagonista. E, sim, tudo seria resolvido com terapia — principalmente a relação de Markus com a filha Mathilde.
Perder um parente ou um amigo é muito doloroso. Alguns sabem lidar “melhor” e conseguem subverter, lentamente, a tristeza e raiva em aceitação, como Mathilde. A personagem é doce e precisa de apoio após perder a mãe, mas o pai, cego pelo ódio e pelo jeito violento, não consegue oferecer a ajuda necessária.
Sem dúvidas, o longa soube trabalhar muito bem as relações entre os personagens, tornando cada núcleo divertido e, de certa forma, emocionante. A procura pelo motivo de certas situações acontecerem é inútil, e atrasa os personagens de chegarem na fase de aceitação. Mesmo assim, essa jornada em busca do sentido da vida é muito interessante e, provavelmente, identificável em cada um de nós.
Loucos por Justiça funciona como um ótimo filme de ação repleto de sangue e violência, mas, ao mesmo tempo, serve como uma jornada engraçada e espontânea sobre as fatalidades da vida e, como, independente de tudo, estamos sujeitos ao acaso.
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A produção está disponível para compra e aluguel na Claro Now, Vivo Play, Sky Play, iTunes/Apple Tv, Google Play e YouTube Filmes. Confira o trailer:
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