Cantora, que faz três shows no Brasil, fala sobre o amor ao palco e a dificuldade de lidar com a fama
Depois de uma longa e ininterrupta tarde de entrevistas em um hotel paulistano, Florence Welch está cansada. Aparentemente, lidar com a fama e com a avidez da imprensa e dos fãs ainda está sendo um aprendizado para a cantora britânica de 25 anos. “Eu fico mais nervosa ao fazer coisas assim [entrevistas] do que de estar no palco”, explica a vocalista do Florence + the Machine, que a partir desta terça, 24, faz três shows no Brasil, dentro do Summer Soul Festival.
“No palco é como se você pudesse controlar o tempo, você sabe o que vem em seguida. É uma plataforma para as suas emoções: lá, você tem controle delas, o que não acontece no dia a dia”, continua Florence. De perto, e com um salto plataforma, a cantora ruiva (que nasceu com cabelos castanhos) parece ainda mais alta e magra que nas fotos. Falando baixo e devagar, ela mostra uma delicadeza extrema, como se você pudesse quebrá-la apenas com palavras. O termo “frágil” seria uma boa definição? “Definitivamente. Sou uma pessoa muito sensível, fico assustada com facilidade. Com a música eu posso encarar meus medos e controlá-los de alguma forma”, ela afirma.
O Florence + the Machine lançou o primeiro disco em meados de 2009, mas foi só no ano seguinte que explodiu para fora do mercado europeu. “Dog Days Are Over” tocou tanto que hoje chega a ser maçante ouvi-la. E com o sucesso extremo, Florence virou uma espécie de modelo para garotas sensíveis como ela. O que, segundo a cantora, é um pouco assustador. “Eu tento não pensar muito sobre isso, porque senão ficaria meio nervosa”, conta. “Eu mesma ainda estou aprendendo muito, ainda estou descobrindo quem sou e o que penso sobre as coisas. Seria estranho eu dizer a alguém o que fazer.”
Mas não foi com o assédio que Florence percebeu que as coisas estavam mudando na sua carreira. “Talvez quando ouvi minha música no rádio pela primeira vez. Foi assustador, corri para desligar. É como se alguém te visse pelada de repente”, brinca. “Eu estava em um quarto, sozinha, e foi tipo: ‘Ai, meu Deus’”, continua, pela primeira vez parecendo mais à vontade, mesmo que ainda tivesse pela frente uma entrevista coletiva.
Florence Welch nasceu na Inglaterra, filha de uma professora de arte renascentista e um publicitário. Desde cedo, se interessou por musicais e arte – ela chegou a começar os estudos na Camberwell College of Arts, em Londres, mas parou para se dedicar à música. Se ela deixasse de cantar, o plano seria “voltar para a universidade e terminar meu curso”.
No entanto, isso não deve acontecer em um futuro breve. Florence lançou seu segundo disco em 2011, Ceremonials, amplamente elogiado e eleito em diversas listas (inclusive na da Rolling Stone Brasil) como um dos melhores álbuns do ano. O que, infelizmente (para ela), só aumentou o interesse em relação à sua vida fora do ambiente musical.
No Rio de Janeiro, por exemplo, ela foi clicada por paparazzi enquanto tomava caipirinha na praia com sua equipe. “Aquilo nunca tinha acontecido. Então, foi muito estranho. Ainda sou ingênua em relação a qual o nível de fama em que estou, mas eu nunca espero que as pessoas saibam quem eu sou”, afirma. A crescente "perseguição" dos fãs também a surpreende. “Pode ser um pouco opressivo. Na minha cabeça, eu sou apenas eu mesma. ‘Está tudo bem, calma! [como se estivesse falando para um fã] E eu me sinto mal se alguém chora. Nunca sei o que fazer quando as pessoas choram. Sou apenas eu, não sou assustadora. Esse é o tipo de coisa a qual nunca me acostumo.”
Veja abaixo um trecho da entrevista em vídeo (clique no botão CC para ver com legendas em português):
O primeiro show do Florence + the Machine acontece em São Paulo, nesta terça, 24. O Summer Soul Festival também traz à capital paulista Dionne Bromfield (a afilhada de Amy Winehouse), Rox, Seu Jorge e Bruno Mars. Em seguida, o evento segue para o Rio de Janeiro (quarta, 25) e Florianópolis (sábado, 28, sem Dionne e Seu Jorge).