Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Nate Mendel fala sobre novo trabalho do Foo Fighters, pandemia e vontade de vir ao Rock in Rio
Quatro anos após se aventurar na sonoridade experimental dos álbuns Concrete And Gold (2017) e Sonic Highways (2014), o Foo Fighters retorna à fase de hits poderosos em Medicine at Midnight, novo álbum lançado nesta sexta, 5. Junto às guitarras distorcidas e refrões pegajosos, o trabalho traz uma novidade: um suingue inédito na banda de Dave Grohl, e o responsável tem nome: David Bowie.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o baixista Nate Mendel revela: "Para fazer Medicine at Midnight, nos inspiramos na fase oitentista de David Bowie, de 'Let's Dance', que era 'dark', mas também era facilmente pop e dançante. Não tentamos fazer nada parecido, claro, mas nos baseamos nessa época da carreira dele".
As referências a David Bowiesão perceptíveis logo ao dar o play na primeira faixa do disco, "Making a Fire", em que se ouve backing vocals cantaroláveis de "na, na, na, na, na". Outra música que remete ao "camaleão do rock" é a faixa título, "Medicine at Midnight", a mais dançante do disco e uma das mais pop que a banda já fez.
"É um álbum mais iluminado e com músicas mais diretas que as dos nossos discos anteriores. Dessa vez não tem arranjos complexos. É um disco para cima e divertido", adianta Nate, de voz calma e demonstrando satisfação com o novo trabalho ao telefone.
No entanto, não só de suingue e "na, na, na, nas" assoviáveis vive Medicine at Midnigth. A banda de Dave Grohlvoltou disposta a provar porque se tornou uma das maiores do gênero apresentando canções dignas de hits radiofônicos que não devem nada a Best of You ou Times Like These, por exemplo. Certamente, é o melhor álbum desde Wasting Light (2011).
"'No Son Of Mine' soa bastante como uma música clássica do Foo Fighters", afirma Nate antes de citar "Shame Shame", o primeiro single divulgado do novo trabalho. "'Shame Shame' é uma música emblemática e foi uma das primeiras que compusemos para o álbum. Ela acaba sendo um pouco diferente das outras faixas, que são mais rock e pop", explica.
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Programado para ser lançado em 2020, Medicine at Midnight teve que ser colocado na geladeira devido à chegada da pandemia do coronavírus que virou o mundo de cabeça para baixo, principalmente o do show business que parou quase por completo.
"Tivemos muita sorte de finalizar o álbum antes do vírus surgir, mas foi como uma rasteira que tomamos. O nosso plano era lançar o álbum em julho do ano passado e sair em turnê", desabafou Nate. "Não sabemos quando as coisas irão voltar a funcionar realmente como antes, então resolvemos lançá-lo. A música tem ajudado muita gente a enfrentar a pandemia e espero que Medicine at Midnight continue ajudando", disse.
Sobre como será a vida do Foo Fightersno pós-lançamento do álbum em meio à pandemia, Nate fala que é uma incógnita: "Temos muitos planos para a banda, mas tudo depende de uma situação que não está em nossas mãos. Então, estamos tentando fazer o melhor que podemos e com o que temos."
O baixista continua: "Não pensamos em fazer shows online para promover o álbum, pois, na minha opinião a sensação é como se você estivesse tocando atrás de um muro, e não na frente de milhares de pessoas reagindo à sua música, mas nunca se sabe. O que gostaríamos mesmo é de pegar a estrada e poder tocar para o público."
Ao demonstrar vontade de realizar shows ao vivo misturada à frustração de não poder, Nate finaliza instigando os brasileiros, "caso o mundo volte ao normal logo": "Estivemos algumas vezes no Rock in Rio e os shows foram realmente incríveis. Se nos convidarem esse ano novamente, iremos empolgados."
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+++ PAI EM DOBRO | ENTREVISTA | ROLLING STONE BRASIL