Jogos musicais se consolidam na E3
Por Pablo Miyazawa, de Los Angeles Publicado em 17/07/2008, às 10h50 - Atualizado em 18/07/2008, às 12h08
No maior evento de games do mundo, a música se firmou como o assunto obrigatório. Antes um nicho restrito a poucos aficionados, os simuladores de instrumentos musicais são atualmente o negócio mais óbvio do lucrativo mercado mundial de videogames.
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O fenômeno se iniciou há poucos anos com o sucesso de Guitar Hero no PlayStation 2. Se reforçou com a revolução de Rock Band, que aumentou a gama de possibilidades, adicionando voz e bateria ao conjunto. Recentemente, se tornou um bom negócio para bandas, que negociam suas músicas para o repertório dos jogos e até mesmo emprestam seus nomes aos seus títulos - como aconteceu com Aerosmith e, em breve, com o Metallica. E agora, como indica a E3, se tornou a mina de ouro das produtoras de games, ao ponto de um game do gênero se tornar o carro-chefe de uma das principais fabricantes de consoles da atualidade - no caso, a Nintendo e seu Wii Music.
O game, focado no chamado "jogador casual", simula a prática de instrumentos musicais diversos, como violinos, pianos, saxofones, guitarras e percussões variadas. Já que o joystick do console Wii traz sensores de movimento embutidos, ele "reconhece" os gestos executados pelo jogador e o transforma em sons melódicos. O modo bateria é um dos que mereceu um modo de jogo exclusivo: de maneira intuitiva, o músico virtual deve usar as duas partes do controle sem fio do Wii como se fossem baquetas, e "acertar o ar", como se batesse nos tambores e pratos. O bumbo e o chimbal são controlados com os pés, que devem ficam posicionados sobre a Balance Board, uma plataforma plástica utilizada no game de ginástica WiiFit. A experiência é das mais realistas, e é bem mais difícil do que uma mera brincadeira de "air drums".
Outra empresa que decidiu se aproveitar do filão é a japonesa Konami.
Rock Revolution basicamente oferece o que consagra Rock Band e Guitar Hero: a simulação de uma banda de rock completa, com guitarra, baixo, voz e bateria. Neste último, aliás, a produtora colocou uma atenção especial. O instrumento traz sete peças (três simulam pratos), é mais compacta e traz um acabamento mais semelhante ao de uma bateria eletrônica. O estilo de jogo segue o esquema padrão do gênero: o jogador deve acompanhar a música, pressionando botões coloridos nos instrumentos-joysticks à medida que surgem na tela, enquanto o vocalista deve manter a afinação correta. Se um dos instrumentistas comete muitos erros, a música é interrompida.
The Who exclusivo
Rock Band, por sua vez, ganhará uma seqüência menos de um ano após seu lançamento. A versão do game disponível na E3 não traz a principal novidade, que é uma bateria mais realista, com teclas que simulam pratos, além de um pedal de bumbo mais preciso. A novidade no repertório do game, previsto para setembro, são músicas de artistas que jamais haviam emprestado suas músicas a videogames anteriormente, como Bob Dylan e AC/DC. Outro destaque é a disponibilidade de uma música do disco Chinese Democracy, do Guns N' Roses, cujo lançamento é esperado pelos fãs há quase 10 anos. Set lists a parte, Rock Band 2 inova pouco, apenas dando continuidade à experiência que o game anterior havia sedimentado. Pelo menos a produtora do game, a Harmonix, se encontra com a bola toda: para promover seu game durante a E3, convocou um show exclusivo da banda britânica The Who, no Orpheum Theater (região central de Los Angeles).
O principal concorrente de Rock Band, foi mencionado na coletiva de imprensa da Microsoft, mas não está presente fisicamente na E3 (a sua fabricante, Activision, não participa do evento deste ano). A maior novidade da próxima versão da franquia, World Tour, é sua semelhança cada vez maior com Rock Band: o game também trará a opção de bateria e voz, além de um inovador modo de composição de músicas, que podem ser tocadas ou compartilhadas com outros jogadores via conexão online. Outra novidade é a parceria com o Metallica e seu novo disco, Death Magnetic (previsto para outubro). Jogadores poderão baixar as músicas do álbum para serem jogadas no game (mediante uma taxa), a partir do exato dia do lançamento oficial do CD. A franquia, aliás, não é exclusividade dos consoles. O portátil Nintendo DS também ganhou sua versão recentemente (World Tour), e a continuação (Decades) já foi anunciada. Aquele que disse que os videogames são o novo rock'n'roll não estava enganado. Mas talvez seja exatamente o contrário.