Documentos enviados para CPI da Covid mostram que, entre 14 de agosto de 12 de setembro, governo Bolsonaro ignorou ofertas de vacina da Pfizer
Diversos emails entregues pela Pfizer à CPI da Covid mostram que o governo Bolsonaro ignorou diversas propostas da farmacêutica sobre a compra de vacinas contra Covid-19. As informações são da Folha de S. Paulo.
Entre 14 de agosto de 12 de setembro, quando o presidente da Pfizer enviou uma carta ao Brasil, foram ao menos 10 emails enviados pela farmacêutica. As mensagens discutiam as propostas de vacina contra Covid-19 e cobravam uma resposta formal do governo, que ignorou todos os emails.
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A Folha teve acesso aos documentos da CPI da Covid, que investigada a omissão do governo durante a pandemia. Os textos mostram que a primeira oferta da Pfizer, proposta em 14 de agosto, tinha validade até o dia 29 do mesmo mês e garantia entre 30 e 70 milhões de doses. Após enviar o documento, a Pfizer mandou três emails por dia para cobrar respostas do governo federal.
As cobranças da farmacêutica foram feitas até uma representante da Pfizer ligar para uma técnica da uma técnica da Sctie (Secretaria de Ciência, Inovação e Insumos Estratégicos) do Ministério da Saúde. A ligação, no entanto, caiu, e Cristiane Santos, da farmacêutica, precisou escrever novamente para cobrar respostas.
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Em 26 de agosto, após tentar contato telefônico, outro representante da Pfizer enviou um novo email ao assessor especial para assuntos internacionais do Ministério da Saúde, Flávio Werneck. Na mensagem, reforça-se a importância de uma resposta do governo.
Após a data limite para aquisição das vacinas, em 29 de agosto, a Pfizer mandou um novo email no qual responde ao pedido de informações com dados da vacina. Após as diversas tentativas de comunicação, uma carta foi enviada em 12 de setembro ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com cópia para outras autoridades na qual o presidente mundial da farmacêutica, Albert Bourla, alertou, novamente, para a importância de ter uma resposta.
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Novas tentativas de contato foram realizas posteriormente pela farmacêutica. No dia 15 de setembro, um novo email foi encaminhado pela Pfizer para secretárias e técnicos do Ministério da Saúde. A mensagem comentava sobre a carta, enviada três dias antes, e pedia por respostas.
Apenas em 26 de outubro o contato é retomado quando uma reunião entre a Pfizer e o secretário-executivo do Ministério da Saúde foi agendada para retomar negociações. Em 10 de novembro, a farmacêutica se reuniu com Bolsonaro, Guedes e Wajngarten.
Após o encontro, o gerente-geral da Pfizer no Brasil enviou um novo email a técnicos da Saúde e a Wajngarten, ex-chefe de comunicação de Bolsonaro, em que fala da oferta de 70 milhões de doses. Em novembro, a oferta da farmacêutica foi atualizada, contudo, apenas em dezembro o Brasil apresentou uma contraproposta à Pfizer.
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