Com o recém-lançado disco Steal the Light, sexteto traz sua fusão de jazz e ska pela primeira vez ao país graças ao crowdfunding; leia entrevista com o baixista Ryan Monro
Apesar dos ritmos latinos serem uma das bases do som do Cat Empire, que ainda tem muito jazz, ska e algo de folk e hip hop, a banda australiana teve bem pouco contato com países latino-americanos, até hoje. Tanto é que somente após uma iniciativa de crowdfunding que conseguiram vir ao Brasil.
“Escrevem no Facebook ‘venha para o Brasil! Venha para a África do Sul! Venha para o México!’. Mas o Brasil foi o primeiro em que realmente soubemos que seria um lugar onde teríamos público no show”, conta o baixista e backing vocal Ryan Monro, também uma espécie de responsável informal pelas questões de comunicação do grupo. “Faz muitos anos que queremos ir para a América do Sul”, conta ele. “O Felix [Riebl, percussionista e vocalista do grupo] esteve na Argentina recentemente de férias e rodou um clipe nosso. Gravamos um disco em Cuba, mas isso foi o mais perto que chegamos da América do Sul”, complementa.
A iniciativa também marca a primeira iniciativa de crowdfunding que leva o Cat Empire a algum lugar. Mas já não é a única. “Depois disso, duas pessoas na África do Sul começaram uma petição dela”, comenta.
Ao contrário do que costumam fazer na Austrália, onde abundam os convidados musicais do Cat Empire sobre o palco, esta turnê do grupo, a turnê, a maior até hoje (são cerca de 70 shows), tem sido feita pela formação resumida. São os seis integrantes, mais o duo The Empire Horns - Ross Irwin (trompete) e Kieran Conrau (trombone) -, que costuma acompanhar os shows – os outros ficaram em casa. Ainda assim, com oito pessoas no palco e performances contagiantes de ritmos dançantes costumam ter um alto grau de energia e de imprevisibilidade, improviso. Quando pensa a respeito dos aspectos únicos da banda, especialmente em termos de sonoridade, Monro reflete a respeito de nichos e brinca. “Tem várias bandas fazendo isso agora. Mas a gente já fazia isso há dez anos.”
O disco mais recente, Steal the Light, lançado em maio, tem sido o foco dos shows – algo que pode variar no Brasil, considerando a natureza da vinda deles, possibilitada por apelo – e dinheiro – popular. Quando falou à Rolling Stone Brasil, Monro estava exausto de uma performance no Canadá, ainda na primeira porção da extensa turnê. “Tem sido bem corrido mesmo, mas ainda estamos só no começo, norte dos Estados Unidos e Canadá”, relembra, descrevendo um pouco de cada cidade por onde passou. O que alude a um hábito dele interrompido há alguns anos, mas que durou um bom tempo. O músico mantinha um blog, espécie de diário de viagem, reportando tudo que acontecia nas turnês. “Acabaram as ideias de o que escrever”, diz, sobre ter parado. “Há um limite na quantidade de coisas que você pode falar sobre a turnê, ela acaba sendo muito repetitiva, a mesma coisa todo dia. Hotel, passagem de som, é tudo um dia normal para a gente, mas é diferente para as pessoas. Tinha um monte de tempo livre que preenchia com o blog, era divertido.”
Se depois de shows agitados Ryan ainda tinha pique para escrever, a culpa pode ser da cafeína, outra grande paixão dele, além da comunicação. Paixão ao ponto de, por dois anos, ele manter um Tumblr registrando cada xícara de café que tomava. “Era muita cafeína e muita postagem”, ri. “Eu conheço a reputação do café brasileiro, vou experimentar os daí.”
Se não há mais espaço na agenda para os registros por escrito, a música toma ainda mais o tempo do artista, já que ao lado de dois outros integrantes do Cat Empire, Ollie McGill (teclado) e Will Hull-Brown (bateria), ele forma o trio The Genie. Por que ter banda paralela com metade da formação de sua banda original? “Acho que como músicos, a gente não quer ficar em uma coisa só o tempo todo. O Genie começou com coisas que a gente não conseguia fazer se passar como material do Cat Empire. O resto da banda mandava a gente calar a boca [risos]”.
Cat Empire no Brasil
Rio de Janeiro
2 de agosto, a partir das 21h
Circo Voador – r. dos Arcos, s/n - Lapa
R$ 160
São Paulo
3 de agosto, a partir das 22h
Cine Jóia - Praça Carlos Gomes, 82 - Liberdade
R$ 160