Recheado de clichês característicos de filmes sobre o blues, longa de John Sayles se destaca pela trilha sonora
A região sul dos Estados Unidos no começo dos anos 1950 era um lugar anacrônico. As relações raciais ainda pareciam estar na época da guerra civil. Se as autoridades cismassem que um negro pudesse estar "vadiando", poderiam mandá-lo para a colheita de algodão sem julgamento ou pena fixa. Ao mesmo tempo, algumas coisas mudavam e a música ajudava nas transformações sociais. É mais ou menos isto que procura mostrar Honeydripper - Do Blues ao Rock, escrito e dirigido por John Sayles.
Numa cidadezinha do Alabama, Danny Glover vive Tyrone Purvis, um pianista de blues que tem um passado obscuro. Ele deixou a vida artística para trás depois de ter se envolvido num caso de assassinato. Agora, é proprietário do Honeydripper, um boteco à beira de estrada e perto da falência.
Uma das chances de salvar o local é atrair o público jovem e os soldados de uma base militar próxima. Para isto, ele tem que se adaptar aos novos tempos e aderir à música elétrica. Assim, decide dispensar Bertha Mae (Mable John), uma veterana cantora de blues tradicional, e chamar uma sensação do R&B chamada Magic Sam. Como o verdadeiro Magic Sam não aparece, ele convoca para seu lugar o talentoso - porém desconhecido - cantor e guitarrista Sonny (Gary Clark Jr.). Mas o jovem está no campo de algodão depois de ter sido condenado injustamente pelo xerife da cidade (Stacy Keach). Será que Tyrone vai conseguir livrar Sonny a tempo para realizar a performance?
Honeydripper tem todos os clichês do gênero, como a lenda do bluesman que vende a alma para o diabo, a encruzilhada, o xerife racista, o conflito entre música e religião - mas o filme tem um tom leve e agradável e uma trilha sensacional capaz de empolgar quem se interessa por R&B e as raízes do rock.