Lançamentos brasileiros mais quentes da semana, escolhidos pela Rolling Stone Brasil
"É sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar", assim, revisitando a música "Copo Vazio" 50 anos depois, que Gilberto Gil e Chico Buarque trazem leveza para essa essa sexta-feira, dia 24 de julho, com recorde de lançamentos.
Vamos tentar mostrar aqui o melhor que vimos nessa semana na HOTLIST, mas, olha, foi muita coisa, viu?
Temos aqui também lançamentos de Elza Soares e Flávio Renegado, Wado, Pedro Pastoriz, Rincon Sapiência, Kanduras, Luiza Brina, Ordinary John, Tuca Mei, Thunderbird, Iara Rennó, Derek, Lary, Sandro, João Klein (feat. Murilo Bispo), Murilo Sá, Dois É Par, Gustavo Fagundes, Paolo Ravley, Juliana Cortes.
Vamos à HOTLIST?
Cinquenta anos depois da composição de "Copo Vazio", Gilberto Gil e Chico Buarque revisitaram a canção que traz esperança até mesmo para os pessimistas que enxergam o copo vazio.
Chico sofria censura quando se juntou a Gil para essa canção. Pensaram na beleza do sutil. E acertaram em cheio. Bonito ouvir essa canção anos depois, com a fragilidade das vozes de ambos, gastas pelo tempo, mas ainda potentes para entregar a mensagem. [Texto: Pedro Antunes]
Elza Soares segue nas comemorações dos 90 anos de vida em 2020. Ela mantém forte o grito de "eu quero cantar", dos versos da música "Mulher do Fim do Mundo". Aqui, ela se junta a Flávio Renegado para a gravação de "Negão Negra".
A faixa foi criada por Flávio Renegado e Gabriel Moura. "Estamos atravessando um momento chato, mas lutamos contra esse horror do preconceito racial. Para isso canto uma música que fala lindo de nossa Mãe África, uma mamãe preta. O Flávio Renegado é bom demais e pedimos atenção à letra da música: uma letra que deixo 'modernona' ao meu jeito", disse Elza.
Duas gerações, uma só luta. Esse é o terceiro single de Elza em 2020 vem depois de "Juizo Final" e "Carinhoso". [Texto: Pedro Antunes]
Dessa vez com as participações de Felipe De Vas e Yo Soy Toño, Wado pincela o novo disco com o single "Arcos". Violão tenso pela gravidade das notas de base, vozes deliciosamente leves e sem percussão, a música entrega mais detalhes do álbum A Beleza que Deriva do Mundo, Mas a Ele Escapa (2020), previsto para 2020, lançado via LAB 344. Wado experimenta e acerta no alvo. [Texto: Pedro Antunes]
Interessantíssimo artisticamente, com muitas possibilidades estéticas, Pedro Pastoriz leva o ouvinte para visitar o novo universo onírico dele em Pingue-Pongue com o Abismo, novo disco dele.
Imprevisível, o disco (disponível nas plataformas digitais aqui) faz com que a gente não saiba o que esperar na próxima faixa, exatamente a sensação ao deixar a cabeça no travesseiro e caminhar para o mundo dos sonhos, sabe?
A banda que o acompanhava deixou de ser um quarteto, passou a ser um trio, com a chegada de Charles Tixier (produtor da Luiza Lian, entre outras funções e expressões artísticas) para a bateria.
Deliciosamente colorido, Pingue-Pongue com o Abismo é niilista também. Com uma realidade tão dura, às vezes, é melhor mergulhar nos sonhos, sabe? [Texto: Pedro Antunes]
"Vibração positiva e alegria são fatores essenciais, mas é também importante ter malícia
para saber que independentemente de você conseguir ascender socialmente, você continua
sendo preto, e numa estrutura racista como no Brasil, quase sempre isso não é positivo",
diz Rincon Sapiência em uma análise sobre "Malícia", a nova música do rapper, lançada nesta sexta-feira, 24, nas plataformas digitais (link aqui)
O videoclipe de "Malícia" estará disponível no canal do artista a partir das 20h, desse dia 24.
O ritmo da canção é frenético aqui, na música também produzida por Sapiência. "Mete dança com malícia", diz o refrão. Rincon político, Rincon dançante. Rincon completo. [Texto: Pedro Antunes]
O EP de três faixas de nome Cidade-Saudade foi produzido durante o período de isolamento social. Por isso, há tanta uma atmosfera solitária no trio de canções da banda paulistana.
Esse trabalho vem coladinho com outro lançamento do grupo, Dístico, o álbum cheio deles, de abril. E soa como aquele típico lado B da era dos álbuns em vinil. Mais sombrio e soturno, enquanto Dístico (o lado A), há uma estética mais solar com sopros.
Kanduras funciona bem, nos arranjos quentes ou frios. [Texto: Pedro Antunes]
Luiza Brina e Josyara, duas das artistas mais fundamentais para se entender o que é a música brasileira contemporânea a partir dos anos 2010, unem forças nessa oração em forma de canção criada por Luiza Brina (e disponível nas plataformas digitais aqui).
Violões dedilhados, rítmicos e viciantes, vozes que se entrelaçam por diferentes potências, "Oração 12" é um poderoso tratado sobre entender o que é o mundo hoje, diante da escuridão que é a pandemia do novo coronavírus.
A canção antecede o primeiro EP de Luiza Brina, acostumada aos discos (inclusive, ouça o álbum Tenho Saudade Mas Já Passou, do ano passado, que é lindo também). [Texto: Pedro Antunes]
Novo vício musical é "Por Essa Noite", primeira experiência Ordinary John (persona artística de João Figueiroa) por letras em português, é absolutamente deliciosa. Sintetizadores, voz melancólica entorpecida de reverbs, corações partidos e um refrão que explode em cores.
Figura dessa cena de badroom pop (pop feito no quarto, sacou?), Ordinary John já era um nome a ser seguido. A experimentação com letras em português, sugerida por Lucas Silveira (novamente ele citado aqui, o nosso rei do emo brasileiro), fez bem ao processo de criação de Figueiroa. [Texto: Pedro Antunes]
Depois do single "Bem Mulher (Ela Vem do Mar)", Tuca Mei segue a explorar sonoridades e estéticas com o novíssimo single, "Quer Me Amar (Mergulhar)", mais uma música que dialoga com o poder do feminino e sobre o amor.
Poderosa, a faixa fala sobre desejo. Sentir-se desejada. Novamente ela traz uma metáfora da água, agora com o "mergulhar", o que funciona dentro desse sentimento de renovação. "Às vezes, estou solar, mas por vezes lunar como 'Quer Me Amar (Mergulhar)'", diz Tuca Mei. [Texto: Pedro Antunes]
Artista multiplataforma, Thunderbird é apresentador, VJ, youtuber, radialista, podcaster, autor do livro Contos de Thunder e músico. O novo single, "Insuportável" detalha a experiência de Thunder como artista solo.
Bastante direta e com uma construção de riff de baixo crescente, um blues meio robótico, "Insuportável" (disponível nas plataformas digitais aqui) apresenta vozes dobradas de Thunderbird. "Às vezes, estamos sós, mas a partir de tuas pessoas já podemos nos configurar numa pequena minoria de vândalos", diz o artista, em referência ao vindouro álbum dele, Pequena Minoria de Vândalos. [Texto: Pedro Antunes]
A primeira parte do projeto Afrodisíaca, de Iara Rennó, é intensamente experimental, vozes, histórias, ruídos. "Opereta serial sensorial sinestésica e intersemiótica, que me roça a pele e me eriça os poucos pelos", conta ela em um post no Instagram.
É um lançamento que pode ser o que o ouvinte quiser, é música ou poesia, ou ambos. Libido e prazer são tratados de forma contemporânea, apesar das da capa de Afrodisíaca não ter sido aceita pelas plataformas de streaming. Vamos mostrar que nossa libido pode mais. Nosso fogo é de vida, não de morte", escreveu Iara.
O Capítulo I de Afrodisíaca está disponível nas plataformas digitais e pode ser acessado aqui. [Texto: Pedro Antunes]
Sombrio e lascivo, Derek lança Menah como parte de uma construção de identidade estética sem o Recayd Mob, grupo integrado por ele ao lado de Dfideliz, Jé Santiago e MC Igu. Voz camuflada, grave pesadíssimo, sirenes e sons de disparos à noite. Soa perigoso, sem medo. E isso é ótimo. [Texto: Pedro Antunes]
Coração partido? Na verdade, não. Lary, nome desse criativo novo dance pop brasileiro, faz uma canção de término sem cair na melancolia. "Minha Bed" brinca com a sonoridade das palavras "bad" (mal) e "bed" (cama) para mostrar como superou o ex-mozão. "Eu to na bed com um amigo seu", canta ela.
"Retrata o fim de uma relação inspirada em coisas que já vivi, dessa vez com um tom a mais de deboche e superação", conta Lary. "Minha Bed" (disponível nas plataformas digitais aqui) é ótima para encaminhar para quem seja ex-chush. [Texto: Pedro Antunes]
Simples e viciante, "Tumdum e Dance" é o novo som do Sandro, artista que vem da "graxa" e , agora, dedicada esse single à turma dos profissionais da música que trabalham nos bastidores para que o show possa rolar.
"Tumdum e Dance" tem, no clipe, essas pessoas dançando o ritmo gostosinho da música, cuja ideia é fortalecer o projeto solidário Backstage Invisível, cuja ideia é ajudar quem faz a música acontecer no dia a dia e que, com a pandemia, estão sem trampo (mais infos aqui). [Texto: Pedro Antunes]
João Klein compôs "Nada é Pra Sempre" diante de notícias sobre casos de depressão no Brasil. "Escuta essa canção e acalma o coração", diz um trecho da canção.
Na música (disponível nas plataformas digitais aqui), Klein tem a companhia de Murilo Bispo, artista que como ele vem de uma cena de pop delicado e acalentador da nova novíssima música brasileira. "Nada pode ser maior do que você", diz outro trecho poderoso da canção. [Texto: Pedro Antunes]
Entre o otimismo ou a ironia (possivelmente os dois, o que é melhor ainda!), Murilo Sá prevê a "mudança no tempo depois que a tormenta passar" no single viajante "Previsão do Tempo" (disponível nas plataformas de streaming aqui).
Com guitarras vem fluídas, quase líquidas, a canção foi inteira criada dentro desse período de isolamento social e sucede o disco Fossanova, o terceiro da carreira dele, lançado por ele em 2018. Dá até vontade de correr para abrir a janela para esperar essa brisa otimista chegar. [Texto: Pedro Antunes]
Dias depois da chegada do single, o duo Dois É Par lança o clipe de "Dança" e fazem um convite: "Dança comigo nesse caos". "Dança" (disponível nas plataformas digitais aqui) cresce ao longo dos quase 3 minutos de duração. Quando chega ao final, o convite de Larissa Muniz e Jefté Salles já parece irresistível.
No clipe, lançado nesta quinta, dia 23, coube à bailarina Mayara Rosa representar as angústias desses versos criados dentro do período de quarentena para o audiovisual. A direção e edição do clipe é de Leonardo Stefanini. [Texto: Pedro Antunes]
Good vibes e com razão. "Escuta o Meu Tom" reverbera o sentimento de conhecer um novo amor porque foi exatamente o que Gustavo Fagundes viveu durante essa quarentena. A faixa, criada com Dougie Ribeiro e Pablo Cândido, estava inacabada até o período de isolamento social.
"Escuta o Meu Tom" (disponível nas plataformas digitais aqui) é leve, tem som de passarinhos e declarações ultra-românticas. Que delícia que é amar, não é? [Texto: Pedro Antunes]
Pop popíssimo com sintetizadores e brilhos, Paolo Ravley lança o EP "Lado B", o segundo registro dele.
"A ideia era unir os sons brasileiros com a minha vivência da cena europeia, mais especificamente dentro da música eletrônica. Eu queria esse equilíbrio e me inspirei muito em nomes como Jaloo, Duda Beat, Silva e Davi Sabbag", diz Paolo, que vive há 15 anos entre Brasil e França. [Texto: Pedro Antunes]
"A cor do fogo me hipnotizou", diz a letra de Pedro Luís de "Cores do Fogo", em trecho cantado apenas por Juliana Cortes. A música, gravada por ambos para o disco dela, representa mudança de planos, já que ela integrava o disco Álbum 3, adiado por conta do período de pandemia.
"Convidei o Pedro Luís para compor uma canção e nossas memórias se cruzaram nos incêndios do Ed. Wilson Paes e do Museu Nacional. Foi a primeira canção que escolhi para o disco e foi ela que deu o tom crítico para a maioria das canções do repertório", conta Juliana.
Embora seja a canção que tenha dado o tom crítico ao disco ainda sem data de lançamento, sozinha como single a música é igualmente poderosa. Hipnotizante. [Texto: Pedro Antunes]