Lançamentos brasileiros mais quentes da semana, escolhidos pela Rolling Stone Brasil
Caetano Veloso vai bem em qualquer dia da semana (embora, particularmente, eu goste de ouvi-lo aos domingos). Aqui, a composição de Caê, "Baby", é revivida por Gal Costa, dona de uma das vozes mais icônicas da música brasileira, com Rubel. Eles abrem a HOTLIST #16 de hoje, que tem muito som crocante!
Vamos?
A delicinha de encontro entre Gal Costa e Rubel ocorreu quando a gente ainda podia se aglomerar por aí. Foi em 1º de fevereiro de 2020, em uma noite dividida entre as turnês deles A Pele do Futuro (Gal) e Casas e Pearl (Rubel).
Juntos, eles subiram ao palco para cantar "Baby" (disponível nas plataformas digitais aqui), nessa versão delicada, acompanhada por vozes emocionadas do público. De arrepiar.
"Fiquei contente com o resultado do clipe e de poder trabalhar com ele, um compositor novo e jovem, construindo uma carreira muito coerente na música popular brasileira", elogia Gal. "Cantar com a Gal Costa é um sonho maior do que os que tive coragem de sonhar", derrete-se Rubel. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
O canto de Mateus Aleluia parece vir de outro lugar. Espiritual. Ritualístico. De alma para alma, entende?
O mestre soltou o novo álbum aos 76 anos. Olorum (disponível nas plataformas digitais aqui) também marca o encontro de duas figuras fundamentais da música brasileira, Aleluia e João Donato.
A dupla já trabalhou junta quando Aleluia era integrante de outro grupo importante para a história da ancestralidade e das filosofias africanas dentro da cultura nacional, o trio Tincoãs. Para ouvir e se reconectar com o tempo, o espaço, com a história, com quem somos. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
A cabeça de Ana Frango Elétrico 'neva de nervoso, agonia, ou aflição'. A nossa também. A artista eleita a revelação de 2019 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) transformou "Caspa", música do elogiado segundo álbum dela, Little Electric Chicken Heart, também do ano passado, em um projeto audiovisual acompanhada de Pedro Sodré, da banda Rosa Bege.
O videoclipe-experiência visual possui 30 minutos, nos quais a música de Ana Frango Elétrico segue em rotação, assim como a figura de um piano animado, igualmente a rodar.
Segundo Ana Frango Elétrico, a ideia era "criar um espaço virtual de afeto, um lugar de cicatrização / uma caixinha-de-música”. Ela segue: “Foi uma expansão feita a partir de uma síntese de elementos do projeto gráfico do Caio Paiva, que fez a arte do disco, trazendo-os para a pesquisa do Pedro Sodré. Sua pesquisa se relaciona à “criação de sistemas que permitem ao usuário delinear, a partir da densidade sonora e visual, afetos sutis e situações aurais”.
Ao longo de 30 minutos, a canção bate de diferentes formas no ouvinte. Torna-se mantra, a imagem fica gravada. Bonito. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
O rapper e produtor niLL se uniu à Ashira para iniciar a narrativa sobre uma sociedade utópica, um realmente admirável mundo novo. O duo se junta em "Dorothy", o primeiro single da mixtape dele Good Smell Vol. 2.
A partir de estética minimalista da house, com beats sucintos e efeitos desenhados com delicadeza, Ashira e niLL retratam um momento no qual a humanidade juntou às máquinas se torna livre. A música já está disponível em todas as plataformas digitais aqui.
Ao falar de um futuro, niLL e Ashira expõem as chagas da sociedade contemporânea e do presente. Em "Dorothy" (mesmo nome da protagonista sonhadora de O Mágico de Oz), futuro parece promissor, ao menos. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Sebastián, da Francisco, El Hombre, se construiu como um artista sol ocom singles, clipes, ações divertidas nas redes sociais. Deixou tudo ali, à mostra, evidente. Quem é Sebastianismos, o nome assumido por ele nessa persona sem banda? Está tudo nesse disco de estreia.
Em Sebastianismos, o disco disponível nas plataformas digitais aqui, o amor transborda. Amor de carne, amor fraterno, amor que acalma, amor que goza, amor que chora. Enquanto Sebastianismos, o artista, experimenta texturas e ritmos no álbum, para encaixar os amores em novas propostas estéticas, recebe as participações de Russo Passapusso (BaianaSystem), Malfeitona, Jaloo e Luê. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Que artista! Se usar letras maiúsculas, melhor ainda: ARTISTA. Gabz soltou o clipe de "Insegurança" da música lançada pelo selo 999, e é de pegar um coração, bater com martelo de carne, surrar o órgão até sobrar quase nada e, depois, colocar no lugar. Gráfica demais a metáfora? Perdão por isso.
"Insegurança" é amor destroçado na última potência, a respeito de um amor que definha. Vagaroso como esse fim, cozinhado em banho-maria, com beats que não querem tomar o protagonismo para si. A voz de Gabz que está no comando aqui.
O clipe, que tem roteiro assinado pela Gabz, é dirigido por Sthefany Barros. Inspirada por figuras como Frida Khalo a Oxum, a artista desfaz as tranças, se emancipa de um amor tão tóxico. Ao terminar o vídeo, ela está livre. E sorri. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Com simbolismos, poesia visual e verde, Letrux apresenta a versão visual de "Vai Brotar", música do mais recente disco da artista, Aos Prantos, lançado em 2020.
"Vai Brotar" (que pode ser assistido abaixo), é "uma homenagem aos verdadeiros protetores das florestas e um manifesto contra o patriarcado, o agronegócio, a mineração, o latifúndio e a exploração da biodiversidade e das pessoas que nela e com ela habitam este sistema”, diz Letrux.
O vídeo, com roteiro e direção de Hilnando SM, apresenta Letrux como esse espírito forte da natureza, auxiliada por outras entidades femininas. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Delicada como a sensação de deixar a cabeça no travesseiro, "Na Sua Casa", nova música de Amanda Magalhães, é um comprimido de calmaria em meio à loucura política e social brasileira. A música já está disponível nas plataformas digitais (ouça aqui).
A faixa também tem videoclipe lançado, criado em stop motion, que pode ser assistido abaixo.
Com uma interpretação carregada de gentileza, a também atriz da série 3%, da Netflix, Amanda Magalhães empresta a voz em uma canção criada por ela, Mari Bergel (empresária dela e compositora) e com Vico (responsável também pelo arranjo, contrabaixo e violão na música) para cantar o mundo pós-pandemia. "Quando isso passar...". O que você vai fazer? [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Disponível em todas as plataformas digitais desde o dia 24 de julho (ouça aqui), a música "ciclobenzaprina 5mg" ganha um clipe produzido durante o período de quarentena.
saudade, projeto de Saulo von Seehausen, e Luiza Caspary, amigos há tempos, criaram essa canção com o nome do remédio usado por ele para tratar de bruxismo para criar um ambiente de relaxamento.
Suave, a faixa desliza por frequências sintéticas mais alongadas, enquanto as vozes de ambos se unem nesse ambiente destinado à calma. Em tempos de sonhos intranquilos, isso é ótimo. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
A música "Lugar" foi o norte do projeto Óbvio, formado por artistas já conhecidos por trampos próprios, Stella Yeshua, Kivitz e Silvera, para entender a estética e a lírica a ser seguida pelo trio nessa empreitada.
Entre rimas e versos cantados, "Lugar" (disponível nas plataformas de streaming) alimenta uma esperança. Acompanhada de beats lo-fi, as vozes dos três tratam de como encontrar forças diante da aspereza da vida. "Levanto da cama e encosto os pés no chão, um mundo pra salvar, licença pra pisar”, diz o refrão. Inspirador. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Alex Albino, figura das mais interessantes dessa nova novíssima música brasileira, apresenta o EP de estreia, Mercúrio, com ambições grandiosas, como se tivesse o tamanho do planeta de mesmo nome do Sistema Solar.
Albino, aqui, em meio a uma deliciosa estranheza, é expansivo como o próprio big bang. Explode em refrão, com uma graciosa rouquidão, em "AA Song". Viaja para um ambiente sonoro folk de "Casmurro", cantada em português'. Visita um ambiente mais soft na reflexiva "Mr. Time". E por aí vai.
O EP de Albino (disponível nas plataformas digitais) foi gravado em Nashville, no mesmo estúdio no qual o Alabama Shakes concebeu o álbum Boys & Girls (2012). [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Banda fundamental do instrumental brasileiro, a Kalouv comemora os 10 anos de existência com o single "Talho", uma faixa que transborda saudade e nostalgia (e está disponível nas plataformas digitais aqui).
Essa é a primeira canção com letra e voz do grupo. O escolhido para essa função foi Dinho Almeida, vocalista do Boogarins. A banda também se permitiu experimentar mais aqui, avançar além das fronteiras das sonoridades já criadas por eles para incluir mais elementos de percussão na faixa (ganzá, garrafa e metalofone, por exemplo).
Tudo ganha ainda mais sabor retrô com o videoclipe que acompanha o single, montado e editado por Luara Olívia e finalizado por Jão Vicente. O vídeo recorta e cola imagens de momentos da banda nessa jornada. Bastante emocionante. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Nas construções de jazz, os sintetizadores. Em um ambiente estético pop e eletrizante, o jazz. O quarteto PLUMA apresenta o single "Mais do Que Eu Sei Falar", em uma ideia de atrair a linguagem da liberdade jazzística para a já existente carga sonora gestada por eles para o primeiro EP da carreira, com lançamento em breve.
A faixa (disponível nas plataformas digitais aqui) também chega com um clipe feito pelo incrível Rollinos, com imagens abstratas criadas a partir de experimentações em animações quadro a quadro.
A ideia, segundo a vocalista Marina Reis, era que a música "soasse como uma releitura de algum clássico do jazz que não existe, com sintetizadores deixando tudo mais dançante". E deu certo. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Duas partes do Recayd Mob, Jé Santiago e MC Igu soltaram as três últimas faixas do projeto Hora do Rush (disponíveis nas plataformas de streaming aqui). Com “Rush”, “LV” e “Snakes”, eles constroem o cenário dessa trilogia inspirada (direta ou indiretamente) no clássico de ação com Jackie Chan e Chris Tucker.
Com produção de Nagalli, direção criativa de Negus e direção executiva de Ed Oliveira, Hora do Rush, Vol 3, tem menos "rush" - o que é ótimo. As canções vagarosamente estabelecem um clima intimista, como se toda a história se passasse dentro desse quarto de hotel caro, com personagens entrando e saindo dali. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
A voz de Ale Sater, vocalista e baixista do Terno Rei, tem uma desolação que é só dele. Soa já como se a solidão fosse iminente, irrevogável e possivelmente eterna. É o que ele traz pra a nova música do Nuven (projeto de Gustavo Teixeira), "Par de Ondas".
Inspirado pelas gravações de Sater, Nuven mudou as instrumentações eletrônicas de "Par de Ondas" (disponível nas plataformas digitais aqui) para aproximá-la de um formato canção, inclusive. Juntos, criam um ambiente lo-fi, indie, entre beats e freaks, mil noias e tudo mais.
A música é o segundo single do EP do Nuven, de nome Hiperreal, previsto para ser lançado em 14 de agosto, pelo selo Balaclava Recods. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
No meio do caos, do fundo, a gente encontra uma maneira de encontrar o caminho de volta, não é? É um pouco dessa a ideia de "Cara Vizinha", música de Marina Melo, lançada em homenagem aos moradores ao redor dela e, particularmente, à vizinha que toca, todas as noites após o panelaço contra Jair Bolsonaro, uma canção em um volume alto o suficiente para que todos ao redor possam ouvir. E dançar.
A história é contada em "Cara Vizinha," (disponível nas plataformas digitais aqui), essa música é muito o retado de um Brasil contemporâneo em tempos de pandemia e um isolamento social cada vez mais enfraquecido. A música, aliás, é preenchida, distante do que apresentou Marina Melo no disco dela, Estamos Aqui, de 2019. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Artista de distintos mergulhos, Arthur Nogueira emerge mais uma vez, agora com uma letra criada por Ronaldo Bastos (sim, aquele de parcerias como "Nada Será Como Antes", de Milton Nascimento, e "Um Certo Alguém", com Lulu Santos, e "Chuva de Prata", cantada por Gal Costa).
"Por Linhas Tortas" (disponível nas plataformas digitais) é uma composição inédita de Ronaldo Bastos, criada a partir da melodia crida por Nogueira. Nessa canção de sortes e azares que acumulamos ao longo da vida, Bastos e Nogueira brincam com a ideia do destino, da roleta da existência e, principalmente, de acertar o chegada do amor.
Arthur Nogueira já lançou singles com Fernanda Takai (a música "Pontal") e Zélia Duncan (com "Dessas Manhãs Sem Amor"). [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
O estonteante projeto Ad Hoc Orquestra, conduzido por Guilherme Peluci (Dibigode), reuniu nove mulheres instrumentistas e a cantora Paige para a criação da música "Nova Diretriz". No centro do processo, o improviso. Ele direciona e indica os caminhos.
Participaram do processo Bruna Vilela, Camila Rocha, Lúcia Vulcano, Luísa Mitre, Natália Mitre, Irene Bertachini, Nath Rodrigues e Marcela Nunes, além de Paige e o Guilherme Peluci.
Alucinante no ritmo, ora funk, ora soul, "Nova Diretriz" está disponível nas plataformas digitais (ouça aqui) e foi mixada por Marc Urselli, dono de três prêmios Grammy na estante. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
"Talvez seja bom depois de tanto sangrar, se deixar escorrer livre de culpa". Sentiu aí? Eu senti aqui. O primeiro single do GENTIL (sim, com essa grafia gritada com letras maiúsculas), projeto de Gentil Nascimento (baterista do Kill Moves) e integrante do duo Julie & Gent) inicia os trabalhos do que virá a ser transformado em um EP de estreia.
"Livre de Culpa" tem a voz ótima de Ana Assis (Loquàz) a participação de Felipe D'angelo (Moons) nos teclados. Com uma base fixa, Gentil, Ana e os teclados borbulhantes de D'Angelo criam esse cenário muito claro e branco, como a chegada ao final do túnel, quando a claridão é forte demais para os olhos, mas, mesmo sem enxergar, você se sente bem. Enfim, está lá. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
"Cores e Nomes" tem duas partes, como yin-yiang. Dois compositores, uma canção. O primeiro a lançá-la foi João Gil, com a banda dele Gilsons (formada por filho e netos de Gilberto Gil - sim, o nome é genial). Agora, é a vez da outra compositora da canção, Julia Mestre.
O single (já nas plataformas digitais), o segundo dela de 2020, escancara a identidade artística e estética de Julia, nos mesmos versos que você pode ter ouvido antes. Há uma rouquidão graciosa e muita entrega em uma canção de melancolia inerente. Dói. Mas é bonito também. [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]
Vamos de "good vibes" para encerrar a HOTLIST? Vamos! Esse é Julies, que além de outros trampos ligados à música, também é artista com mais de 500 mil streamings nas plataformas de música.
Ele acaba de soltar o vídeo de "Bela", música disponível nas plataformas digitais (ouça aqui) criada ao lado de Deko (compositor de músicas que vibram nessa mesma frequência, como "Tô de Pé" e "Sem Jeito").
Linguagens do pop absorvidas pelo reggae que corre pelas veias musicais de Julies. "Bela" é sobre encontrar alguém que absolve a gente de todo o mal. Sobre a pureza das coisas, sabe? [Texto: Pedro Antunes | @poantunes]