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HQ juntará Liga da Justiça com 99 super-heróis do Islã

DC Comis se une à Teshkeel Comics (Kuwait) para crossover entre heróis do Ocidente e do Oriente

Da redação Publicado em 06/07/2009, às 15h29

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Ocidente e Oriente juntaram forças - ao menos no mundo dos quadrinhos. Futuras edições do The 99 ("Os 99", em português), feitas em parceria entre a DC Comics (Estados Unidos) e a Teshkeel Comics (Kuwait), farão a Liga da Justiça lutar lado-a-lado com os 99 heróis - que personificam o mesmo número de atributos de Alá, a divindade suprema de acordo com a tradição muçulmana - citados no título da HQ.

Publicada pela primeira vez em 2006 (em países islâmicos) e 2007 (EUA), The 99 conta com escritores com passagem pelas editoras DC Comics e Marvel, segundo o jornal britânico The Guardian. Entre eles, Fabian Nicieza, Stuart Moore, June Brigman, Dan Panosian e John McCrea.

Badalada no Oriente Médio, a HQ vende, em média, um milhão de exemplares por ano e deve virar animação - além disso, um dos vários parques temáticos baseados nos "99 de Alá" foi inaugurado em maio, no Kuwait.

Não é a primeira vez que ocidente e oriente se mesclam nos quadrinhos. Em 2004, a Marvel lançou uma versão indiana do Homem-Aranha. Mas Dr. Naif Al-Mutawa, psicólogo e criador da série, acredita que a eleição de Barack Obama - cujo pai veio do Quênia, país com grande porcentagem de muçulmanos - à presidência nos EUA colabora para a aliança dos dois universos. "Vamos tê-los [a Liga da Justiça e os 99] trabalhando junto desde o primeiro dia, ou eles irão se ver como inimigos? O inimigo número 1 é o medo. Poderíamos abrir com o discurso de Obama [na Universidade do Cairo, em 4 de junho], com as duas equipes de super-heróis escutando e tendo reações diversas. Há várias possibilidades."

Por ora, 23 heróis dos 99 totais foram lançados. "Estamos construindo a franquia aos poucos", afirmou Mutawa, que acrescentou, ainda, ter de batalhar para criar uma "cultura da HQ". "Muitas coisas não entram ou são censuradas. Certos enredos não funcionam e outros (...) simplesmente não são permitidos."

Fãs reagiram à notícia de formas diversas. Uns imaginam como, por exemplo, a Mulher Maravilha aparecerá nas bandas orientais - já que os trajes, sumários para a tradição islâmica, dificilmente passarão pela censura. Há dúvidas, ainda, do lado do Ocidente. De cinco mulheres, apenas Batina, "a escondida", aparece totalmente coberta por véu.

Ao contrário de outros parceiros de superpoderes, os 99 não usam disfarce. São, acima de tudo, pessoas comuns que desenvolvem habilidades extraordinárias após contato com "99 gemas místicas". Clique aqui para conhecer outros personagens de 99.

Em carta aberta divulgada pelo site da rede britânica BBC e endereçada a seus filhos, Mutawa esclareceu por que 99 parecia o número perfeito para sua trupe de heróis. "Khalid, você nasceu pouco depois do 11 de setembro em Nova York. Já havia tomado a decisão de tirar o Islã da mão de seus sequestradores, mas não sabia como. A resposta estava bem na minha frente. Era tão simples e difícil como a mutiplicação de 9 por 11: 99", escreveu.

Aos 32 anos, portanto, o psicólogo decidiu "criar um conceito que pudesse ser tão popular no Ocidente quanto no Oriente". "Eu voltaria às mesmas fontes nas quais outros tiravam violência e mensagens de ódio para, no lugar, oferecer mensagens de tolerância e paz. Daria a meus heróis um cavalo de Tróia na fora de 99. O Islã era minha Helena. E eu a queria de volta."

A HQ deve chegar ao mercado em até um ano.