Hugo Calderano é barrado de torneio nos EUA após ida a Cuba

O brasileiro Hugo Calderano, atual número 3 do mundo no tênis de mesa, foi impedido de competir no Grand Smash de Las Vegas, nos Estados Unidos, devido a um problema com o visto de entrada. Apesar de possuir passaporte português, o atleta esbarrou em uma regra específica do governo americano que impede o acesso via isenção de visto para pessoas que visitaram Cuba após 2021. Calderano esteve na ilha em 2023, representando o Brasil no Campeonato Pan-Americano e na seletiva olímpica para Paris-2024.

A tentativa de entrar nos Estados Unidos foi feita por meio do ESTA (Sistema Eletrônico para Autorização de Viagem), mecanismo que permite a cidadãos de países europeus ingressarem no país sem visto. A solicitação de Calderano foi negada, conforme determina a Lei de Melhoria do Programa de Isenção de Visto e Prevenção de Viagens Terroristas, em vigor desde 2015. Essa norma inclui Cuba na lista de países que impedem o uso do ESTA para entrada em solo americano após 2021.

Sem tempo hábil para obter um visto emergencial regular, mesmo após mobilizar sua equipe, a Associação de Tênis de Mesa dos Estados Unidos (USATT) e o Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos (USOPC), Hugo teve de cancelar sua participação. “É frustrante ficar fora de uma das mais importantes competições da temporada por questões que fogem do meu controle, especialmente vindo de resultados tão positivos”, declarou o atleta em nota oficial.

A ausência de Calderano em Las Vegas ocorre em um momento especialmente importante para sua carreira. O mesatenista brasileiro vive a melhor fase desde que ingressou no circuito internacional. Em 2025, conquistou o título da Copa do Mundo, foi vice-campeão no Campeonato Mundial e venceu o WTT da Eslovênia, somando pontos importantes para se manter entre os melhores do ranking global. No primeiro Grand Smash do ano, disputado em janeiro, ele chegou até as oitavas de final.

O Grand Smash é uma das competições mais prestigiadas do tênis de mesa mundial, comparável aos Grand Slams do tênis. São quatro edições por temporada, reunindo os maiores nomes do esporte. A ausência de Calderano não só representa um revés esportivo, como também reacende discussões sobre os impactos políticos e diplomáticos nas trajetórias de atletas de elite.

O episódio também levanta uma preocupação real para outros competidores de alto nível que participaram de eventos esportivos em Cuba nos últimos anos. Em um cenário olímpico que exige intensa mobilidade global, regras como essa, mesmo que legalmente estabelecidas, colocam obstáculos imprevistos à atuação dos atletas e à livre circulação esportiva. Para Hugo, o foco agora é manter o ritmo competitivo e se preparar para os próximos compromissos do circuito internacional.

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