“Tínhamos que trabalhar constantemente para tentar não enlouquecer com [o filme] Cabana do Inferno”, conta Barry Burns, multi-instrumentista da banda escocesa
“Os filmes de terror começaram a rolar uma noite depois que o nosso produtor, Dave Fridmann, foi para casa”, conta Barry Burns, multi-instrumentista no Mogwai, uma das bandas de post-rock mais respeitadas no mundo. Ele fala da produção de Every Country’s Sun, álbum de 2017 que retomou a discografia “oficial” (sem contar as trilhas para filmes e TV) do agora quarteto (este é o primeiro LP desde a saída do guitarrista John Cummings). Segundo ele, o álbum foi regados a filmes de terror e também álcool: “Foi uma boa junção: whisky e terror.”
Lembre como foi o show do Mogwai no festival Sónar SP de 2012
Every Country’s Sun – cujas faixas pautam o show que o Mogwai traz a São Paulo nesta terça, 8, no Tropical Butantã, como atração principal de mais um Popload Gig – foi gravado na região norte de Nova York, próximo da fronteira dos Estados Unidos com o Canadá. “Era só neve e isolamento, nada em volta por quilômetros”, diz Burns. “Mas foi algo que funcionou muito bem para nós, uma vez que não podíamos ir a lugar nenhum e tínhamos que trabalhar constantemente para tentar não enlouquecer com [o filme] Cabana do Inferno”. Além da influência geográfica, o grupo contou com o retorno de Dave Fridmann – cujo currículo inclui discos de Mercury Rev, MGMT, Flaming Lips e Weezer, entre muitos outros –, que produziu um dos mais importantes discos do Mogwai, Rock Action (2001).
O produtor contribuiu para a abordagem mais espontânea das canções. “Muito [do conteúdo do álbum] foi tocado ao vivo no estúdio e acho que isso fica perceptível quando você ouve o disco”, analisa. “Dave não estava se importando com alguns pequenos erros – e nós também não –, então acabou ficando bastante cru, em partes”. Uma das faixas mais incomuns e divertidas de Every Country’s Sun, “Party in the Dark”, inclusive, teve o efeito de voz partindo de uma ideia de Fridmann. “Eram só alguns acordes [com pegada] mais pop que soavam uma bagunça até entrarmos no estúdio”, recorda o multi-instrumentista . “Não faço ideia de como aquilo acabou se tornando uma música boa.”
Com mais de duas décadas de uma carreira cultuada, o Mogwai agora divide a produção regular de álbuns de inéditas com as trilhas e, para Burns, “a sensação é a de que é isso que ‘fazemos’ agora: compor umas coisas para a TV ou cinema e, então, fazer um disco propriamente dito em algum momento, de alguma maneira”. Como os escoceses agora têm novos compromissos com o universo do audiovisual, há mais trabalho: uma demanda maior de canções inéditas a serem compostas. De maneira prática, Burns diz que a inspiração para continuar criativo e capaz de atingir novas sonoridades depois de tantos anos é “o medo de ter que arranjar um emprego de verdade”. “Gostamos dessa vida e poder tocar com meus amigos é uma das coisas mais sortudas que já aconteceram comigo em todos os tempos”, ele admite.
Mogwai em São Paulo pelo Popload Gig
8 de maio (terça-feira), às 21h
Tropical Butantã | Av. Valdemar Ferreira, 93 – Butantã, São Paulo (SP)
Ingressos: entre R$ 198 e R$ 300,00 (há opção de meia-entrada), compre aqui