O autor Phil Sutcliffe faça do novo livro sobre a trajetória da banda, que acaba de ser lançado no Brasil
O livro Queen – História Ilustrada da Maior Banda de Rock de Todos os Tempos (Globo Livros), escrito pelo jornalista Phil Sutcliffe, chega às livrarias do Brasil neste momento em que estão sendo lembrados os 20 anos da morte de Freddie Mercury. Sutcliffe, especialista no trabalho do grupo inglês, fala nesta entrevista como concebeu a obra e discute o impacto do Queen e o legado de Freddie Mercury.
Concorra ao livro Queen – História Ilustrada da Maior Banda de Rock de Todos os Tempos
Quanto tempo levou para você escrever o livro? Qual foi a metodologia?
Foi um trabalho de equipe. Quem olhar nos créditos vai ver o nome de umas outras 25 pessoas, que também contribuíram com material novo. E também tem o elemento crucial que é o fato de ser uma “história ilustrada”... as ilustrações! Ao contrário do texto, elas não foram produzidas especificamente para o livro, é material histórico, seja fotos ou memorabilia. Então, no aspecto visual, um grande número de pessoas foi comissionado para conseguir as ilustrações. Foi uma operação profissional conduzida por um monte de gente, e a um custo considerável. Eu levei uns três meses para escrever a minha parte, que acabou dando umas 30.000 palavras. Mas o principal não era conseguir novas entrevistas e sim contar toda a saga da banda de uma forma coerente usando todas as fontes disponíveis.
Embora muito popular com os fãs em seu apogeu, o Queen não era o favorito dos críticos. As coisas parecem ter mudado. Como você vê isto?
Bem, eles tinham algum apoio entre os jornalistas, mas é certo que boa parte não os suportava. Eu acho que, na época, críticos de rock tendiam a ser sérios sobre arte quando eles escreviam. Para os críticos, Queen e o Freddie em particular eram muito "showbiz", o que para eles, era algo inferior. Eu fui criado em meio ao showbiz e ao rock and roll, eu ouvia Beatles e Bing Crosby, então eu estive sempre aberto à música do grupo. É preciso dizer que o Queen sempre foi muito fã de Jimi Hendrix. Freddie o adorava e o lado mais pesado da banda veio dessa fonte. Eles podiam tocar qualquer estilo, embora não tenha nada inspirado em música latino-americana. Talvez isto tivesse acontecido se Freddie tivesse vivido mais tempo.
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Alguns críticos acham que os discos que a banda gravou depois de The Game são inferiores. Você concorda?
Bem, é uma questão de gosto. Mas, na minha opinião, A Night at The Opera (1975) é o maior disco deles e “Bohemian Rhapsody” é a melhor faixa que eles gravaram (sem muita discussão aqui, eu suspeito) e que o período de deterioração começa com News Of The World (1976). Para mim, músicas como “We Will Rock You” e “We Are The Champions” são apenas bombásticas. Eu falei isso para o Brian [May], acho que a discussão está no livro. Acredito que eles começaram a perder a mira com “Another One Bites The Dust”, que por sinal está em The Game. Depois disso, o Queen sempre teve pelo menos umas três grandes faixas por álbum. Dessa fase posterior, os meus favoritos são Kind Of Magic e Innuendo, embora a maioria das pessoas concorde que A Night At The Opera marcou um ponto alto que não foi superado.
Top 10: grandes momentos de Freddie Mercury em vídeo
"Bohemian Rhapsody" ainda é uma das maiores canções da história do rock...
Ela é muito mais do que uma simples canção. É uma grande conquista em termos de imaginação em som, melodia e palavras. Junta farsa, Grand Guignol e é genuinamente triste no final: “de qualquer forma, o vento ainda sopra...” Cada segundo da canção é carregado de exuberância. Prova da genialidade de Freddie.
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O Queen sempre foi popular no Brasil e Argentina. A banda ajudou a trazer o rock de estádio para estes países. E eles eram gigantescos no Japão também. Como você vê o fato de o Queen ser tão popular em países que não falam inglês?
É difícil dizer. Freddie tinha um aspecto misterioso e interessante de sua vida, mas ele raramente falava sobre a época em que viveu em Zanzibar (África) e Índia. Mas talvez este background internacional o tenha ajudado a alcançar as pessoas de outras partes do mundo. Rock and roll parece cruzar as fronteiras de cultura e linguagem melhor do que outras formas de entretenimento. Freddie era um personagem tão vivo e os outros três eram tão excepcionalmente bons no que faziam que era impossível resistir ao Queen.
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Qual a sua opinião do retorno da banda como Paul Rodgers nos vocais?
Nada contra – como se minha opinião contasse! Sério, Brian, Roger [Taylor] e Paul seguiram com grande dedicação, mas substituir um frontman como Freddie nunca daria certo. A ausência de Mercury nunca seria esquecida, não importa o quão bom o resto deles fossem.
Como você vê o legado do Freddie Mercury hoje?
Eu não vejo muitas bandas influenciadas pelo Queen, pelo menos na Europa e nos Estados Unidos. Mas o grupo ainda é lembrado por milhões de fãs e sua música é apreciada como nunca, o que é algo excepcional. A banda tem incontáveis faixas que tocam nas rádios regularmente. Greatest Hits é um dos álbuns mais vendidos na Inglaterra, ao lado de Sgt. Pepper’s, Thriller, The Dark Side of the Moon e todo o resto. Brian se tornou um porta-voz articulado a respeito do legado do Queen. Já Freddie, a cada ano, é lembrado com mais carinho. Eu acho que isto se deve a sua grandeza artística, sempre impecável e bem-humorada. E houve muita simpatia depois que as pessoas souberam como ele lutou bravamente contra a Aids. Isso fica no coração e na mente das pessoas, não as tolas críticas que fizeram a ele por não ter “saído do armário” antes e assim ter se tornado um garoto propaganda da tolerância. Talvez isto até tivesse sido útil, mas devemos respeitar a escolha dele.