A canção é uma homenagem ao avô de Jade, com arranjo de cordas feito por Luiza
"Retrato" é uma carta de amor de Jade Faria para o avô paterno, Seu Zé. Um homem que vivia do que plantava e vivia afastado do centro da cidade mineira de Santa Rita do Sapucaí com a esposa e os filhos. "O desejo da minha vó era mandar os filhos pra cidade para que pudessem estudar e não precisassem viver na roça, vida que ela dizia que era muito dura. Assim foi: com 8 anos, meu pai saiu de casa para morar na cidade, em casa de primo, de tia, de parente”, conta a compositora.
A canção nasce a partir de uma fotografia encontrada por Jade. “Quando abrimos uma das caixas, a primeira foto, bem ali no topo de todas e virada pra mim, era um retrato de meu avô paterno José. Olho no olho com o retrato, comecei a relembrar as histórias que meu pai contava sobre sua infância e logo depois compus a canção. Ela saiu assim inteira, de uma vez só, com uma urgência de memorar”, explica.
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A canção, repleta de sentimento, ganha uma nova cama com o arranjo de cordas feito por Luiza Brina. Em conversa com a Rolling Stone Brasil, Jade falou sobre o convite para a parceria. “Sempre fui fã da obra de Luiza. Ela é uma grande arranjadora e produtora musical. Para 'Retrato,' a vontade de trabalhar junto veio naturalmente pela conexão com Minas Gerais, mas, principalmente, por acreditar e confiar muito na forma que Lu pensa e desenha essa dança dos instrumentos, das sonoridades."
Sabia que não tinha escolha melhor para criar esse arranjo, a sensibilidade de Lu é certeira. Aprendi muito e saí ainda mais interessada em continuar trocando e pensando música junto com ela.
Luiza — que recentemente lançou o disco Prece (2024) — disse que foi "um prazer" receber o convite. "Tenho gostado muito de escrever arranjo para outras pessoas, comecei a escrever para os meus próprios discos, para formações diversas. No meu primeiro disco tem arranjo para quarteto de sopro, de cordas, depois para o meu último disco que foi uma orquestra inteira."
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“Dessa vez foi um arranjo para uma formação pequena, para baixo, violoncelo e violão." Explica a arranjadora. "Acho que o violão na música, eu quis mexer nele para não deixar de uma maneira muito tradicional como acompanhamento, mas o violão funciona como uma resposta às cordas, ao violoncelo e ao baixo. No final, a gente sampleou uma viola caipira que conversa com o assunto da canção.”
A admiração mútua das duas artistas não é algo recente, explica Luiza: "Lembro de uma vez que convidei a Jade para participar de um show da minha antiga banda, o Graveola, lá no Cineclube Cortina e foi incrível!”
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