Jay Kay, líder da banda, demonstrou fôlego em show no sábado, 16; apesar de setlist cheio de hits, público foi para casa sem ouvir "Space Cowboy"
Em sua quarta apresentação no Brasil, a banda veterana Jamiroquai foi a última das dez atrações que se apresentaram no sábado, 16, no Festival Natura Nós (clique aqui para saber como foram os outros shows).
Com repertório composto por hits, mas também por faixas do novíssimo álbum Rock Dust Light Star, que será lançado em 1º de novembro, o show mais aguardado do evento não decepcionou o público cansado - parte dele já havia enfrentado chuva e sol forte ao longo do dia - que dançou funk/groove/suingue em um terreno cheio de lama.
Aos 40 anos, Jay Kay, frontman e único integrante original da banda, mostrou uma voz excelente e muito pique durante 1h40 de apresentação. Nos momentos em que suas reboladas ficavam mais "soltinhas", porções femininas da plateia gritavam esganiçadamente o quanto o achavam "lindo" e "gostoso", como se ele fosse o líder de uma boyband.
Para servir como seu tradicional adereço de cabeça, Jay escolheu desta vez um cocar preto com pontas brancas. O show começou com "Revolution 1993", uma das faixas de letra engajada que fizeram parte da noite. A seguir veio "High Times", acompanhada de muitas reboladas de Jay, cujos passinhos característicos foram ficando mais ousados com o decorrer da noite.
Não foi só ele quem dançou, claro: o público se empolgou bastante ao ouvir alguns clássicos do grupo, como "Virtual Insanity", a quarta faixa do setlist. Ao soarem os primeiros acordes, os fãs já celebraram o momento de ouvir este que é o maior sucesso do disco Travelling Without Moving, de 1996. A letra, em especial na parte do refrão, foi entoada em coro pelos presentes, mostrando o quanto a música ainda representa o Jamiroquai. Não faltou disposição também, em cima do palco e fora dele, durante a execução dos sucessos "Cosmic Girl" e "Alright".
Aproveitando o ensejo de "When You Gonna Learn", Jay Kay fez um discurso ecológico que caiu bem com a temática sustentável do evento (que vendia pipoca e pizza orgânica, usava copos feitos a partir de amido de milho e vai compensar sua emissão de CO2, entre outras ações).
Canções mais recentes, em especial as de Rock Dust Light Star, foram recebidas mais silenciosamente: a nova "White Knuckle Ride" parecia estar mais na boca do povo, mas não causou comoção. Já no final, em um momento de experimentação com a faixa-título do disco - tocada em versão acústica - foi possível ver algumas pessoas partindo para evitar a confusão que sempre existe para ir embora de um grande evento. Porém, aqueles que ficaram (a maior parte) tiveram um grande fim de espetáculo.
Encerrando com "Canned Heat", os músicos abandonaram o palco quando faltavam 10 minutos para 1h da manhã, exatamente no horário estipulado pela produção do festival. Mas os indícios de que eles voltariam para o tão chorado bis eram fortes: a música da vinheta do festival não começou a tocar nas caixas de som, as luzes do palco continuaram apagadas e, para confirmar, a equipe da banda entrou para enxugar o suor dos instrumentos e dar uma ajeitada nas coisas. A certeza de que o grupo retornaria para mais fez engrossar o coro de "Space Cowboy" - a faixa do disco The Return of the Space Cowboy (lançado ainda no início da carreira, em 1994) foi requisitada pela audiência a noite toda. Eles voltaram, de fato, mas escolheram tocar "Deeper Underground", deixando de fora a faixa que o público tanto queria ouvir. Muitos podem ter saídos frustrados, mas Jay Kay garantiu que voltará ao Brasil pela quinta vez.
Antes de ir embora, o vocalista cumpriu o ritual de lançar objetos para os fãs, mas não seguiu a tradição em sua escolha. Em vez de uma palheta, toalha ou algo do gênero, ele arremessou seu par de tênis, um pé por vez.