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Janelle Monáe mistura música e teatro no Summer Soul

Seguindo os preceitos conceituais de seu disco de estreia, cantora fez o melhor show do festival

Por Bruna Veloso Publicado em 16/01/2011, às 15h15

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Janelle Monáe fez o melhor show do Summer Soul Festival, em SP - Marcos Hermes
Janelle Monáe fez o melhor show do Summer Soul Festival, em SP - Marcos Hermes

A estrela mais aguardada da noite era Amy Winehouse, mas Janelle Monáe foi a grande surpresa do Summer Soul Festival, que teve sua última data neste sábado, 15, em São Paulo.

Clique aqui para saber como foi o show de Amy Winehouse em São Paulo.

Com um repertório que mescla soul, rap, pop e rock, no qual é impossível desassociar um gênero do outro, a jovem norte-americana de 25 anos mostrou, em uma hora de show, o repertório de seu primeiro álbum de estúdio, The ArchAndroid, de 2010. Assim como no disco, Janelle toma o palco para mostrar a saga da androide Cindy Mayweather, alter-ego criado por ela em seu primeiro EP, Metropolis: Suite I (The Chase), de 2007.

Pontualmente às 21h45, um mestre de cerimônias surgiu no palco, pedindo que o público o ajudasse a chamar o nome da cantora. Janelle - ou melhor, Cindy - apareceu então em um vídeo no telão, dando boa noite aos "androides" da plateia. O primeiro trecho da apresentação foi uma bomba sonora da melhor qualidade: Janelle emendou "Dance or Die", de versos rápidos e ininteligíveis, a "Faster" e "Locked Inside", enquanto duas dançarinas mascaradas dançavam ao seu redor. Depois do começo em alta voltagem, Janelle inverteu as energias para cantar, acompanhada apenas de seu guitarrista, uma belíssima versão de "Smile" (clássico na voz de Nat King Cole).

A banda é um show à parte: todos dançam, em especial os músicos no trompete, trombone e teclado. O guitarrista segue o figurino da banda, que usa roupas brancas e pretas, nas unhas (uma mão de branco, outra de preto).

O mote de trabalho "conceitual" permanece ao vivo. Todos contribuem para que o show seja também uma espécie de espetáculo teatral - como quando Janelle "matou" as dançarinas com tiros imaginários em "Sincerely, Jane" ou quando pintou um quadro com a palavra "Love" durante a execução de "Mushrooms & Roses".

A cantora não conversou com o público, mas agradeceu diversas vezes em português. E nem precisava gastar muito tempo falando - os 60 minutos foram muito bem preenchidos pela música da artista, que, além de tudo, ainda é dançarina. Seus dotes na dança se destacaram na impecável sequência final, com "Cold War" (com vídeos de Muhammed Ali e de Star Wars nos telões), a irresistível "Tightrope" e "Come Alive (War of the Roses)", a música com mais guitarras de The ArchAndroid. Nesta última, todos da banda dançaram como se estivessem em uma festa particular; Janelle mexeu tanto o corpo e a cabeça que desmanchou seu característico topete. Depois, antes de terminar a apresentação, puxou o coro de "la la la", deitou no chão, jogou água em si e no público. Difícil ficar impassível ao número de Janelle, que desembarcou no Brasil ainda como desconhecida para muita gente.

Mayer Hawthorne

Bem-humorado, Mayer Hawthorne subiu ao palco às 20h25, com dez minutos de atraso. Com uma pandeirola na mão em boa parte do tempo, Mayer - sempre bem vestido, desta vez de terno e gravata borboleta - mostrou as músicas de seu disco de estreia, A Strange Arrangement. O músico brincou com o público, contando que foi confundido com Tobey Maguire no aeroporto de Florianópolis, antes de cantar "Maybe So, Maybe No". Ainda pediu que todos fizessem com as mãos uma coreografia em "I Wish it Would Rain" (e tirou uma foto de todos com seu próprio celular, dizendo que iria colocá-la no Twitter), e em seguida mostrou uma música nova, "sobre sexo", emendando um trecho de "Beautiful", de Snoop Dogg e Pharrell.