OBITUÁRIO

Jim Parkinson, tipógrafo por trás do icônico logo da Rolling Stone, morre aos 83 anos

O designer criou fontes marcantes para o New York Times, Esquire e a banda Doobie Brothers

Redação

Dorothy A. Yule
Dorothy A. Yule

O artista por trás do logotipo mais reconhecível da Rolling Stone morreu. Jim Parkinson faleceu na última sexta-feira, aos 83 anos, após uma “longa batalha” contra o Mal de Alzheimer, conforme confirmou seu amigo Stephen Coles no site Typographica.

Nascido em 23 de outubro de 1941, Parkinson cresceu na região da Baía de São Francisco, onde foi apresentado ao universo da tipografia e da caligrafia por Abraham Lincoln Paulsen. Aprendeu com manuais de letras e livros didáticos, sempre referenciando estilos históricos de escrita, até ingressar no California College of Arts and Crafts, onde se formou em 1963.

Ele começou a carreira como artista na Hallmark Cards, onde passou de “desenhar coelhinhos” para integrar o departamento de letras, ali, aperfeiçoou seu talento. Após essa fase, dedicou-se integralmente ao design de letras, voltando a morar em Oakland em 1969, cidade onde viveu até o fim da vida.

Entre seus trabalhos mais reconhecidos estão os logotipos dos circos Ringling Brothers e Barnum & Bailey, das bandas Creedence Clearwater Revival, Kansas e The Doobie Brothers, além de tipografias desenvolvidas para dezenas de jornais, como The New York Times, Los Angeles Times e The Virginian-Pilot, e revistas como Rolling Stone, Esquire, Variety e a mexicana TV y Novelas.

“Descobri que trabalhar para uma publicação, desenhando uma tipografia personalizada ou um logotipo, era muito mais gratificante do que todo o outro trabalho de lettering que eu vinha fazendo e, a partir daí, tentei fazer disso uma prioridade: trabalhar para publicações sempre que possível”, escreveu Parkinson em seu site em 2011.

Em 1971, Parkinson foi contratado para criar letras e ilustrações para a Rolling Stone, que na época tinha sede em São Francisco. Em 1977, ano em que a revista completava seu décimo aniversário, ele foi convocado para redesenhar o logotipo. Alguns anos depois, deu nova vida ao design ao adicionar a agora icônica cauda alongada na letra “R”. Essa versão se tornou a mais duradoura da história da publicação, permanecendo em uso até 2018. Parkinson também foi responsável por uma versão mais “chapada” do logo, utilizada entre 2018 e 2022.

“Depois de alguns anos, Jann Wenner se cansou da aparência mais sóbria do novo logo e pediu a Jim que revisitasse seu trabalho, adicionando arabescos, terminações em bola, um ‘g’ mais elaborado e um volume dimensional reforçado”, descreve uma análise sobre o design de Parkinson. “Era um logotipo que exigia atenção na capa e pedia para ser grande… [É] um dos símbolos mais reconhecíveis da cultura americana”.

 

Os traços característicos de Parkinson ainda vivem no logo atual da Rolling Stone, graças ao designer Jesse Ragan, do estúdio XYZ Type, que liderou a atualização mais recente e incorporou elementos das versões criadas por Parkinson em 1977 e 1981. A revista também utilizou por décadas uma família tipográfica desenvolvida por Parkinson em parceria com Roger Black, batizada de Parkinson, usada desde os anos 1970.

Jim Parkinson criou um ingrediente indispensável da identidade visual da Rolling Stone: o logo. Foi considerado uma grande mudança em relação ao original quando apareceu na edição de 10 anos da revista. Desde então, passou por muitos ajustes, mas representou a revista por quase 50 anos”, disse Roger Black, ex-diretor de arte da Rolling Stone, à publicação.

Parkinson acabou desenhando logotipos para dezenas de outras publicações. Tudo isso parece muito trabalho, mas, se você estivesse por perto, com ele era quase sempre diversão”, continua Black, antes de relembrar as travessuras do colega. “Ele tinha um senso de humor afiado, combinado com uma grande sensibilidade para a natureza humana. Após uma longa maratona de design, talvez com a ajuda de alguns ‘estímulos’ externos, era comum encontrar no dia seguinte sobre sua mesa um cartoon, muitas vezes com o diabo como personagem. Nenhum diabo nunca se divertiu tanto”.

Em seus anos mais recentes, Parkinson se dedicou à pintura a óleo de letreiros e placas de neon do passado, transformando-os em obras de arte. Essas pinturas, como a de uma placa de “Fortune Teller” de Reno, um letreiro de “Pig Sale” de El Sobrante, na Califórnia, e um “Haircut Truck” de Gonzales, também na Califórnia, estão disponíveis em seu site, entre várias outras.

Parkinson faleceu em Oakland e deixa sua esposa, a artista de livros Dorothy Yule. Segundo Stephen Coles, está previsto para este ano o lançamento de uma autobiografia do designer, publicada pelo Letterform Archive. Um memorial em homenagem a ele também deve ocorrer no outono.

Este artigo foi originalmente publicado pela Rolling Stone EUA, por Tomás Mier, no dia 27 de junho de 2025, e pode ser conferido aqui.

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