Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Joni Mitchell relembra críticas do clássico 'Both Sides, Now' em entrevista rara: 'Recebi muitas provocações'

A cantora e compositora falou com Clive Davis, produtor magnata da indústria, sobre o legado da música e muito mais

Angie Martoccio, Rolling Stone EUA Publicado em 17/05/2021, às 13h03

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Joni Mitchell (Foto: Getty Images / Frederick M. Brown / Correspondente)
Joni Mitchell (Foto: Getty Images / Frederick M. Brown / Correspondente)

Joni Mitchell deu uma rara entrevista na noite do último sábado, 15, na festa virtual do Grammy de Clive Davis, na qual falou com o magnata da indústria sobre o início de carreira, composições, críticas do clássico "Both Sides, Now" e legado dela.

A festa anual pré-Grammy de Davis foi dividida em duas partes virtuais em 2021, com a primeira em 30 de janeiro. A segunda celebração estava inicialmente marcada para março, mas foi adiada para maio após o diagnóstico do produtor com paralisia de Bell. Toda renda do evento de janeiro foi para o MusiCares, enquanto o de sábado beneficiou o Museu do Grammy.

+++LEIA MAIS: Para Joni Mitchell, o que tornava o Led Zeppelin tão diferente das outras bandas?

Mitchell fez poucas aparições públicas após o aneurisma cerebral em 2015, desde a estreia do musical Quase Famosos, de Cameron Crowe, em 2019 ao show de homenagem ao 75º aniversário em 2018. A festa do Grammy marcou a primeira entrevista pública dela.

Com um Zoom repleto de estrelas, de Elton John a Carly Simon e Dionne Warwick, Joni Mitchell foi vista na casa de Los Angeles, sentada com um vestido preto e branco. Uma taça de vinho branco estava ao lado dela, enquanto o novo gato, Bootsy, fazia algumas aparições pontuais.

+++LEIA MAIS: Cardi B rebate críticas de político sobre apresentação do Grammy 2021: 'Idiotas representando estados'

Davis apresentou Mitchell ao mostrar uma performance de 2000 do clássico "Both Sides, Now," o qual regravou naquele ano com apoio de uma orquestra. "Quando escrevi a música, era muito jovem e recebi muitas provocações," relembrou. "O que você sabe sobre a vida de ambos os lados agora? Finalmente, aprendi a entender."

"A apresentação britânica - presente na gravação - foi muito emocionante, porque a orquestra estava chorando," continuou. "Quando você vê ingleses chorando enquanto você se apresenta, é muito comovente. Portanto, há uma grande carga emocional nesse desempenho."

+++LEIA MAIS: Ben Winston, produtor do Grammy 2021, conta sobre as conquistas e frustrações da premiação

Mitchell contou a Davis sobre como escrever a faixa, a qual apareceu em Cloud (1969) após ser gravada pela primeira vez por Judy Collins. "Eu estava em um avião," comentou. "Lia Henderson, o rei da chuva. No livro, o protagonista estava em um avião para a África. Olhou para as nuvens e pensou ter olhado para as nuvens, mas nunca as viu antes. Daí veio a origem da música."

Clive Davis perguntou sobre o momento no qual começou a escrever canções. A cantora respondeu sobre a criação da parte instrumental de "Robin Walk," quando tinha sete anos. Lembra-se de tocá-la para a professora de piano da época: "Ela me bateu nos nós dos dedos com uma régua e questionou: 'Por que você gostaria de tocar de ouvido quando poderia ter o Mestre e seus dedos?' Ela apenas me tratou como uma criança má e eu desisti das aulas de piano. A partir de então, fui autodidata."

+++LEIA MAIS: 3 momentos marcantes da carreira de Lil Nas X: de Grammy a ‘Montero (Call Me By Your Name)’ [LISTA]

Mitchell também mencionou a influência das músicas dela e como enxerga o próprio legado. "Meu trabalho inicial é uma espécie de fantasia, por isso eu o rejeitei de certa forma," afirmou. "Comecei a raspar minha própria alma cada vez mais e ganhei mais humanidade. Isso assustou os cantores e compositores ao meu redor; os homens pareciam estar nervosos com a situação. Isso encorajou as pessoas a escreverem mais com base nas próprias experiências."

"Costumavam me dizer: 'Ninguém nunca vai fazer um cover de suas músicas. Elas são muito pessoais,'" adicionou. "No entanto, isso não é verdade, muitos covers são criados. Apenas tento descrever humanidade. Esta geração está pronta para minhas palavras - e não está tão nervosa com isso."

+++LEIA MAIS: Elton John convida fãs para festa virtual pré-Oscar

Em junho de 2021, Joni Mitchell lançará The Reprise Albums (1968-1971), a próxima edição da série Archives, responsável por também funcionar como uma celebração do 50º aniversário de Blue (1971).


+++ SUPLA: 'NA ARTE A GENTE TEM QUE SER ESPONT NEO' | ENTREVISTA | ROLLING STONE BRASIL


+++MAIS SOBRE MÚSICA: 5 momentos marcantes da carreira de David Byrne: de Talking Heads a colaboração com Tom Zé [LISTA]

David Byrne foi guitarrista e vocalista do Talking Heads, uma das principais bandas de punk e new wave dos anos 1970 e 1980. Porém, o grupo é apenas um pedaço da extensa carreira do artista. Após o fim da banda em 1991, Byrne continuou com força o trabalho na música, com carreira solo admirável. 

Com talento e genialidade, Byrne expandiu o talento para além do universo norte-americano e se aproximou de grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso e Tom Zé. Além disso, o artista escreveu livros sobre música, filosofias e experiências de vida.  

+++LEIA MAIS: O dia em que David Byrne cantou 'Psycho Killer' com fantasia que expõe músculos do corpo; assista

No dia 14, o músico completou 69 anos. Para comemorar separamos cinco momentos marcantes da carreira de David Byrne. Confira 

Talking Heads 

Junto com Chris Frantz (bateria e vocal), Tina Weymouth (baixo e vocal) e Jerry Harrison (teclado e guitarra), David Byrne(guitarra e vocal) formou uma das bandas mais influentes de rock dos anos 1970 e 1980. Talking Heads misturou new wave, punk e até ritmos africanos em uma discografia composta por oitos discos. O grupo é dono da famosa “Psycho Killer”. A faixa, presente no disco de estreia Talking Heads: 77(1977), alcançou a posição 92 no Billboard Hot 100 e permaneceu por 5 semanas nas paradas. 

Em 1991, após três anos sem novas gravações e shows, Byrneconfirmou o fim da banda durante entrevista ao Los Angeles Times.  Mesmo com o fim, o grupo continua sendo referência de rock experimental e criativo. 

+++LEIA MAIS: Talking Heads entra no Instagram, fãs se animam com reunião e baterista desmente


Autor de livros 

Byrne tem uma carreira muito rica. Além de músico, é produtor musical. Com objetivo de compartilhas os aprendizados de anos de carreira, Byrne lançou o livro Como Funciona a Música (2017), com abordagem técnica sobre a arte de fazer e produzir sons. 

Porém, esse não foi o único nem primeiro livro do artista. Em 1999, lançou Your Action World: Winners Are Losers with a New Attitude (algo como Seu Mundo de Ação: Vencedores São Perdedores Com Uma Nova Atitude), uma crítica os anos 1990 e o bombardeio de informações da publicidade. Mais tarde, em 2006, lançouThe New Sins (algo como Os Novos Pecados), uma atualização sobre os pecados capitais com escrita para o público contemporâneo. 

+++LEIA MAIS: Gravação inédita do Talking Heads em 1976 no CBGB surge na internet; ouça

Três anos depois, lançou Diários de Bicicleta (2009), no qual reuniu diversos textos e contos escritos ao longo de suas viagens pelo mundo - são relatos sobre sexualidade, política, cultura e muito mais.

O último livro de Byrne foi American Utopia (2020), coletânea de textos extraídos do último disco homômimo. Uma colaboração com a ilustradora Maira Kalman, repleta de imagens lúdicas. 


Colaborações com  a música brasileira 

Em 2011, David Byrne expandiu ainda mais a carreira e se apresentou com Caetano Veloso, em Nova York, durante o festival Perspectives. Com repertório híbrido, a apresentação teve 18 músicas - sete de Veloso, seis de Byrne e cinco composições conjuntas. O resultado do show foi o disco Live At Carnegie Hall (2011).

+++LEIA MAIS: 5 melhores momentos da live de Caetano Veloso: bronca nos filhos, tributo a Moraes Moreira + Erramos

Nos anos 2000, após 16 anos sem gravações, o músico baianoTom Zé lançou o disco Jogos de Armar - Faça Você Mesmo, com participação de Byrne. Porém, anos antes, a dupla produziu junta. Em 1992, lançaram "Jingle do Disco"


American Utopia 

Entre os mais de dez discos produzidos na carreira solo, o mais recente foi American Utopia(2018). Em entrevista à Rolling Stone EUA em 2018, Byrne afirmou “[Essas músicas] buscam retratar o mundo no qual vivemos agora. Acredito que muitos de nós não estamos satisfeitos com esse mundo que fizemos para nós mesmos [...] Essas músicas são sobre esse ato de olhar e sobre esse questionamento.” 

+++LEIA MAIS: Atração do Lollapalooza, David Byrne conta o motivo de recusar uma reunião do Talking Heads

Para lançar o disco, o músico realizou uma turnê no mesmo ano. Entre os diversos shows, a participação no Lollapalooza foi destaque - com ênfase na edição do Brasil. Conhecido por performances experimentais nos palcos, o músico mostrou todo potencial e talento com a produção. Além dos shows, a performance virou o musical American Utopia (2020), produzido pelo Spike Lee e gravado na Broadway.


Hall da Fama do Rock

Em 2002, David Byrne entrou para o Hall da Fama do Rock como membro do Talking Heads. O Hall tem como objetivo registrar a história de artistas influentes e importantes para a história do rock e pop, sendo uma conquista de muito reconhecimento e importância. 

+++LEIA MAIS: Todos os filmes do Spike Lee, do pior ao melhor, segundo site [LISTA]