Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Justice faz show sem surpresas

Duo francês fez set-list de sua turnê mundial com competência, em SP, inaugurando temporada de grandes shows deste semestre

Por Artur Tavares Publicado em 29/09/2008, às 13h27

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
O duo francês Justice, em show em SP (27/9/2008) - Divulgação
O duo francês Justice, em show em SP (27/9/2008) - Divulgação

Quando o Justice entrou no palco principal do Skol Beats alguns minutos depois da hora marcada, 23h, na noite deste sábado, foi inaugurada a temporada de festivais e grandes shows no Brasil. E foi encerrada a turnê mundial do duo francês, que abriu seu show paulistano com "Genesis", primeira faixa do disco Cross.

Separados espacialmente pela tradicional cruz instalada à frente de sua mesa de som, Gaspard Augé, de bigode, não parou de balançar a cabeça, feito um metaleiro, enquanto Xavier de Rosnay fumou um cigarro atrás do outro. Com essa postura, os parceiros fizeram um show correto, que teve punch na abertura, auge no meio e um clima de despedida nos últimos 20 minutos.

Depois da bem marcada "Genesis", a dupla tocou a relaxada "D.A.N.C.E", o sucesso das pistas em 2007, em versão acelerada, para, na seqüência, reduzir a velocidade e mandar a mixagem original. A platéia cantou em coro, meio desajeitada, mas muito excitada pelas batidas plenas dos franceses.

Embora o festival pudesse ter pelo menos o dobro de pessoas - no ano passado foram 40 mil pagantes, contra 16 mil deste ano -, muita gente parou para ver o Justice. "DVNO" deixou a platéia e o duo mais soltos. Mais gente pulou e cantou. A iluminação, que até então apresentava azuis e roxos, passou a ser branca e amarela, estourando mais contra a platéia.

O duo passou então a uma segunda parte de sua apresentação, em que misturou músicas de outros artistas a algumas de suas composições próprias. Augé e Rosnay aceleraram com uma breve batida de rap, passaram por uma versão leve da sua "Stress" (que ficou famosa por conta de um videoclipe polêmico) e chegaram ao remix que fizeram de "Never Be Alone", do Simian Mobile Disco - ponto em que a platéia mais se divertiu. Todos pularam e cantaram junto. Na mesma canção, o duo introduziu trechos de "Atlantis to Interzone", do Klaxons, e "Just One Fix", do Ministry.

Daí pra frente, o show tomou ares de reta final, e o público passou só a assistir. A dupla se despediu sem alarde, encerrando a apresentação com "One Minute to Midnight", uma viagem espacial ao estilo Daft Punk.

Os outros

Mais cedo, o duo cearense de eletro rock Montage abusou do volume das mais de quarenta caixas de som montadas no palco principal. Foi o show mais alto do Skol Beats, visto por pouco mais de 1.500 pessoas. Daniel Peixoto esbanjou energia enquanto cantava, gemia, dançava funk e realizava suas notórias performances sexuais. Nos sintetizadores, Leco Jucá não economizou nas misturas das batidas eletrônicas com pancadões cariocas e rock.

Após o bolo que deram nos brasileiros no Tim Festival no ano passado, o Digitalism entrou às 3h30, com meia hora de atraso. O som da dupla alemã revela influência do pós-punk do Joy Division, confirmada pela camiseta de Jens Moelle, que ainda arriscou uns berros. A outra metade do duo, Ismail Tuefekci, estava mais interessada em batidas matemáticas, como as do Kraftwerk. Além de sintetizador, tocou bateria. A dupla chegou a se balançar um pouco atrás de sua enorme mesa de som, mas o público não se entregou.

Os australianos do Pendulum fizeram o show mais destoante do festival. Tocaram uma mistura de drum 'n bass com nu metal, ao estilo Limp Bizkit e Korn. A platéia, vinda do aquecimento do tradicional DJ Marky, encarou o sexteto como diversão. As pessoas pularam e dançaram animadas, sem, de fato, dar atenção ao palco.

Os mash-ups do casal Iggor Cavalera e Laima Leyton, a dupla MixHell, foram competentes, optando pela combinação de músicas desconhecidas, ao invés do pastiche pop criado por artistas como Girl Talk e Soulwax. No entanto, a maior sensação do show - Iggor acompanhando na bateria - aconteceu em uma única canção. O ex-baterista do Sepultura deu apenas alguns toques no bumbo e muitos outros nos pratos, todos modificados por efeitos eletrônicos. Depois, voltou às pick-ups, onde seguiu comportado até o fim da apresentação.

Armin Van Buuren, o "melhor DJ do mundo", foi virtuoso. Em um set de mais de duas horas, levou a audiência para o espaço com suas batidas progressivas. O público ficou fora do ar por tempo demais, quando o holandês passou a tocar sons mais minimalistas. Poucos dançaram, mas muitos entraram em transe com a música etérea do DJ.

De óculos escuros e acompanhado de mais três músicos, Gui Boratto apareceu animado no palco, já com dia claro. Mais de duas mil pessoas esperavam para ver a nova estrela da música eletrônica brasileira, que atrasou quinze minutos para começar sua apresentação. Competente, o paulistano fez a platéia ganhar nova vida na pista, tocando batidas pesadas, revezando-se entre guitarra, baixo e o computador que emitia suas programações. O quarteto estava afinado e tocou até as 8h30. Se Gui Boratto ficasse mais, a platéia, conquistada especialmente pela canção "Beautiful Life", seguiria ali.