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Juventude, fama e vício: a soma problemática do famoso 'Clube dos 27'

O que as mortes de Amy Winehouse, Jimi Hendrix, Kurt Cobain e dezenas de ícones musicais têm em comum?

Lorena Reis Publicado em 16/11/2020, às 07h00

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Amy Winehouse se apresenta ao vivo na loja HMV, em Londres, Inglaterra, no dia 15 de janeiro de 2004 (Foto: Bruno Vincent / Getty Images)
Amy Winehouse se apresenta ao vivo na loja HMV, em Londres, Inglaterra, no dia 15 de janeiro de 2004 (Foto: Bruno Vincent / Getty Images)

Entre 1969 e 1971, o mundo perdeu alguns dos maiores expoentes do rock n’ roll, incluindo Brian Jones, Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison, que morreram no auge da fama (e da juventude), entrando para o fatídico Clube dos 27.

Essas tragédias, provocadas sobretudo pelo abuso de álcool e outras substâncias psicoativas, logo chamaram atenção dos jornalistas e do público, como se fatores místicos (vide a numerologia ou o mito do isqueiro branco) as envolvessem. 

No entanto, foi só com a morte de Kurt Cobain, em 1994, que o termo se popularizou, sintetizando o alto número de músicos que morreram aos 27 anos - e, claro, assombrando a indústria fonográfica para todo o sempre.

“Agora ele se juntou àquele clube idiota”, disse Wendy Cobain ao descobrir que seu filho, o líder do Nirvana, havia se suicidado.

Já em 2011, quando Amy Winehouse foi encontrada sem vida no próprio apartamento em Londres, na Inglaterra, a imprensa deduziu que 27 era, de fato, uma idade perigosa. Mas qual é o fundamento disso?

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o Dr. Carlos Felipe d’Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS), explicou que o meio artístico pode ser bastante competitivo: “Tudo depende de onde e como o indivíduo se situa nesse cenário. As demandas profissionais excessivas perturbando as atividades do cotidiano, como alimentação, lazer e sono, aprofundam quadros de depressão ou extrema ansiedade.”

Segundo ele, figuras públicas trabalham muito com a imagem, e, portanto, suas vidas privadas e públicas acabam se confundindo com facilidade.

“Alguns suportam as demandas da mídia e o impacto de seus atos melhor que outros” afirma Carlos Felipe. “Alguns conseguem separar a vida real do personagem e são mais estruturados para suportar essa pressão.”

Leia o bate-papo abaixo:

Pessoas depressivas são mais suscetíveis a vícios em geral? 

“Não necessariamente. Muitas pessoas que apresentam transtornos depressivos não são diagnosticadas, nem tratadas. O uso e abuso de substâncias lícitas e ilícitas, inclusive medicamentos, surgem como alternativas aparentemente mais fáceis para dar conta das demandas da vida.”

Falando especificamente sobre os 27 anos, ainda somos considerados jovens? Para a psicologia, tem algo de especial sobre essa idade?

"Não em particular. O Clube dos 27, ou seja, aqueles que morreram de causas trágicas aos 27 anos, inclui um grande número de artistas, principalmente músicos. Nessa lista, existem casos evidentes de suicídio e ingestão de diversos tipos de substâncias. É importante lembrar que eles estavam em momentos agitados da vida.”

Muitas tragédias aconteceram com grandes ícones da música - vindos, especialmente, de vertentes como o rock e o blues. O nome “blues”, em inglês, remete à tristeza e depressão. Podemos associar uma coisa com a outra e dizer que pessoas musicais são, de certa forma, mais sensíveis ao mundo?

“Artistas, em geral, são bem sensíveis, principalmente os músicos. Mas tudo depende, também, da estrutura de cada um e de como recebem suporte nos momentos difíceis."

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ROBERT JOHNSON

Nascimento: 8 de maio de 1911
Morte: 16 de agosto de 1938

Reza a lenda que Robert Johnson, o pioneiro do clube, vendeu sua alma ao Diabo em troca de dons musicais. Isso porque ele era completamente subestimado como músico até 1931/1932, quando, milagrosamente, adquiriu uma habilidade única, beirando o sobrenatural, e tornou-se um dos guitarristas mais influentes do Mississippi Delta Blues. 

Três meses após seu aniversário de 27 anos, Robert, que se apresentava no Tree Forks, bebeu whisky envenenado com estricnina, supostamente preparado pelo dono do bar, enciumado.


BRIAN JONES

Nascimento: 28 de fevereiro de 1942
Morte: 3 de julho de 1969

A morte de Brian Jones em 1969 parece resultar de seu comportamento inconsequente. Mergulhar na piscina depois de misturar álcool e drogas não foi a melhor das ideias. No entanto, por mais óbvio que isso seja, o incidente configura um dos mistérios mais intrigantes do rock n’ roll. Até mesmo os membros dos Rolling Stones manifestaram suas dúvidas. “Não sei exatamente o que aconteceu”, disse Keith Richards. “Mas havia algo muito desagradável acontecendo.”


JIMI HENDRIX

Nascimento: 27 de novembro de 1942
Morte: 18 de setembro de 1970

Na madrugada de uma sexta-feira, Jimi Hendrix estava com namorada em Londres, na Inglaterra, quando tomou algumas pílulas de Vesparax para dormir. Meio comprimido era suficiente para fazê-lo dormir por oito horas - mas, aparentemente, ele engoliu nove. Ninguém sabe ao certo quantos foram ou se ele sabia o que estava fazendo.

Durante seus anos na estrada, Jimi adquiriu o hábito de usar drogas indiscriminadamente. “Ele aguentava um punhado de merda sem saber o que era”, disse Deering Howe, seu amigo.


JANIS JOPLIN

Nascimento: 19 de janeiro de 1943
Morte: 4 de outubro de 1970

É fácil imaginar Janis Joplin se sentindo solitária  ao voltar para seu quarto de hotel em Los Angeles, nos Estados Unidos, após sua última ida ao estúdio. Enquanto cantava "A Woman Left Lonely, ela sabia que seu noivo estava indo embora e, na madrugada do dia 4 de outubro de 1970, bebeu muito e teve uma recaída no uso de heroína. No dia seguinte, John Cooke, seu empresário, foi até o hotel, arrombou a porta do quarto e a encontrou caída no chão.


JIM MORRISON

Nascimento: 8 de dezembro de 1943
Morte: 3 de julho de 1971

O culto a Jim Morrison cresceu postumamente, decolando em 1979, quando Francis Ford Coppola usou a faixa “The End” na trilha sonora de Apocalypse Now. 

Oito anos antes, Jim foi encontrado morto na banheira de seu apartamento em Paris, na França, onde morava com Pamela Courson. Na madrugada anterior, ele havia acordado com tosse e dores no peito, tendo um ataque cardíaco enquanto tomava banho. 


KURT COBAIN

Nascimento: 20 de fevereiro de 1967
Morte: 5 de abril de 1994

O corpo de Kurt Cobain foi encontrado numa sexta-feira, 8 de abril de 1994, pelo eletricista Gary Smith, mas ele já estava morto há alguns dias. Segundo Gary, não havia nenhum sinal visível de trauma e, inicialmente, ele acreditava que Kurt estava dormindo, até que viu uma espingarda jogada no chão… Ao lado, uma carta de suicídio direcionada a Boddah, seu amigo imaginário.


AMY WINEHOUSE

Nascimento: 14 de setembro de 1983
Morte: 23 de julho de 2011

O estado de espírito de Amy Winehouse quando ele tomou seus últimos goles de vodka em casa é impossível saber. Ela disse que ainda queria fazer algumas coisas, mas parecia incapaz de agir. Apesar de ser uma pessoa notavelmente honesta e aberta em muitos sentidos, ela sempre foi cautelosa com sua vida pessoal. Há um forte sentimento de que ela estava cansada de sua carreira. Como Jimi e Kurt, ela se tornara prisioneira de sua imagem. E, como Janis Joplin, ela viu seu homem se ausentando no fim de seus tempos.

*Lembrando que, no Brasil, há o Centro de Valorização da Vida (CVV) para ajudar pessoas com pensamentos suicidas. Ligue para o telefone 188 ou entre no site https://www.cvv.org.br/.


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Guitarristas canhotos podem ser a minoria na média mundial, mas considerando que eles são tão poucos, o reconhecimento conquistado por eles os colocaram na galeria de maiores artistas de todos os tempos. 

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Apenas 10% da população é canhota, essas pessoas aprenderam a tocar guitarra da maneira mais difícil, o que é uma prova da habilidade técnica. Depois de superar os desafios de se tornar mestre de um instrumento em condições feitas para um destro, poucas coisas ficam entre essa determinação e o sucesso.

A revista Far Out listou os maiores guitarristas canhotos. Vale ressaltar que a publicação desconsidera canhotos que tocam com a mão direita, por isso nomes como Elvis Costello, Billy Corgan e Duanne Allman não aparecerão nesta lista. 


Kurt Cobain

Onde mais começar do que com Kurt Cobain? O canhoto icônico transformou a cena grunge underground de Seattle em um fenômeno mundial que mudou a cultura para sempre. Cobain não era apenas um guitarrista incrível, mas também muito à frente de seu tempo de várias outras maneiras, como o feminismo e conscientização sobre saúde mental.

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Paul McCartney

Paul McCartney é uma anomalia nesta lista, pois ele nem mesmo é um verdadeiro canhoto. Ele faz literalmente tudo - como escrever com a mão direita - mas, por algum motivo, ele toca guitarra com a esquerda.

Quando começou a aprender o instrumento, o ex-Beatle inicialmente não conseguia lidar com ele. Ele então viu uma foto de SlimWhitman tocando com a mão esquerda e percebeu que ele poderia inverter a guitarra, então começou a tocar com a mão esquerda.

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Albert King

Albert King foi uma das figuras pioneiras que desempenhou um papel crucial em colocar a cena do blues no mapa, o que King poderia fazer com uma guitarra era verdadeiramente mágico. O músico foi uma grande influência para os guitarristas dos anos 60 e além, que o viam como uma figura inspiradora que criava ruídos que nunca poderiam ter sonhado.

Um de seus admiradores mais importantes foi Jimi Hendrix, que certa vez disse: “Gosto de Albert King. Ele toca completa e estritamente de uma maneira, apenas um blues funk puro. Nova guitarra de blues, muito jovem, som funky, o que é ótimo."

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Tony Iommi

Tony Iommi é o autor de alguns dos melhores riffs de rock pesado de todos os tempos com o Black Sabbath. Junto com a energia pulsante da época, a guitarra de Iommi ajudou a tornar o grupo uma das bandas de rock mais reverenciadas de todos os tempos. Eles apresentaram ao público em todo o mundo o heavy metal como o conhecemos hoje e explodiram as cabeças.

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Elizabeth Cotten

Nascida em 1893, a vida de Cotten foi realmente notável com ela chegando aos 94 anos e encontrando fama tarde na vida, depois de passar 25 anos aposentada enquanto a vida atrapalhava seus sonhos. Ela era uma canhota autodidata que desenvolveu seu próprio estilo único.

Tendo tocado guitarra com o arranjo destro, mas de cabeça para baixo, ela tocava as linhas do baixo com os dedos e a melodia com o polegar, o que faria com que seu estilo de baixo fosse conhecido como ‘Cotten picking’.

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Jimi Hendrix

Deixando o melhor para o fim, Jimi Hendrix não é apenas o melhor canhoto para tocar guitarra, mas quase definitivamente a pessoa mais talentosa que já pegou o instrumento. Ele sozinho elevou o instrumento a alturas inebriantes que nunca haviam sido alcançadas por ninguém antes dele.

Nos cinquenta anos desde sua morte prematura, permanecem pontos de interrogação se alguém já superou Hendrix em um nível técnico.