Keane crescido

“Queríamos um disco que fosse a essência do grupo”, conta o baixista Jesse Quin sobre Strangeland

Stella Rodrigues

Publicado em 22/05/2012, às 14h21 - Atualizado às 15h37
Keane - Divulgação/Alex Lake
Keane - Divulgação/Alex Lake

O Keane deixou os fãs mais puristas da banda de cabelos em pé com seu último lançamento. O EP Night Train serviu ao grupo como aquele ano sabático que muitos jovens tiram para fazer tudo que nunca tiveram a chance – coisas que sabem fazer parte de um período passageiro. No trabalho, o Keane experimentou com rap e fugiu de sua sonoridade tradicional, mostrando que tem mais a oferecer do que aquilo que é esperado. Mas a fase da curiosidade e de se provar para a sociedade parece ter passado com o lançamento do disco Strangeland, álbum que chega ao Brasil nesta terça, 22, e fala sobre “onde você vai parar, aonde chega, quando sai de casa, da sua cidade”, explica o baixista Jesse Quin (usando gravata na foto). “É uma coisa emocionante quando percebe que é um adulto e vê quem você é. O que pode ser alguém bem diferente de quem achou que seria. É um balanço, um inventário. Ver de onde veio e para onde quer ir. Fala de infância e tal, mas fala desses assuntos no contexto do presente, dizendo ‘tínhamos um plano de fazer isso, mas foi isso que aconteceu’.”

“Com cada álbum que você faz, quer fazer algo diferente daquele que você produziu e tocou várias vezes pelo mundo todo”, continua Quin. “Os dois trabalhos anteriores tinham muita produção, elementos extras e experimentações. Todos nós queríamos algo, desta vez, que só soasse como a banda tocando. Fora que esse era o tipo de música que a gente estava ouvindo quando começamos a gravar, R.E.M., por exemplo. Queríamos um disco do Keane que não fosse diluído, a essência pura do Keane.”

A produção é assinada por Dan Grech, produtor do disco What Did You Expect From the Vaccines. “O primeiro disco do Vaccines fez todos nós pensarmos que ele seria uma boa pessoa com que a gente poderia trabalhar. Ele também fez outros álbuns dos quais gostamos muito, como Radio Wars, do Howling Bells, e foi engenheiro de som do Radiohead. Queríamos alguém jovem, mas diverso. E quando o conhecemos, nos demos muito bem com ele, ele tinha as mesmas ideias e queria as mesmas coisas, foi perfeito.”

Quin ainda é um novato na banda, em certos aspectos. Ele integra o grupo de apoio do Keane há alguns anos, mas foi somente em fevereiro de 2011 que se tornou oficialmente o quarto membro do grupo, formado pelos amigos de longa data Tom Chaplin, Tim Rice-Oxley e Richard Hughes. “A gente sempre se deu bem e eu tocava com eles já tinha alguns anos. Pelo que me contam, eles todos decidiram que essa era a coisa certa a se fazer. E eles nem tinham que fazer isso, não é como se eu estivesse ameaçando ir embora. Fiquei lisonjeado”, conta. “São raros os momentos quando me sinto por fora dos assuntos deles, mas geralmente somos só um bando de caras nos divertindo com instrumentos e música”, diz ele, sem se intimidar em ser o forasteiro dentro da forte relação de amizade do trio.

Um show no Brasil está para ser marcado, segundo ele. Embora não haja uma data, ele é uma certeza. “Estamos vendo isso agora, organizando a agenda para ir ao Brasil. Queremos ir este ano, mas se não der, no máximo no começo de 2013.” O grupo está “em dívida” com o país depois que São Paulo, segundo reza a lenda, inspirou a composição da primeira música feita para o disco – e uma das melhores –, “Sovereign Light Cafe”. “Tim disse que teve a ideia quando estava em um táxi da cidade, em 2009. Mas eu acho que ele se senta, fica lá suando para criar, e depois inventa alguma história exótica”, brinca Quin. “Se eu conseguisse escrever uma música boa como aquela no banco de trás de um taxi, eu ficaria bem feliz.”