“Entidades mortas grudam em mim”, diz ela
Se você não assistiu à primeira temporada da série documental de Ke$ha na MTV norte-americana, My Crazy Beautiful Life, aqui está um resumo do que você perdeu: Ke$ha estava triste por causa do seu ex-namorado Harold. Ela bebeu bastante uísque e a própria urina. Ela comeu com gosto uma panqueca russa em formato de pênis. Ela perdeu e recuperou a voz. Ela teve momentos íntimos com uma série de caras barbudos, incluindo um brasileiro chamado Tarzan e um assistente da turnê chamado Baby Spoon. Ela ajudou bebês leões no Galápagos. Alice Cooper e Pauly Shore fizeram aparições por algum motivo. Sua amiga Savannah fez tranças no cabelo. Ela roubou uma garrafa de Stoli e a bebeu e depois dançou no "telhado" do hotel.
A segunda temporada, que estreia na MTV norte-americana neste quarta-feira, 30, mostra Ke$ha seguindo a tradição. No primeiro episódio – alerta de spoiler, caso você seja um mega-fã de My Crazy Beautiful Life - ela fala sobre a noite de sexo que teve com um fantasma, que afirmou ser “meio promíscuo”. Depois de comprar um medidor de energia fantasmagórica, ela revela a surpreendente descoberta. “Ou minha vagina está sendo assombrada”, ela diz, “ou estou grávida de um bebê fantasma”. Ela passou por um exorcismo, sobre o qual falou no programa do Jimmy Kimmel, que fez com que ela dissesse coisas do tipo “Você não tem permissão para estar aqui! Saia da minha vagina”!
A Rolling Stone EUA falou com Ke$ha sobre a vagina supostamente mal-assombrada, os Illuminati, o persistente afeto que tem por assassinos em série, e mais.
Nos 30 primeiros segundos desta temporada de My Crazy Beautiful Life, vemos sua mãe fantasiada de pênis. Isso resume o relacionamento que você tem com ela?
Em muitas maneiras, sim. Ela pode ser chata, mas é também o ser humano mais engraçado desse planeta. Ela faz parte da minha performance e é uma grande parte da minha vida. Eu a levo para o todos os lugares do mundo.
Ela é tipo "mãe de miss"?
Não. Ela é minimamente maternal. Ela é mais um alívio cômico.
Tal mãe, tal filha? Ela partilha das suas... excentricidades?
Ah, sim. Ela é completamente louca.
De que maneira? Digo, além da fantasia de pênis
Escrevemos algumas das minhas músicas favoritas juntas, bolamos as ideias mais loucas. Não só escrevemos algumas das músicas mais vulneráveis, compusemos algumas das mais estranhas. Ela me ajudou a escrever uma faixa sobre desmembrar e comer homens.
"Cannibal"?
Essa. Eu sinto que ela realmente me conhece muito, muito bem. Nós podemos ir aos dois extremos. Do mais vulnerável ao mais louco.
Como você acabou escrevendo uma música sobre canibalismo com a sua mãe? Qual das duas teve a ideia?
Eu não lembro direito. Tudo que eu lembro é que, uma vez que começamos, foi a música mais divertida de escrever, porque sou obcecada com assassinos em série. Eu leio sobre eles, estudo sobre eles, adoro.
Alguém em particular?
Estou obcecada com Jeffrey Dahmer. Quando escrevemos “Cannibal”, eu queria muito incluir o nome dele. Fazer alguma referência a ele, de alguma maneira, na letra. O que deixou as pessoas irritadas.
Não consigo imaginar o porquê.
Tanto faz. Estou bem orgulhosa por ela.
Seus últimos vídeos, “Die Young” e “Crazy Kids”, apresentam várias coisas dos Illuminati e várias imagens ocultas, com cruzes invertidas e pentagramas e tal. Existem várias teorias da conspiração sobre você estar trabalhando para os Illuminati.
É pior do que eles pensam. Eu sou a líder dos Illuminati. Essa é a verdade.
Obrigado por finalmente admitir.
Eu tento ser direta.
Mas, sério, o olho na sua mão? Você não está tentando fazer lavagem cerebral para as crianças acharem que Illuminati é legal?
Bem, na verdade, o olho na minha mão é agora uma tatuagem. Então não há escapatória para essa aí. É o que é.
Tirando seus vídeos, qual a experiência mais intensa que teve com ocultismo?
Quando estou em casa, as coisas podem ficar bem "ocultas". Eu faço as pessoas vestirem roupões, e tenho um quarto dedicado exclusivamente ao glitter. Às vezes encho o lugar como se fosse uma banheira. Tem um quarto dedicado só à pintura. Então você pode rolar pelo chão, ficar pelado, pintar seu corpo, fazer o que quiser.
Isso parece um comportamento do ocultismo para você?
Ah, eu moro em um bosque. Quando fica muito tarde, nós corremos entre as árvores, gritando como ninfas, cobertos de tinta e glitter. Isso acontece toda vez que eu dou uma festa. A coisa sai do controle.
Me parece então que você não tem nada a ver com os Illuminati.
[Risos] O que me entregou?
Outra coisa que deu para perceber com o seu show; qualquer espectro que habitava sua vagina foi embora. Então, meus parabéns, acho.
Obrigada! Sim, minha seca acabou. O ser não está mais me atrapalhando.
O fantasma na sua vagina estava inibindo sua vida sexual?
Eu sei que parece uma história ridícula, mas procurei a curandeira que frequento sempre que estou em casa e ela me disse que, por conta do meu trabalho, eu exalo energia. A minha profissão é exalar luz. Você está no palco e está exalando.
E, portanto... Aonde você quer chegar?
Porque eu exalo energia, entidades mortas grudam em mim. Teve um espírito que me seguiu até em casa. Você verá no show. Coisas estavam caindo das estantes. Não estou inventando, aconteceu de verdade. Então minha curandeira teve que, literalmente, me exorcizar. Eu sei que parece louco, mas funcionou.
Você expulsou os cinegrafistas.
Eu precisei. Ela estava com medo das entidades se apegarem a outra pessoa. Foi todo um lance.
O que envolvia o exorcismo vaginal? O que não foi mostrado?
Tem muita gritaria e energias te agarrando. Ela estava falando latim, alguma coisa assim, não tenho certeza. Era definitivamente outra língua, e ela estava fazendo todos os tipos de barulhos estranhos. A certa altura, ela começou a engasgar.
O fantasma ou...?
Não, ela começou a sufocar. Como se não conseguisse respirar. Foi super intenso. Eu sei que você não acredita em mim.
É que eu nunca ouvi falar de um exorcismo concentrado em uma parte específica do corpo.
Eu não tenho 100% de certeza que era apenas na minha vagina.
Você não tem?
Foi, tipo... Dentro de mim, sabe? Então por que não presumir que era na minha vagina? Fica mais engraçado.
Você leu a carta aberta de Sinead O'Connor para Miley Cyrus?
Não. Na verdade, eu estava no Alaska, presa por causa de uma tempestade e sem acesso a internet. Eu ouvi falar, mas não leio muito esse tipo de coisa, porque eu sei, sem ofensas, que a mídia gosta de colocar uma pessoa contra a outra.
Posso ler um pedaço para você?
Claro.
“A indústria da música não liga para você, para nenhum de nós. Ele vão te prostituir o máximo que der, te manipular de maneira que você pense que é isso o que você quer.”
Ok. Ela está dizendo...?
Que se você é uma mulher jovem permitindo que sua sexualidade seja comprada e vendida como commodity, você é, essencialmente, uma prostituta.
Então me chame de prostituta. Eu acho que toda mulher que malha e pula pelo palco inteiro vai querer mostrar o resultado daquilo que está fazendo. Quero dizer, eu não vejo nada de errado em tirar uma foto com seu ânus de fora e postar no Instagram, se for bonito.
Então, da sua perspectiva, o que é bonito foi feito para se mostrar?
Se você quiser, veja. Se você não quiser, não veja. O resto não é problema meu. Eu não posso falar por mais ninguém. Mas eu acho engraçado. Eu faço coisas pequenas e as pessoas fazem um escarcéu. É realmente hilário.
Tem uma petição online pra tentar te emancipar do seu produtor de longa data, Dr. Luke. Você viu?
É, eu vi.
O argumento deles é que Dr. Luke está “controlando Ke$ha como um fantoche.” Você apoia a petição?
Eu sinto que meus fãs são bastante protetores. Eles só querem me ver crescer como artista, com o que concordo. Espero que no futuro eu esteja em posição de lançar uma balada ou uma música mais vulnerável?
No momento, você não tem nenhum controle criativo?
Não muito. O que foi lançado com single apenas perpetua uma imagem em particular que pode ou não ser correta. Eu gostaria de mostrar ao mundo outros lados da minha personalidade. Eu não quero ficar me repetindo e me tornar uma paródia de mim mesma. Eu tenho tanto a oferecer e mal posso esperar para que o mundo possa ouvir isso nas rádios.