Em show pouco envolvente, banda não consegue cativar o público
A família Followill já apareceu com os grandes nomes dos festivais europeus, mas tudo isso foi insuficiente para criar simpatia maior entre público e banda. Apesar de populares, o Kings of Leon não conquistou muitos novos fãs nesta nova turnê ao Brasil.
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O grupo de Nashville, em Tennessee, nos Estados Unidos, pouco fez de diferente do que na sua última passagem, no festival SWU - antes da crise com o vocalista Caleb Followill, no ano passado. Pelo contrário, a banda parecia ter ainda menos vontade de tocar suas canções.
São quatro discos desde Youth and Young Manhood, a revigorante estreia da banda formada pela família Followill - os irmãos Caleb (guitarra e voz), Jared (baixo), Nathan (bateria) e o primo Matthew (guitarra) - mas a banda parece ter perdido o tesão do palco.
Canções como “Molly’s Chambers”, grande hit que lançou a banda em 2003, “Taper Jean Girl”, do bem-sucedido segundo álbum, Aha Shake Heartbreak, abriram a apresentação de forma explosiva e aparentava que o Kings of Leon estava de volta aos bons tempos do início dos anos 2000.
Mas não foi bem assim. A banda insiste nos sintetizadores e na roupagem pop de Only By The Night, um disco que certamente deu-lhes sucesso radiofônico, com canções como “Use Somebody” e “Sex on Fire”, muito cantadas na apresentação deste sábado, 20. Mas o disco tem pouca ousadia, com músicas irregulares como “Closer”, “Crawl” e “Revelry” - ainda que as duas primeiras, executadas no show, tiveram um bom coro do público fiel.
A banda, que perdeu público para o Gossip, grupo que fechou o palco indie às 22h15, não pareceu fazer muito esforço para garantir o papel de grande show da noite. "The Bucket", do segundo álbum, Aha Shake Heartbreak, tentou segurar a onda e manter o clima animado, mas teria sido mais aproveitável buscar canções do primeiro disco, como o single “California Waiting”, que acabou deixado de lado. Nas laterais de onde ficava o público, bem mais vazias do que durante a apresentação do Garbage, a plateia preferia conversar a prestar atenção no que acontecia no palco.
O bis foi o maior retrato disso. Não fosse “Use Somebody”, hit do terceiro disco, o show teria terminado de forma frouxa e brocha. O Kings of Leon veio pela terceira vez ao Brasil e seu show vem perdendo potência. É hora de se reinventar.