Chamado para a quinta turnê no Brasil de "última hora", Kings of Leon propõe volta às raízes
A cada show do Kings of Leon no Brasil, a expectativa de "agora vai!" esmorecia aos poucos e, com o final da apresentação, era transformada em um "é, não foi dessa vez". E a culpa não é tanto do repertório da banda, porque esse, apesar de variado, sempre trouxe os hits mais populares. Uma apresentação da banda de Nashville, Tennessee, surgida quando ainda não era cool "vir de Nashville, Tennessee", era morna, realizada quase que por formalidade.
Chegou à família Followill, Caleb, Jared, Matthew e Nathan a chance da redenção, com um chamado "de última hora" para o festival Lollapalooza. Escalados já no segundo tempo, o grupo foi colocado no posto de principal atração da segunda data de festival, no sábado, 6.
+++ ESPECIAL: Tudo sobre o Lolla 2019: shows imperdíveis, revelações e dicas de sobrevivência.
O Lollapalooza 2019 será realizado entre os dias 5 e 7 de abril. Além do Kings of Leon, também encabeçam as noites de festival o Arctic Monkeys (na sexta, 5) e Kendrick Lamar (no domingo, 7).
E, afinal, o que esperar da nova performance do Kings of Leon no Brasil?
De bandinha indie mais descolada do momento, com os álbuns Youth & Young Manhood (2003) e Aha Shake Heartbreak (2004), que levavam o garage rock urbano para o ambiente rural, do country e vintage, o Kings of Leon experimentou uma ascensão meteórica quando decidiu deixar as botas de caubói de lado .
O próximo par de discos, Because of the Times (2007) e Only by the Night (2008), mudou a vida da banda para sempre. Em 2009, eles levaram três prêmios no Grammy por "Use Somebody", sucesso absoluto do quarto disco dos rapazes.
Naquele mesmo ano de 2009, a banda fez 120 shows e, depois disso, nunca mais foi mesma. A convivência entre os irmãos, Caleb, Nathan e Jared, e o primo Matthew se desgastou e, depois disso, foi difícil se reerguer.
A prova disso está em Come Around Sundown (2010), um álbum burocrático e sem criatividade, um claro sinal de que algo não ia bem. Não por acaso, logo depois dele, o grupo anunciou um hiato, em 2011.
A pausa do Kings of Leon não foi tão prolongada assim, já que em 2013, eles já tinham um disco novo, chamado Mechanical Bull e traziam um discurso de que os quatro haviam se entendido e queriam resgatar a essência roqueira efervescente que os colocou no topo.
Foi um processo difícil, contudo. Cada um dos Followill tinha seus próprios demônios para expurgar, como foi mostrado no Talihina Sky: The Story of Kings of Leon, documentário responsável por retratar a transformação dos quatro rapazes em estrelas mundiais e como o processo de adaptação não foi fácil. Brigas entre eles e excessos de álcool, principalmente do vocalista Caleb, mexeram com o quarteto.
O Kings of Leon deu volta por cima?
Depois de alguns tantos tropeções, o Kings of Leon mostrou que soube achar a direção de casa com Mechanical Bull, um álbum que foi bem em vendas, mais ou menos em críticas, mas apontou um caminho.
Com Walls, disco de 2016 que dá nome à turnê que traz o KOL de volta ao Brasil, se saiu melhor, com um respeitável primeiro lugar nas paradas norte-americana e inglesa.
Não bastasse isso, apesar de trazer um repertório inconsistente, com ótimos momentos, outros nem tanto, o disco garantiu aos Followill a vaga de atração principal do festival Reading, na Inglaterra, um dos principais da Europa.
O festival anunciou todas as atrações do festival em 21 de novembro. No alto do pôster de divulgação, estavamArctic Monkeys, Kendrick Lamar e… Tribalistas!
Foi só 20 dias depois, em 11 de dezembro, que o Kings of Leon foi anunciado. O nome da banda foi encaixado ao lado dos Tribalistas, o que aumentou a especulação que a reação do público jovem do Lollapalooza 2019 à escalação do grupo formado por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown pode ter levado o festival à buscar uma alternativa rápida para dar mais peso ao festival.
De qualquer forma, os Tribalistas estão escalados para se apresentarem um dia antes, na sexta, 5, às 18h05, no mesmo palco que o Kings of Leon subirá, na noite seguinte.
Ao longo da turnê de Walls, o Kings of Leon foi diluindo o peso de Walls no seu repertório. Se na apresentação em Nashville, terra natal dos rapazes, foram tocadas as 10 faixas do disco, dias antes dele sair, isso se transformou. Em outubro de 2017, no Alabama, já eram cinco músicas do disco.
O que nos traz a 2019 e à apresentação no Pa'l Norte Music Fest 2019, festival mexicano realizado em Monterrey. Ali, Walls foi representado por quatro canções, enquanto Only By The Night surgiu com sete faixas. Surpreendentemente, no segundo lugar, está Come Around Sundown, com cinco canções.
O show no Brasil, portanto, único da passagem do grupo pelo Brasil, deve ser ancorado, principalmente, pelo período de produção da banda iniciado em 2007, com Because of the Times, até 2010, do disco Come Around Sundown.
O hit absoluto dos rapazes, "Use Somebody", costuma ser posicionado no final do show.
+++ Arctic Monkeys no Lollapalooza: o que esperar do show do 1º dia de festival
O show mais recente do Kings of Leon ocorreu em 23 de março, em Monterrey, no festival Pa'l Norte Music Fest 2019. Por também se tratar de um festival, existe a possibilidade que o show do Lollapalooza 2019 de 6 de abril seja bastante semelhante. Aqui estão 22 canções tocadas pela banda naquela noite:
1- "Crawl"
2 - "Find Me"
3 - "Radioactive"
4 - "Molly's Chambers"
5 - "On Call"
6 - "Revelry"
7 - "Supersoaker"
8 - "The Bucket"
9 - "Fans"
10 - "Over"
11 - "Closer"
12 - "Mary"
13 - "Eyes on You"
14 - "Sex on Fire"
15 - "Notion"
16 - "Pickup Truck"
17 - "Knocked Up"
18 - "Manhattan"
19 - "Pyro"
20 - "Back Down South"
21 - "Use Somebody"
22 - "Waste a Moment"
No Lollapalooza 2019, o Kings of Leon é a principal atração do segundo dia de festival, no sábado, 6. O show será realizado das 21h às 23h, no Palco Budweiser, o maior dos quatro palcos montado no Autódromo de Interlagos.
+++ Kendrick Lamar no Lollapalooza: o que esperar do show no 3º dia de festival
O Kings of Leon esteve no País outras quatro vezes. Antes disso, eles vieram em 2005 (para Rio de Janeiro e São Paulo), 2010 (no festival SWU, no interior de São Paulo), 2012 (São Paulo) e 2014 (São Paulo e Rio de Janeiro).
Desde 2014, o Lollapalooza Brasil é realizado no Autódromo de Interlagos, na zona sul da cidade. Confira, aqui, um "guia de sobrevivência" do festival, com 20 melhores dicas para aproveitar ao máximo os três dias de música.
O ingresso para um dia de festival, o chamado Lolla Day, custa R$ 800 (as opções mais baratas, como meia-entrada ou ingresso social já estão esgotadas). Também é possível comprar tipo Lolla Pass, que dá acesso aos três dias. O segundo lote das entradas tem preços que vão de de R$ 900 (meia-entrada) a R$ 1.800 (inteira).
Também são vendidos ingressos do tipo Lolla Lounge Pass, igualmente válidos para os três dias de festival, com acréscimo de ar acesso ao acesso ao lounge, com valores que vão de R$ R$ 2.460 (meia-entrada) e R$ 3.450 (inteira, segundo lote).
Desta vez, a turnê do Kings of Leon só tem agendada a apresentação em São Paulo, como parte do Lollapalooza 2019. Depois do show no Brasil, a banda só volta a subir ao palco na Flória, no dia 26 de abril, antes de embarcar para uma turnê pela Europa.