Depois de lançarem juntos o disco Lágrimas no Mar - com versão de estúdio e ao vivo - os músicos lançam ma série gravada no MAM da Bahia
Publicado em 19/09/2024, às 16h02 - Atualizado às 16h04
A parceria entre Arnaldo Antunese Vitor Araújo já se mostrou muito bem sucedida. Em 2021, os músicos lançaram Lágrimas no Mar. O disco deu origem a uma turnê que, ao longo dos três anos subsequentes, passou por Brasil, Estados Unidos e Europa, além de ganhar uma versão ao vivo.
Agora, chega ao Canal Bis — e à Globoplay — a série documental Lágrimas no MAM. Com cinco episódios que exploram o processo criativo dos artistas durante uma ocupação no Museu de Arte Moderna da Bahia.
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A ideia de estender o projeto para um audiovisual já era uma vontade antiga, conforme Arnaldo relata em conversa com a Rolling Stone Brasil. "O show foi se aprimorando também na estrada e cada vez a gente está mais solto, gostando daquilo. E aí fizemos um show em Coimbra que a gente gostou muito, especialmente por conta da acústica e da arquitetura do local, era um convento, ou um mosteiro."
Tinha uma magia e pensamos em buscar um lugar semelhante para gravar o registro desse show no Brasil. Pensamos em capela, igreja, espaços assim. E surgiu a oportinidade de fazer na capela do Museu de arte Moderna da Bahia. - Arnaldo Antunes
Daniel Rangel, o curador do museu, abriu a oportunidade para os artistas ocuparem o local com diversas formas de arte. "Foi muito gratificante," diz Arnaldo. "Pude mostrar não só o show, mas também outras músicas com outros convidados e outras áreas da minha criação, desde poesia, performance, artes visuais."
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Vitor também embarcou na ideia e fez performances junto do parceiro. E as experimentações dos dois artistas acabou se tornando uma série. "Na verdade, acabou que o disco que lançamos em 2021, acabou sendo um átomo que fomos expandindo," relata o pianista.
No Lágrimas no MAM a gente teve um desdobramento ainda maior de todas as possibilidades contidas. Tudo aquilo foi contempla com a série, além de ter sido muito gostoso filmar na Bahia. Um ponto meridional entre Recife e São Paulo - Vitor Araújo
Os músicos também falaram sobre como os espaços do museu — como a capela conde gravaram o show — são diferentes e inspiradores. "Exploramos um espaço muito rico," relata Vitor. Arnaldo completa, no entanto, que não há projetos para repetir a ocupação em outros espaços. "Temos esse registro, não tem muito o desejo de repetir essa experiência."
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O piano também passeou pelo espaço do museu e esteve em locais nos quais não estamos acostumados a ver o instrumento, como um píer, por exemplo. Para Vitor, tocar nesses ambientes foi "maravilhoso."
"Desde que foi criado, há séculos atrás, [o piano] virou um instrumento muito central para a música do mundo," comenta o músico. "É muito bom tirá-lo desse lugar formalista e sóbrio, que é de onde ele vem, ainda mais trazendo para a nossa realidade brasileira, nada melhor que ter um piano no píer com o mar passando embaixo." Ele ainda brinca que os donos do piano ficam desesperados, mas a experiência é única.
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Falando sobre a aproveitação do espaço, Vitor relembra uma performance em que se propôs a fazer uma composição baseada em uma série de notas que caiam aleatoriamente. "Eu jogava umas bolinhas de madeira de cima do primeiro andar da capela."
Arnaldo reflete sobre a quantidade de registros de artistas que ele classifica como "inspiradores", mas não pensa que o Lágrimas no MAM deva se tornar um modelo a ser seguido. "É uma coisa que surgiu pra gente, com a disponibilidade da ocupação do espaço."
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O cantor também fala de como a ocupação trabalhou a intimidade de cada um, entre os convidados, estão os filhos dele. "Como era na Bahia, a gente sempre passava alguns meses do ano lá quando eles eram pequenos, entraram algumas canções do Caymmi interpretadas por nós.
Cézar Mendes, muito presente no repertório do show também é um dos convidados. "Para mim é a própria personificação da Bahia," reflete Arnaldo. A concepção visual foi feita por Márcia Xavier. Não sabemos se o projeto terá mais desdobramentos, mas que seja eterno enquanto durar.
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