O ator falou da carreira do amigo e dos desafios do atual cenário brasileiro
Lima Duarte gravou um vídeo emocionante sobre a morte do amigo Flávio Migliaccio, que foi encontrado morto aos 85 anos na última segunda-feira, 4. Publicado na coluna do Mauricio Stycer, no Uol, o arquivo mostra o ator relembrando a carreira do colega de profissão e os desafios vividos durante a ditadura militar no Brasil.
“Eu te entendo, Migliaccio, porque eu, como você, sou do Teatro de Arena, com PauloJosé, Chico de Assis, com o [Gianfrancesco] Guarnieri. Foi lá que aprendemos com o [Augusto] Boal que era preciso, era urgente que se pusesse o brasileiro em cena”, disse Duarte.
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Ele completou: “Era urgente que se colocasse um homem brasileiro em cena com o seu falar, com o seu sentir, com o seu jeitão. A alma brasileira, você foi um mestre, você conseguiu colocar e eu também [...] Foi linda essa viagem, essa aventura foi espetacular”.
Duarte também comentou o atual cenário brasileiro que se assemelha ao dos anos 1960 e confessou não ter coragem como o amigo - que teve a morte registrada como suicídio no boletim de ocorrência feito no 35º Batalhão de Polícia Militar -, mas avisou que, em breve, eles se encontrarão novamente.
"Agora, quando sentimos o hálito putrefato de 64, o bafio terrível de 68, agora, 56 anos depois, quando eles promovem a devastação dos velhos, não podemos mais. Eu não tive a coragem que você teve [...] Mas me espere, amigo, eu vou logo”.
Por fim, o ator citou uma das frases do personagem Pedro Jáqueras, da peça Os Fuzis da Senhora Carrar, escrita por Bertolt Brecht, em 1937: “Os que lavam as mãos, o fazem numa bacia de sangue”.
Assista ao vídeo de Lima Duarte:
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