Supergrupo liderado por Maynard James Keenan exibiu um repertório certeiro, cheio de nuances e virtuose
Era fácil chegar até o gargarejo no show do A Perfect Circle, que encerrou as atividades do palco Butantã, no segundo dia do Lollapalooza, neste sábado, 30. O público, ainda que diminuto, não deixou de vibrar com as pesadas e viajantes peripécias de Maynard James Keenan, líder do supergrupo que ainda conta com a guitarra de Billy Howerdel (Ashes Divide), guitarra e teclado de James Iha (ex-Smashing Pumpkins), baixo de Matt McJunkins (30 Seconds to Mars, entre outras) e bateria de Jeff Friedl (Devo, Ashes Divide e Filter).
Com um time desses, não faltou virtuose na apresentação de pouco menos de uma hora e meia. A cada canção, uma nova nuance, um diálogo de guitarras, um solo de baixo ou um teclado rebuscado. Tudo acompanhado por uma voz cheia de efeitos metalizados de Keenan, que funciona como um maestro de toda a psicodelia sombria que veio de cima do palco.
A banda abriu com “Annihilation”, uma cover do Crucifx, presente no último disco deles, eMOTIVe, lançado em 2004. Um início vagaroso e pesado, seguido pela igualmente carregada versão de “Imagine” – aquela mesmo, do John Lennon, que soa quase irreconhecível.
O público presente era bastante fiel. Estava ali somente quem já conhecia o A Perfect Circle, ou o Tool, banda original de Keenan, e não queria guardar lugar para ver o Black Keys de perto ou assistir ao brasileiro Criolo, no palco Alternativo. Ou seja, tocando para uma plateia cativa, o grupo se mostrou vibrante do início ao fim. “Boa noite, São Paulo”, arriscou o vocalista, em português. “Esta é a nossa primeira vez no Brasil”, disse ele, algumas músicas depois, já em inglês.
“The Package”, “Counting Bodies Like Sheep to the Rhythm of the War Drums” e “When the Levee Breaks”, famosa com o Led Zeppelin, tiveram uma recepção calorosa, com palmas ainda nos primeiros acordes. E até a nova “By and Down”, quando anunciada, foi reverenciada. Aos poucos, a banda visitou toda a sua discografia, que conta ainda com Mer de Noms (2000), e Thirteenth Step, lançado três anos depois.
“Esse é o melhor show”, disse uma garota, abraçando a amiga, no vazio lado esquerdo do palco. Às vezes, não é necessário reunir um grande público para fazer uma apresentação certeira.