Em primeiro show em um ano e meio, banda estreou baterista e música do próximo disco, previsto para junho
Não houve tempo para firulas, jams, músicas obscuras e conversa fiada. Em uma hora cravada, o Queens of the Stone Age exibiu a competência de praxe neste sábado, 30, segundo dia do festival Lollapalooza 2013. Foi uma coleção de hits tocados sem pausa, ditados por altos níveis de volume, astral e energia sexual.
Não houve alarde, mas o show de São Paulo teve caráter especial: fazia um ano e meio que o QOTSA não se apresentava ao vivo. Também foi uma noite de estreias: do novo baterista de turnê, Jon Theodore; e de uma música do próximo álbum do grupo, ...Like Clockwork, previsto para junho: “My God is the Sun”, a única novidade do repertório de catorze músicas, funcionou bem ao vivo e foi aceita com empolgação relativa pela multidão.
Carregado de tons graves e tensão sexual latente, o show do Queens of the Stone Age é uma experiência instigante, além de democrática. A quantidade de mulheres no público impressionava, e mesmo as rodas de pogo tinham caráter amigável e celebratório. Carismático e galante (mas não por isso canastrão), Josh Homme entrou no palco com uma bandeira brasileira estilizada nas costas, além de um misto de bom mocismo e intenções malignas. Não foi coincidência a escolha dos dois principais hits do grupo logo na abertura: “The Lost Art of Keeping a Secret” e “No One Knows” surgiram certeiras e garantiram a vitória por antecipação. Como é de praxe com plateias brasileiras, os riffs de guitarra foram cantados em coro, como se fossem palavras de ordem.
“Que lugar para se estar!”, exclamou Homme, parecendo genuinamente animado. “É um bom lugar para se ficar doido da cabeça”, disse, anunciando “Sick Sick Sick”, de Era Vulgaris (2007). “Burn the Witch”, com clima de terror e levada sincopada, espantou qualquer possibilidade de chuva. Mesmo para fãs menos ardorosos, o QOTSA proporcionou um verdadeiro show de “best of”. As condições ajudavam: o volume era consideravelmente alto e com definição, mesmo quando havia três guitarras no palco. Na condição de centro das atenções, Homme fazia o possível para agradar. Apresentou cada música pelo nome e fez questão de alertar quando o tema da canção era “o amor” (em “Make it Wit Chu” e “Go With the Flow”).
“Vamos encher a cara agora, vamos lá”, ele convocou, antes de levantar um brinde “a todas as irmãzinhas do mundo” – a deixa para o animado hit “Little Sister”, de Lullabies to Paralyze (2005), movida a um cowbell alucinado.
“Vocês sempre fazem cartazes incríveis, criam danças sensacionais”, afagou o vocalista, antes do encerramento inesperado, com “A Song for the Dead”. Havia dez minutos sobrando, mas o QOTSA preferiu fazer o show em uma hora cravada, sem direito a bis. Foi como se Homme preferisse deixar um gosto de quero mais a exagerar na dose. Deu certo.