Banda faz cover de Blur e anuncia que depois deste show vai "tirar um tempo para descansar"
Os versos da música “Demons”, “Look into my eyes/ It’s where my demons hide/ Don’t get too close/ It’s dark inside/ It’s where my demons hide” (“Olhe nos meus olhos/ É onde meus demônios se escondem/ Não chegue perto/ É escuro por dentro/ É onde meus demônios se escondem”) revelam como o Imagine Dragons convida o público para ver e ouvir o som que leva ao Lollapalooza Brasil. Pegando emprestado a metáfora dos olhos da música, é como se o show não chegasse ao "preto" mais profundo, revelando apenas a parte “branca” do olho, mais harmoniosa, porém superficial. Com refrãos de fácil assimilação – que fizeram os brasileiros cantar em inglês sem dificuldades – e melodias previsíveis e pegajosas, o grupo trouxe a felicidade pop aos olhos e ouvidos do público que lotou o palco Onix.
Bem-sucedidos no que fazem, os integrantes demonstram clara emoção de tocar no Brasil - última parada antes da banda fazer um descanso, conforme anunciou. Em certa altura da apresentação, o vocalista Dan Reynolds disse: “Estamos em turnê com esse disco há um bom tempo, e eu posso dizer, o Brasil tem o melhor público”, após dar um suspiro, e com as mãos claramente tremendo e os olhos marejados, ele conclui: “Muito obrigado... não sei o que dizer”. Em uma entrevista recente à Rolling Brasil Brasil, ele disse: “A gente se sente muito honrado de ser ao menos conhecido por aí”, transparecendo a felicidade de conseguir levar o som da banda para além das fronteiras norte-americanas.
Uma das marcas do grupo, os tambores de vários tipos espalhados pelo palco, foram usados frequentemente durante o show. Apesar de amplificarem os ritmos e batidas da bateria, o uso não chega a ser criativo a ponto de trazer diversidade ao som do grupo.
O repertório é todo baseado no disco Night Visions, de 2012, com os hits “Demons”, “It’s Time” e, é claro, “Radioactive” (talvez o maior sucesso de todo o Lollapalooza, junto ao sucesso “Royals”, de Lorde), que encerrou a apresentação no palco Onix, trazendo a noite para o primeiro dia do festival. Em “Hear Me, eles lembraram The Killers, e com “Song 2”, cover incendiário do Blur, o palco veio abaixo. O público, em sua maioria mais jovem – e como não podia deixar de ser, fez muitos registros com câmeras portáteis e celulares – endossou qualquer palavra, gesto ou refrão cantando por Reynolds.
No total, 13 músicas foram tocadas (incluindo “The River”, do EP It’s Time e a “canção não planejada” “Bleeding Out”), ao logo de pouco menos de uma hora e meia. Tocando na transição do dia para a noite, o Imagine Dragons fez um show coerente, que ganha força ao vivo, agradando por completo o público, ainda que abra mão de profundidade e diversidade.