Mesmo com um disco lançado e o desafio climático, grupo britânico faz estreia elogiável em território brasileiro
Com rostos avermelhados, culpa do sol forte que ainda incidia no palco Interlagos, às 16h deste domingo, 6, segundo e último dia do festival Lollapalooza, as quatro integrantes do Savages fizeram o que puderam para ganhar fãs a mais nesta estreia em território brasileiro.
Mesmo que diante de um público razoavelmente diminuto, se comparado às outras atrações do festival, com o sol jogando contra, as garotas britânicas emularam o post-punk característico com vigor invejável e disposição, mesmo que tenham apenas um álbum lançado, Silence Yourself, de 2013, e um EP.
Com isso, o show enxuto de uma hora de duração foi o suficiente para a banda mostrar 11 faixas e dar tudo de si. Apesar das escolhas duvidosas no início, principalmente, com “I Am Here”, uma faixa muito climática e pouco avassaladora.
Jehnny Beth, vocalista da banda, tem uma atuação interessantíssima no palco, aliando uma figura andrógena, com cabelos curtos, roupas pretas e scarpins rosa bem vibrante, ela alterna picos de raiva com rebolados o mais sensuais que a cintura francesa dela, a única do grupo, permite.
As canções mais poderosas, aliás, foram espalhadas pelo show, como “Shut Up” e “I Need Something New”. O fim da performance, contudo, fez valer a presença no palco Skol – o único cujo solo é forrado com cascalho em vez de grama.
A partir de “She Will”, a apresentação engrenou de vez: “No Face”, “Husbands”, “Hit Me” e “Fuckers”. Na última, Beth se arriscou a explicar, em português, o sentido da canção. “Não deixe os filhos da puta te derrubarem”, disse ela, com forte sotaque inglês, trazendo candura à frase pesada. E desta forma, com fofura e selvageria, post-punk soturno e sol no rosto, o Savages fez uma estreia elogiável no Brasil.