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Lollapalooza 2018: festival volta a se unir com a Budweiser para resgatar o espírito dos anos 1990

Em 2018, assim como 27 anos atrás, o rock encontra o eletrônico, o hip-hop encontra o pop, e a festa musical é abastecida pela mesma cerveja

Redação Publicado em 21/03/2018, às 11h54

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Cartaz da primeira edição do festival Lollapalooza - Reprodução
Cartaz da primeira edição do festival Lollapalooza - Reprodução

Em 2018, o Lollapalooza se estabelece como o maior festival anual de música do Brasil, há seis anos consecutivos acontecendo em São Paulo. É a continuidade de uma história, mas também um retorno. Além de voltar a ter três dias de duração (como foi em 2013), o line-up diversificado resgata a gênese do evento, criado nos Estados Unidos, em 1991. Há 27 anos, assim como agora, o rock agressivo encontrava a música eletrônica, o hip-hop encontra o pop dançante, e o sentimento de festa era abastecido pela mesma cerveja, a Budweiser.

O ano de 1991 é sempre lembrado na história da música mundial. Foi o marco inaugural de uma década em que a produção deixou de ser focada em tendências e a liberdade criativa passou a ser premissa. Tudo era possível: fazer um heavy metal mais comercial, como o Metallica no Álbum Preto; transformar ruídos e microfonias em melodia (My Bloody Valentine no clássico do shoegaze, Loveless); reinventar o pop rock (R.E.M. em Out of Time); revolucionar o hip-hop (A Tribe Called Quest em The Low End Theory); unir house music com rock (Primal Scream em Screamadelica); e até o U2 estava experimentando novas sonoridades com o produtor Brian Eno em Achtung Baby. Também foi o ano que o Red Hot Chili Peppers, que inclusive toca no Lolla Brasil de 2018, fundiu rock com funk, peso com dança, em outro LP emblemático de 1991: Blood Sugar Sex Magik.

Em setembro daquele ano, as estruturas foram abaladas pelo Nirvana, com Nevermind, um dos maiores álbuns de todos os tempos. Sucesso instantâneo e absolutamente improvável, Kurt Cobain e companhia abriram caminho para o grunge e, só em 1991, tanto o Pearl Jam (atração do Lolla Brasil deste ano) quanto o Soundgarden e o Mudhoney lançaram as obras mais fundamentais do gênero, direcionando os olhos dos aficionados por música à cidade de Seattle. A partir dali, o “diferente” virou mainstream, os artistas passaram a ser chamados de “alternativos” e, mais do que isso, o sucesso de vendas sem precedentes de Nevermind deu um recado bem claro aos engravatados da música: os jovens daquela geração não poderiam ser limitados a um tipo de expressão.

Por isso, em 1991, Perry Farrell decidiu transformar a turnê de despedida de sua banda, o Jane’s Addiction, em um festival itinerante pelos Estados Unidos. “Nothing Beats a Bud” (ou “Nada bate uma Bud”), dizia o cartaz da primeira edição, patrocinada pela Budweiser e cujo line-up ia do rap de Ice-T ao rock eletrônico do Nine Inch Nails, com o Jane’s Addiction de headliner. No começo do Lollapalooza, Farrell cunhou a expressão “Nação Alternativa” para se referir ao público dos festivais que ele organizava. Em 1992, conforme o grunge, o rap e os tais sons “esquisitos” tomavam a programação da MTV norte-americana, o canal até criou um programa com a expressão, o Alternative Nation.

Do começo até 1997, o Lollapalooza foi itinerante, levando a experiência a diversas cidades dos Estados Unidos. O pensamento de contracultura, que regia a marca, também restringia os primeiros line-ups a nomes não-comerciais, gente que até poderia se tornar mainstream, mas sem abrir mão de uma sonoridade e postura alternativa (muitas dessas bandas, contudo, vieram se tornar algumas das maiores do mundo nos anos seguintes). Em 1992, por exemplo, era possível ver Red Hot Chili Peppers, Ice Cube, Rage Against The Machine, Soundgarden e Pearl Jam, por exemplo. No ano seguinte, o line-up trazia George Clinton, um dos reis do funk, e Alice in Chains. Até mesmo nomes distintos, como Ramones e Snoop Dogg, ou Green Day e Cypress Hill, Pavement ou Flaming Lips, se revezaram conforme o festival ia de cidade em cidade nos anos 1990. Pausado desde 1997, o Lollapalooza tentou um retorno nos moldes tradicionais em 2003, mas foi apenas em 2005 que o evento se fixou em um local: o Grant Park, em Chicago. Aquela edição teve shows de Black Keys e Kaiser Chiefs apenas no palco Budweiser.

Nos anos 2010, o Lollapalooza se tornou uma força mundial. Além de Chicago, que agora é a casa norte-americana do festival, a marca chegou à América do Sul (Chile e Argentina, além do Brasil) e à Europa (Alemanha) e atrai multidões de dezenas de milhares de pessoas. Em 2018, a Budweiser volta a patrocinar o Lollapalooza, para fazer desta uma edição histórica. O line-up promete: Pearl Jam, Red Hot Chili Peppers e Liam Gallagher (ex-Oasis), ícones do começo dos anos 1990 e amados pelos brasileiros, são alguns dos headliners. Além deles, a escalação é incrementada pelo hip-hop contemporâneo, tão criativo quanto o de duas décadas atrás, com nomes como Chance the Rapper, Anderson Paak e o brasileiro Rincon Sapiência. E o tal do “rock alternativo” – que nos anos 2000 virou “indie rock” –, claro, também marcará forte presença no Autódromo de Interlagos, com Mac DeMarco, Spoon, The National, LCD Soundsystem, Metronomy… E ainda tem pop de Lana Del Rey, o R&B de Khalid, o soul de Mano Brown e muito, muito mais.

Com Budweiser e Lollapalooza, os anos 1990 nunca estiveram tão próximos. Este será o sentimento nos próximos dias 23, 24 e 25 de março: uma reunião de pessoas a fim de celebrar a música e a cultura, sem limitações. E, exatamente como em 1991, brindando a mesma cerveja, antes, durante e depois dos shows.

#ThisBudsForYou #BudNoLollaBR