Chromeo, Portugal. The Man e The Vaccines também fizeram parte do último dia do evento
O último dia de Lolla Chicago (domingo, 5) amanheceu chuvoso e nublado, mas não demorou muito para o sol virar o jogo e, novamente, se posicionar imponente no céu.
Jack White foi o responsável por finalizar a última data do festival no lotado Grant Park. Simpático, falante e sempre preocupado em verificar se o público ainda estava interessado e curtindo o show, o músico se impôs no palco como um professor. Ele percorreu o bom e velho rock and roll dos sucessos "Seven Nation Army", "Icky Thump" e "Steady, as She Goes", do White Stripes (todas carregadas de guitarras distorcidas e riffs que ficam na cabeça), e também as recentes e muito mais experimentais "Over and Over and Over", "Respect Commander" e "Corporation", presentes no disco Boarding House Reach.
Entre uma música e outra, ele buscava entreter os fãs com piadas ou histórias de como compôs a canção que havia acabado de cantar (ou a que cantaria a seguir.) Em um certo intervalo, após trocar a guitarra por um violão, ele disse que não sabia o que estava fazendo novamente no Lolla. "Na última vez que me apresentei aqui, quebrei tudo no camarim", e, esperando as risadas cessarem, completou: "Lembro também que minha filha estava comigo e um pouco antes de subir ao palco, ela me segurou, passou algum tempo mexendo na bolsa que carregava e me entregou essa palheta. Queria dedicar esta música a ela". A escolhida para oferecer a ela foi "We Are Going To Be Friends".
Acompanhado por uma banda igualmente talentosa (que ele apresentou com muito carinho e orgulho ao público) e um arsenal de instrumentos e pedais (três microfones com efeitos variados faziam parte do equipamento, por exemplo), o veterano provavelmente fez a apresentação mais popular entre o público mais velho que compareceu ao evento.
Outras atrações
Em contraponto a toda a falação de Jack White, o Portugal. The Man, que subiu ao palco um pouco mais cedo, quase não se comunicou verbalmente com os fãs, a não ser por um ou outro agradecimento. A estratégia escolhida pela banda foi outra: além de animações em 3D e 2D, o telão exibia mensagens para o público. Desde frases hilárias como "nós somos o PTM. Apenas verificando se vocês estão no show certo", ou "estão preparados para aquele cara velho que costumava tocar no White Stripes?", até citações de Malcom X sobre o impacto que a opinião dos jornais manipuladores pode ter sobre os leitores.
Quanto à apresentação, o grupo, formado no Alasca, deu uma lição de autenticidade e habilidade musical, com um show inquieto, energético e repleto de referências. Sem parar entre músicas, a banda tocou "Purple Yellow Red and Blue", "Modern Jesus", "Hip Hop Kids", "All The Lights" e o fenômeno lançado ano passado "Feel It Still", além de covers de "Another Brick in the Wall pt.2", do Pink Floyd, e "For Whom the Bell Tolls", do Metallica, mostrando que têm muito mais força e potência do que aparentam nas gravações.
O duo Chromeo também se apresentou no domingo, em um dos maiores palcos do festival. A estética do show e a presença dos dois integrantes refletiu de forma exata a sonoridade que eles carregam. Com um cenário totalmente cromado e simétrico (acomodando cada um deles e seus respectivos instrumentos, também cromados, em cada uma das extremidades), David "Dave 1" Macklovitch e Patrick "P-Thugg" Gemayel levaram aos fãs, de forma impecável, o electro-funk pelo qual são conhecidos, provando que não são necessários vários integrantes para que o palco pareça ocupado por vários músicos.
Apesar de estar na ativa há quase uma década (e de os músicos já não serem mais tão meninos), a banda The Vaccines não parece buscar uma evolução e um amadurecimento sonoro. Mesmo tendo chegado à casa dos 30 anos, o vocalista Justin Young ainda compõe e apresenta nos shows o mesmo indie rock com letras "despretensiosas" que trouxe fama ao grupo. Sua postura de garoto marrento não condiz mais com quem ele realmente é, e os fãs presentes dera, indícios de que estavam se dando conta disso.