Segundo a Repórter Brasil, trabalhadores foram obrigados a dormir em papelões no local do festival após jornadas abusivas
Publicado em 23/03/2023, às 17h45
O Lollapalooza Brasil foi flagrado com trabalhadores em condições análogas à escravidão, segundo matéria da Repórter Brasil, reproduzida pela Carta Capital. Cinco pessoas que participavam da montagem do festival foram resgatados na última terça, 21.
Os profissionais não eram registrados, tinham jornada de 12 horas por dia e não podiam deixar o local de trabalho, sendo obrigados a dormir em papelões. Rafel Brisque Neiva, auditor fiscal do Trabalho, descreveu a situação dos trabalhadores: "Com idade entre 22 e 29 anos, eles não tinham dignidade alguma, dormiam dentro de uma tenda de lona aberta e se acomodavam no chão. Não recebiam papel higiênico, colchão, equipamento de proteção, nada."
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O órgão responsável pelo resgate é a Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, que está ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego.
"Depois de levar engradados e caixas pra lá e pra cá, a gente ainda era obrigado pela chefia a ficar na tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e dos paletes, para vigiar a carga," diz um dos resgatados, que trabalhava como carregador de bebidas.
Os funcionários foram contratados pela Yellow Stripe, que presta serviço para a Time For Fun (T4F) - empresa responsável pelo Lollapalooza Brasil, Popload Festival, GRLS! e outros eventos. Ainda segundo a reportagem, a empresa teve que pagar R$ 10 mil aos funcionários pelos salários e rescisão. Se houver pedido para indenização por parte do Ministério Público do Trabalho, o valor pode subir.
Em comunicado enviado à Repórter Brasil, a T4F declarou que busca garantir "as devidas condições de trabalho. (...) É terminantemente proibido pela T4F" que trabalhadores durmam no local. A relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe foi encerrada imediatamente. "A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas," diz ainda a nota.
Apesar disso, esta não é a primeira denúncia feita contra o festival. Em 2019, a Folha de S.Paulo revelou que moradores de rua foram contratados para receber R$ 50 por dia de trabalho, em uma jornada de 12 horas.