Ludmilla está pronta para levar o Brasil ao mundo
A estrela está subindo de nível com um novo álbum e ambições globais
Tomás Mier
Conhecer Beyoncé seria algo grandioso para qualquer pessoa, mas foi especialmente monumental para a poderosa Ludmilla. Afinal, ela começou a carreira se apresentando com o nome de “MC Beyoncé”, uma homenagem adolescente à sua ídola. “Imagina o dia em que eu conhecer a Beyoncé”, tuitou em 2015. “Acho que vou morrer aos pés dela.”
Ela não morreu, claro. Mas quando Beyoncé voou para o Brasil para promover Renaissance e reservou um tempo para encontrar Ludmilla e outras estrelas locais, foi um momento de círculo completo. Ludmilla teve a chance de se reconectar com aquela jovem MC Beyoncé dentro de si — a sonhadora nascida no Rio de Janeiro, faminta para se provar e conquistar o Brasil.
E ela conseguiu exatamente isso: começou a carreira musical no baile funk, antes de migrar para o pagode, um subgênero tradicionalmente dominado por homens, com o projeto Numanice, que ampliou seu alcance e a consolidou como uma das poucas mulheres a prosperar no estilo. Numanice rendeu um Grammy Latino e mostrou sua interpretação suave e cheia de soul. Hoje, Ludmilla é uma das maiores e mais respeitadas estrelas do país.
“Eu sou tudo o que a MC Beyoncé sempre sonhou. Eu estou vivendo meu sonho”, ela conta à Rolling Stone por meio de uma tradutora. “Eu me tornei meu sonho.”
Como uma das poucas artistas afro-latinas assumidamente queer em seu nível, Ludmilla sabe que sua presença tem peso. Ela se orgulha de ser prova viva de que uma mulher negra, latina e queer pode romper barreiras em um espaço onde a representatividade de cada uma dessas identidades sempre foi escassa. “É uma mistura de orgulho e responsabilidade, sabe?”, ela diz. “Eu sei que minha imagem, minha voz e minha arte inspiram milhões de pessoas que, no fim, se veem em mim.”
Mas, hoje em dia, ela mira ainda mais alto: quer que sua música chegue ao mundo. No momento, Ludmilla está mergulhada em seu oitavo álbum, que chama de um “divisor de águas”. Ainda sem título, ela diz que é o projeto no qual finalmente se sente mais confiante, segura e livre. “Minha carreira inteira foi uma preparação para este momento. É o meu álbum mais maduro até agora”, afirma.

O disco retrata os altos e baixos da vida, ao mesmo tempo em que afirma a força de Ludmilla. “Sou uma mulher empoderada: forte, independente e dito as regras, mas, por outro lado, muitas mulheres também têm sofrido muito por amor”, diz. Sonoramente, ela está saindo da zona de conforto e abraçando o R&B, um gênero que acredita ter potencial de crescimento no Brasil e no qual se sente à vontade. Seu mais recente single, “Cam Girl”, traz um dueto com Victoria Monét, que se tornou uma amiga próxima nos últimos meses. “Quando nos conhecemos, foi amor à primeira vista, e nunca mais nos desgrudamos”, diz Ludmilla. “Somos as duas taurinas e mais ou menos da mesma idade. Ela tem um coração muito bonito.” Ela também trabalha com produtores globais de confiança para expandir seu som e já gravou em “estúdios em que nunca imaginei pisar”.
Além disso, ela ganhou uma nova motivação: no início deste verão, ela e a esposa, Brunna Gonçalves, deram as boas-vindas a uma filha, o que mudou completamente sua abordagem à música e à vida. “A cada dia que passa, esse amor cresce mais e me dá mais energia para fazer minha música, para dar o melhor de mim nos meus projetos, porque quero que ela tenha muito orgulho de tudo o que a mãe dela fez”, afirma.
Chame de “crossover” se quiser — Ludmilla não. Ela se refere a essa próxima etapa da carreira como uma “expansão”, uma chance de crescer sem perder de vista de onde veio, mantendo o público brasileiro em primeiro plano. “Eu cheguei a um nível no Brasil em que, graças a Deus, hoje, 80% dos brasileiros me conhecem”, diz. “Mas isso não é um personagem, eu não estou parando minha carreira no Brasil para fazer carreira nos Estados Unidos. Não, eu estou fazendo meu trabalho no Brasil e quero que os Estados Unidos me conheçam, quero que o mundo me conheça.”
É um território novo para Ludmilla, mas ela está pronta para encará-lo. “Me dá um frio na barriga, mas acho que é isso que nos mantém vivos, né?”, ela diz. “É isso que nos motiva. Essa é a beleza disso: o novo. Há beleza em tentar coisas novas.”
Acima de tudo, o que é certo é que Ludmilla não vai perder de vista suas raízes. “Eu me sinto muito orgulhosa de mim mesma e da minha carreira”, diz. “Consegui mostrar ao mundo que posso chegar ao topo sem deixar de ser quem sou. Eu carrego a minha história.”
Esta matéria faz parte da série Nuevos Futuros, que celebra a música e a herança latina. Leia mais aqui.