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Madonna faz 60 anos segue como uma presença vital na música e na sociedade, inspirando mulheres do mundo todo

Britney Spears, Spice Girls, Rihanna, Beyoncé, Lady Gaga e muitas outras nunca esconderam que se inspiraram na cantora, mas só há uma Madonna

Paulo Cavalcanti Publicado em 16/08/2018, às 06h00 - Atualizado às 10h51

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Madonna em show na Suíça - AP
Madonna em show na Suíça - AP

“Quem é Essa Garota?”, perguntava o título do filme de sucesso lançado em 1987, que deu grande visibilidade à jovem Madonna, na época com 29 anos. Mais de quatro décadas depois, a “garota” não existe mais. Mas a pergunta ainda intriga. Assim, podemos responder à tal indagação argumentando que ela se transmutou em uma mulher que mudou a cultura pop e redefiniu a condição feminina das últimas décadas. Nesta quinta, 16, Madonna Louise Ciccone, nascida no dia 16 de agosto de 1958, em Bay City, Michigan, completa 60 anos.

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Ao completar seis décadas de vida, Madonna se encontra menos ativa do que de costume. Há alguns dias, a cantora comentou, um tanto desanimada, sobre o atual cenário da música pop: “Hoje, é tudo fórmula. São canções em que 20 pessoas são creditadas e todo mundo soa do mesmo jeito”, disse ela em Portugal, onde está morando atualmente.

Ela ainda mantém opiniões relevantes e contundentes. Em 2016, quando recebeu o prêmio Mulher do Ano, concedido pela Billboard, célebre instituição do mercado fonográfico norte-americano, Madonna proferiu um discurso apaixonado, feroz e definitivo, falando sobre o quanto foi difícil para ela se estabelecer. Argumentou que as mulheres, apesar dos avanços, ainda precisam lutar contra o machismo, o preconceito e a misoginia. Sobre o poder de permanência dela, Madonna comentou: “As pessoas dizem que eu sou polêmica. Mas a coisa mais polêmica que fiz foi ainda estar por aqui. Michael se foi. Tupac se foi. Whitney se foi. Amy Winehouse se foi. Bowie se foi. Mas eu estou em pé. Assim, para aqueles descrentes, e para todos aqueles que desejaram o pior para mim, e disseram que eu não poderia fazer o que fiz, digo que a resistência de vocês me deixou mais forte. Isso tudo fez com que eu me superasse e me tornasse a lutadora que sou hoje. Fez a mulher que eu sou hoje.”

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Sem dúvida, como a própria Madonna refletiu, é irônico e triste e pensar que vários grandes ícones dos anos 1980 se foram. Prince, Whitney Houston, George Michael, David Bowie e Michael Jackson não estão mais entre nós. Madonna envelheceu melhor do que a maior parte de seus contemporâneos. São mais de três décadas produzindo música vital e, neste processo, comentando com perspicácia e atualidade tópicos como moda, dança, sexo, o poder da celebridade, artes visuais, estilo e feminismo. A artista nunca apelou para a nostalgia. Ela explodiu em meados da década de 1980, sendo coroada imediatamente Rainha do Pop. Mas em todas as décadas posteriores, Madonna deixou um pouco de seu DNA – e sem nunca olhar para trás. Madonna pode se mostrar irreverente, mas é muito séria sobre sua arte e sobre as posições que toma.

Madonna apareceu na época certa e fazendo a coisa certa. Depois da decadência da disco music, da diluição do punk e do surgimento da new wave, o público da colorida década de 1980 havia esquecido que música pop também era sexo. Madonna trouxe de volta este elemento e fez isso na época em que a MTV começava a ditar gostos e costumes nos Estados Unidos. E nada disso foi realizado de maneira simplista. Da mesma forma como Bob Dylan e David Bowie, Madonna era capaz de assumir diferentes posturas e personas. Ela encarnou personagens como garota de escola católica, dominatrix, diva, santa, pecadora, bruxa, guru espiritual, empresária, mãe e muito mais.

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A artista abriu uma Caixa de Pandora, reforçando que a provocação era parte do jogo do estrelato pop. No começo da década de 1990, ela seguiu cutucando o conformismo, criando polêmicas, ganhando as manchetes e gerando debates. O álbum Erotica, o livro Sex e o filme Na Cama com Madonna, uma mistura de documentário com reality show, provaram que Madonna estava disposta a fazer com que as pessoas discutissem a sexualidade enquanto se adentravam em meandros na cultura pop. Ela também foi muito importante para estabelecer elementos da cultura gay no mainstream.

Um grande erro sobre Madonna é achar que a música que ela faz é apenas funcional. Ao longo das décadas, ela achou sempre os parceiros certos e colaboradores ideais. Mas no final, é ela quem dá as cartas. O produto final reflete a visão dela como performer, produtora e compositora. O que torna o som dela tão especial e bem-sucedido é sua abrangência e universalidade. De balanços irresistíveis a baladas de pegar fundo no coração, o catálogo de Madonna é repleto de canções inesquecíveis que marcaram a vida das pessoas nos quatro cantos do planeta. Assim como acontece com o Abba, a música de Madonna tem sido muito popular. Mas a crítica, especialmente a especializada no rock e que não consegue enxergar valor na música pop, em várias ocasiões não levou em consideração os feitos musicais dela. Felizmente esta percepção errônea vem mudando.

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Na época do hit “Material Girl”, Madonna inspirou-se abertamente na imagem de Marilyn Monroe, outro ícone que mexeu com os paradigmas da sexualidade feminina. Madonna fez isso com uma grande dose de ironia e irreverência. Mas se um dia ela imitou/homenageou Marilyn, ninguém foi tão imitada ou gerou tantos clones, diretos ou indiretos, quanto a própria Madonna. Britney Spears, Spice Girls, Rihanna, Beyoncé, Lady Gaga e muitas outras nunca esconderam que se inspiraram em Madonna. Ela forneceu a chave para a porta da festa. Mas mesmo com tantas seguidoras talentosas, só existe uma Madonna.