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Madonna faz espetáculo mais focado no visual, em São Paulo

Fez falta a execução de "Like a Virgin" no show no Morumbi, nesta terça, 4

Stella Rodrigues Publicado em 05/12/2012, às 02h08 - Atualizado em 06/12/2012, às 01h34

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AP Images
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Madonna gritou palavrão em português, disse “eu te amo” e rodopiou agitando a bandeira do Brasil, no show realizado nesta terça, 4, no Morumbi, em São Paulo. Também tirou a roupa, perguntou se estava gostosa e fez um discurso pela paz mundial que mataria qualquer miss de inveja. Embora nesta passagem pelo Brasil ela não tenha se envolvido com nenhum modelo local de nome bíblico e não tenha, como já aconteceu na turnê, recebido o astro coreano Psy no palco ou arrumado problema com a justiça local, uma visita de Madonna ainda é muito mais empolgante do que a da maioria das coisas que acontecem no mundo pop. Isso quer dizer que mesmo que as referências religiosas de Madonna não choquem mais (tanto) e que a nudez dela chame menos atenção do que os contorcionismos às vezes aflitivos de seus talentosos bailarinos, as 58 mil pessoas que estiveram no Morumbi viram um espetáculo visual e teatral corajoso e rico.

Madonna foi bastante fiel ao script que guiou sua performance nos últimos tempos. Dividido em atos e com intervalos para troca de roupa recheados com hits e coreografias dos bailarinos, ela conseguiu equilibrar a divulgação do novo disco, MDNA, e hits – embora estes tenham vindo muitas vezes no formato de medleys e versões encurtadas. Faltou “Like a Virgin”, prevista no set list, provavelmente cortada por falta de tempo. A apresentação começou quase às 22h30 e, originalmente, estava prevista para ter início às 20h. A ausência foi sentida. O ponto alto, certamente, veio já bem no final, com “Like a Prayer”, hit absoluto e faixa que mais animou, ofuscando até mesmo a popular “Vogue”.

Vale repetir o clichê: a cinquentona Madonna, mais uma vez, demonstrou o fôlego que exibia na década de 80. Começou a noite com “Girl Gone Wild” (permeada por pedaços de “Material Girl”), cheia de referências religiosas e porta de entrada para o primeiro ato da noite, de ares tarantinescos. O trio francês de música basca Kalacan participou desta primeira etapa, que, assim como no Rio, ainda contou com as violentas “Revolver” e “Gang Bang”, além do clássico “Papa Don’t Preach”.

O show seguiu com diversas participações virtuais, como as de Lil’ Wayne e Nicki Minaj, que apareceram no telão, e uma presencial, de Rocco, o filho da cantora, que deu o ar da graça novamente esta noite para acompanhar o pesadelo freudiano que deve ser sua mãe em uma coreografia. Os outros destaques da turnê não faltaram, como a provocação a Lady Gaga em “Express Yourself” – para quem não se lembra, Gaga foi amplamente criticada quando lançou “Born This Way” por causa da semelhança entre essas duas canções. Madonna não perdoou e, nesta turnê, misturou não só os versos de “Express Yourself” e “Born This Way”, como ainda colocou ali no meio alguns trechos de “She’s Not Me”, só para o caso de a cutucada não estar pontiaguda o suficiente.

Pós-doutorada na arte de provocar e conseguir atenção, a diva pop ainda arrumou tempo para gerar um coro antiguerra e preconceito, dizer que São Paulo simplesmente não poderia fazer menos barulho que o Rio e, depois de “Human Nature”, exibiu para a câmera, em close, seu invejável bumbum e quis saber se a achavam gostosa. A resposta veio em forma de um coro sonoro da palavra “gostosa”. Ah, mas desta vez, ela acertou a língua: mandou direto um “estão prontos”, em vez de “estão listos”, como fez no Rio, confundindo com a palavra em espanhol e gerando vaias.

No mais, o teatro espetaculoso prevaleceu em relação à música. Com hits em versão encurtada, muitos figurantes e bailarinos, padres, roupas de banda de fanfarra, formação de coro gospel, canto lírico, alguma ajuda de material pré-gravado, para os momentos mais intensos fisicamente, slacklining etc., ficou a sensação de que o show era mais visual do que musical. Isso ficou claro no final, com a performance de “Celebration” visualmente impecável, mas anticlimática, já que veio depois da empolgação máxima da noite (“Like a Prayer”) e serviu de desculpa ideal para quem precisava correr para pegar um táxi mais cedo ou tirar o carro do estacionamento antes que se formasse uma fila muito longa.

Madonna retorna ao mesmo palco nesta quarta, 5, e ainda se apresenta em Porto Alegre, no próximo dia 9, no Estádio Olímpico.

Veja o setlist abaixo:

1 – “Girl Gone Wild”

2. “Revolver”

3 – “Gang Bang”

4 – “Papa Don't Preach”

5 – “Hung Up”

6 - “I Don't Give A…”

7 - “Express Yourself”

8 - “Give Me All Your Luvin’”

9 - “Turn Up The Radio”

10 - “Open Your Heart”

11 – “Sagarra Jo”

12 - “Masterpiece”

13 - “Vogue”

14 - “Candy Shop”

15 - “Human Nature”

16 – “I'm Addicted”

17 - “I'm a Sinner”

18 - “Like A Prayer”

19 - “Celebration”