‘Maior que Jesus’: a história da briga entre os Beatles e a Igreja [FLASHBACK]
Há 11 anos, o Vaticano perdoou John Lennon pela comparação da banda com Jesus Cristo
Mariana Rodrigues (sob supervisão de Yolanda Reis)
Em 1966, uma frase de John Lennon originou uma grande polêmica. Naquele ano, o cantor declarou ao jornal londrino The Evening Standard como os Beatles eram mais populares que Jesus . Não precisou de muito tempo para a declaração tomar grandes proporções ao redor do mundo e irritar comunidades cristãs.
“O cristianismo irá desaparecer. Vai diminuir e encolher. […] Hoje, [os Beatles são] mais populares que Jesus. Não sei quem vai desaparecer primeiro, o rock’n’roll ou o cristianismo,” disse Lennon.
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Pouco tempo depois, publicada fora de contexto pela revista norte-americana Datebook, a frase se tornou motivo de boicote ao grupo. Algumas rádios pararam de tocar as músicas dos Beatles, discos foram queimados publicamente e até um membro da Ku Klux Klan criticou a fala de Lennon.
Para contornar a situação, Brian Epstein, empresário do grupo, organizou uma série de coletivas de imprensa nos Estados Unidos, onde a banda começaria uma turnê. Em uma das entrevistas, o cantor pediu desculpa pela fala e explicou a situação.
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“Não estava dizendo como somos melhores ou maiores, ou nos comparando com Jesus Cristo, como uma pessoa ou Deus […] Estava conversando com um amigo e usei a palavra ‘Beatles’ como algo remoto – ‘Beatles’ como as outras pessoas nos veem. Disse como [a banda] tem mais influência nos jovens em comparação com qualquer outra coisa, incluindo Jesus. Disse dessa forma e fui mal interpretado.”
Apesar do pedido de desculpa na época, levou mais de 40 anos para a Igreja deixar a situação de lado e perdoar Lennon. Em 12 de abril de 2010, o jornal oficial do Vaticano, L’Osservatore Romano, publicou uma reportagem elogiando os Beatles e mostrando como o comentário do cantor ficou no passado.
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“Eles até chegaram a declarar serem mais populares que Jesus. Mas, ouvindo suas músicas, tudo isso parece distante e insignificante,” disse o jornal. No entanto, Ringo Starr criticou a publicação em entrevista à CNN. “O Vaticano disse sermos satânicos ou possivelmente satânicos – e mesmo assim perdoaram a gente? Provavelmente, têm mais assuntos para falar além dos Beatles.”
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No dia 5 de abril de 1994, o lendário e inesquecível vocalista do Nirvana, Kurt Cobain, se suicidou aos 27 anos com um tiro na cabeça em Seattle, Washington, Estados Unidos. Desde então, deixou saudades eternas.
Marco para o grunge, músico fascinante, artista memorável e um dos principais nomes da música, Kurt Cobain fez história ao longo da carreira, principalmente acompanhado do Nirvana.
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As canções compostas pelo vocalista para o grupo relembram o quão importante e fantástico ele foi para a história da música. Faixas impecáveis como “Come As You Are”, “All Apologies” e “Drain You” dificilmente serão esquecidas.
Para relembrar a grandiosidade do lado artístico de Kurt Cobain com o Nirvana, a Rolling Stone EUA listou as 6 melhores músicas da carreira do vocalista com a banda. Confira a lista:
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6 – All Apologies
Uma grande canção da discografia da banda, “All Apologies” apareceu originalmente no disco In Utero (1993). No entanto, a versão mais lembrada, e possivelmente querida pelo público, é a gravação de novembro de 1993 para o MTV Unplugged.
5 – Drain You
O Nirvana escreveu muitas das canções do Nevermind (1991) antes de gravar o disco, mas a Rolling Stone EUA lembra que “Drain You” foi composta durante as sessões. Kurt Cobain nunca revelou quem inspirou a canção de amor, porém, foi escrita apenas três meses após ele conhecer Courtney Love.
Com certa frequência, Kurt afirmava ser uma das músicas favoritas dele da discografia da banda, e eles a tocaram basicamente em todos os shows nos últimos três anos de atividade enquanto grupo.
“Penso que há tantas outras canções que escrevi e são tão boas [como ‘Smells Like Teen Spirit‘]. Como ‘Drain You‘. Eu amo a letra e nunca me canso de tocá-la. Talvez se fosse tão grande quanto ‘Teen Spirit‘, eu não gostaria tanto”, contou à Rolling Stone em 1993.
4 – Come As You Are
Kurt Cobain era um grande fã dos Pixies e nunca escondeu isso. Muitas vezes, o músico recorria ao método de composição usado pela banda. “Estou ficando tão cansado dessa fórmula. Nós dominamos isso”, disse à Rolling Stone em 1993.
Segundo a Rolling Stone EUA, porém, um dos melhores exemplos da fórmula é “Come As You Are”, o segundo single de Nevermind (1991). Para a RS EUA, a versão do Unplugged é particularmente poderosa, e o refrão continua assustador.
3 – Heart-Shaped Box
Em uma entrevista de 1994 à Rolling Stone, Courtney Love lembrou-se de ter ouvido o processo de composição de “Heart-Shaped Box“: “Tínhamos um armário enorme. E eu o ouvi lá trabalhando em ‘Heart-Shaped Box‘. Ele fez isso em cinco minutos.”
Kurt Cobain começou a trabalhar na música no início de 1992, e a canção foi a escolhida como primeiro single de In Utero (1993). A Rolling Stone EUA lembra que o disco foi produzido por Steve Albini, e a gravadora temeu não ser comercial o suficiente, e Scott Litt foi chamado para remixar a faixa.
2 – Smells Like Teen Spirit
“Smells Like Teen Spirit” foi a canção que trouxe toda a atenção mundial para o Nirvana e deu início a uma nova era da música – e é um dos principais hits da história. “Eu estava tentando escrever uma música pop”, disse o vocalista à Rolling Stone em 1993.
“Todo mundo se concentrou tanto nessa música e o motivo pelo qual ela teve uma grande reação é que as pessoas a viram na MTV um milhão de vezes”, contou o artista na mesma entrevista.
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1 – Lithium
Não, a Rolling Stone EUA não escolheu “Smells Like Teen Spirit” para o primeiro lugar deste ranking. Segundo a revista, o terceiro single de Nevermind (1991) merece a colocação.
“Lithium” é uma música sobre um cara que passa a se dedicar à religião depois da morte da namorada. Isso o acalma, muito parecido com uma dose de lítio real. É uma incrível música e um dos principais destaques na discografia do Nirvana.
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