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"Maracatu é trovão"

Naná Vasconcelos guia 500 tambores e mostra por que eles têm poder, no Recife

Carolina Requena, enviada ao Recife* Publicado em 02/02/2008, às 15h44 - Atualizado em 03/02/2008, às 18h51

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O internacional nascido no Recife Naná Vasconcelos e seus seguidores - Milton Mansilha/Divulgação
O internacional nascido no Recife Naná Vasconcelos e seus seguidores - Milton Mansilha/Divulgação

"Todo tambor transmite o som da terra", crava o percussionista Naná Vasconcelos, baquetas em punho, em cima do palco montado no Marco Zero, no Recife. A frase de impacto escapa de configurar um clichê se você acabou de seguir este homem descalço entre quinhentos batuqueiros de maracatu pelas ruas de paralelepípedo do Recife Antigo, às vistas dos prediozinhos restaurados e despedaçados do bairro.

No fim da tarde desta sexta-feira, 1º, o transe causado pela repetição vigorosa da seqüência musical "tumaraca, tumaraca-tu" - dita pelos tambores - guiou um cortejo popular diverso e cordial até a praça à beira do Capibaribe, onde mais tarde seria aberto oficialmente o carnaval da cidade.

Para compreender o que aconteceu no caminho, antes de as chaves da cidade serem entregues aos reis da folia, vale tentar isolar mentalmente a abertura instrumental de "Rios, Pontes e Overdrives", da Nação Zumbi (que fez o maracatu extrapolar as fronteiras pernambucanas) e repeti-la centenas de vezes sem pensar em mais nada. Pesado?

Depois da caminhada, milhares de pessoas (número da prefeitura: 40 mil) vieram povoar o desenho redondo do espaço e as ruas adjacentes, ao som de Naná - agora com seu tambor sobre o palco - e as nações à sua frente, como orquestra em fosso de teatro.

Sem suspender o maracatu, vieram as cirandas comandadas pela cantora Lia de Itamaracá. E, a partir dali, a festa não poderia ganhar mais energia, nem com a presença de grifes como Elza Soares e Marisa Monte, oficialmente as grandes atrações da noite.

"Eu só quero é ser feliz"

Elza Soares apostou no "Rap da Felicidade" para tocar o carnaval, amornando os ânimos. A carioca de 70 anos amarrou sua participação com "Volta Por Cima".

No intervalo entre as cantoras convidadas, um coral fez o público cantar modinhas de exaltação à cidade, até cerca de 21h, quando Naná anunciou: "Agora a suavidade e elegância de Marisa Monte".

Marisa entrou no palco de vestido azul claro com flores brancas, cantando sua "Pernambucolismo" e, em seguida, "Maracatu Atômico" (Nação Zumbi) - com suavidade e elegância. Na seqüência vieram "Lenda das Sereias", "Borboleta" e "Pra Você Gostar de Mim"; o encerramento ficou por conta do hit dos Tribalistas "Velha Infância", em descompasso com os batuqueiros e com os carnavalescos de palco parados.

A reportagem da Rolling Stone está na capital pernambucana para noticiar o festival Rec Beat, que terá o retorno da banda Devotos, além de Fino Coletivo, Marina De La Riva, Pato Fu e outra dezena de artistas. Mais notícias amanhã, domingo.

*Viagem a convite da Prefeitura do Recife