Médico foi acusado de homicídio culposo e proibido de receitar pacientes; excesso de Propofol aparece como causa principal da morte do rei do pop
Quase oito meses após a morte de Michael Jackson, o médico particular do cantor, Conrad Murray, se apresentou voluntariamente a um tribunal de Los Angeles, nesta segunda-feira, 8, às 13h (19h de Brasília), e foi acusado de homicídio culposo (quando não há intenção de matar) por fornecer, de maneira irregular, um anestésico poderoso ao cantor.
Em sua acusação, testemunhada por vários membros da família Jackson (os pais Katherine e Joe, e irmãos Jermaine, La Toya e Randy), o médico declarou-se inocente por meio de seu advogado, Ed Cernoff. No entanto, o relatório completo da autópsia de Michael Jackson revelou que a dose de anestésico Propofol, que causou a morte do cantor, foi a equivalente a utilizada em uma "cirurgia delicada". Outros medicamentos sedativos (Lorazepam e Midazolam) também aparecem como potencializadores da morte.
Durante os 20 minutos de audiência, o juiz Keith Schwartz, do Tribunal Superior de Los Angeles, ordenou a apreensão do passaporte de Murray, proibiu a administração de receitas aos pacientes e determinou outra apresentação ao tribunal no dia 5 de abril. Segundo o site TMZ, foi estipulada também uma fiança em US$ 75 mil, que já teria sido paga. Se for condenado, o médico de 56 anos pode pegar até quatro anos de prisão.
Conforme a autópsia, a dose foi excessiva e administrada sem o cumprimento dos requisitos médicos necessários para o emprego desse tipo de substância, geralmente utilizada em hospitais. "As recomendações de atenção para a aplicação de propofol não foram cumpridas", afirmou o relatório. "As equipes responsáveis por observar os sinais vitais do paciente, fornecer com precisão as doses e realizar reanimações não estavam presentes", indicou.
O cardiologista admitiu fornecer Propofol a Jackson no dia de sua morte, junto a outros medicamentos, para combater a insônia. O médico ainda afirmou que o cantor utilizava essa substância com frequência e se referia a ela como "leite".
O conselho de medicina da Califórnia pediu a revogação da licença médica de Murray, alegando que ele seria um "perigo para o público", pois o uso do anestésico não atende às diretrizes profissionais. O juiz negou o pedido, mas proibiu Murray de prescrever anestésicos. "Eu não quero você sedando pessoas", disse Schwartz.
A acusação
O anúncio da denúncia contra Conrad Murray aconteceu após vários dias de uma extensa investigação realizada pela polícia de Los Angeles, depois da morte de Michael Jackson. A promotoria apresentou sua acusação formal dizendo que Murray "matou, sem malícia e contra a lei", o astro pop. De acordo com o documento, o cardiologista cometeu um "ato ilegal, não um crime sério" e o fez "sem o devido cuidado e diplomacia".
Michael Jackson morreu no dia 25 de junho, aos 50 anos de idade, na sua casa, em Los Angeles. Murray, contratado para cuidar da saúde do cantor durante a turnê This Is It, agendada para começar no mês de julho do ano passado, admitiu ter injetado Propofol no músico horas antes de sua morte, depois de aplicar outros sedativos, mas disse que estava obedecendo aos pedidos insistentes de Jackson, que teve uma crise habitual de insônia.
Depois, o cantor dormiu e Murray saiu para fazer algumas ligações telefônicas, segundo o depoimento do médico à polícia. Ao voltar para o quarto, Jackson não respirava, então o cardiologista tentou reanimá-lo, enquanto o serviço de emergência não chegava. Michael Jackson foi levado ao hospital da Universidade da Califórnia, em Los Angeles (UCLA), onde foi dado como morto por volta das 14h locais daquele dia.