“O Brasil está no Top 3 de mercados que estão mostrando um crescimento explosivo”, afirmou o executivo Edgar Berger, da Sony Music, em conferência nesta segunda, 23
Após anos de declínio, os executivos da indústria musical têm motivos para se animar. Em uma conferência telefônica realizada nesta segunda, 23, a IFPI - International Federation of the Phonographic Industry anunciou o crescimento de 8% do mercado de música digital em 2011 – e o Brasil tem lugar de destaque nesse panorama.
“O Brasil está entre os países com crescimento mais rápido do mercado [musical]. Está avançado na América Latina”, disse Rob Wells, presidente de negócios digitais do Universal Music Group, na entrevista coletiva da qual a Rolling Stone foi o único veículo nacional a participar. Ainda não foram divulgados números consolidados das vendas digitais nacionais, mas de janeiro a agosto de 2011 o crescimento foi de 26%, segundo afirma Paulo Rosa, presidente da ABPD - Associação Brasileira de Produtores de Disco. A recente chegada do iTunes deve fazer com que em 2012 os números sejam ainda mais favoráveis no país. “Vocês estão no Top 3 de mercados que estão mostrando um crescimento explosivo”, complementou Edgar Berger, CEO da Sony Music.
Os braços do comércio de música na internet têm se alongado cada vez mais: no ano passado, o número de pessoas que assinam algum tipo de serviço de streaming ou downloads de música cresceu 65%, totalizando mais de 13 milhões de usuários. Em 2010, serviços como Spotify, Deezer e iTunes estavam presentes em 23 “mercados” (que representam um país ou uma área específica do globo), enquanto hoje o número subiu para 58. Há ainda países em que o número de vendas digitais ultrapassa o número de vendas físicas (nos Estados Unidos, as vendas digitais somam 52% da receita; na Coréia do Sul, são 53%).
Mesmo com tantos números positivos, a pirataria online continua sendo uma grande barreira. Segundo o relatório da IFPI, um quarto de todos os usuários de internet no mundo baixam arquivos ilegais. Enquanto isso, diversos países têm buscado endurecer as leis contra o compartilhamento de arquivos – a França, por exemplo, tem desde 2009 a chamada Hadopi, que gerou uma queda de 26% do compartilhamento de arquivos via P2P (o governo manda notificações a quem compartilha arquivos; na terceira notificação, a internet do usuário é cortada). E agora, os Estados Unidos estão prestes a implementar a polêmica SOPA - Stop Online Piracy Act, legislação que é acusada de restringir os direitos de comunicação e a liberdade na internet – mas que é elogiada pela IFPI. “Com a SOPA, a questão da pirataria está sendo discutida em todo o mundo, e claro que é bom para nós”, declarou Frances Moore, CEO da organização. “Estamos desapontados com o fato de a SOPA ter sido adiada. Mas os Estados Unidos não estão dando para trás. Veja o que foi feito em 2010, com o fechamento do Limewire.”
Com as medidas de punição ao compartilhamento ilegal sendo amplamente divulgadas pelas grandes gravadoras, a América Latina deve entrar em breve nessa rota – e o Brasil, tendo destaque na região, está na mira das grandes gravadoras em favor da criação de leis contra a pirataria online. “A IFPI e a indústria musical vão concentrar esforços na América Latina nos próximos meses”, afirmou Berger.
Queda
Os números digitais são animadores, mas o mercado físico continuam caindo. As vendas físicas sofreram uma queda de 9% em 2011 – o que, segundo os executivos, não é de todo mal, já que em 2010 o declínio foi de 14%. Por aqui, não é diferente. “A gente saiu de um mercado de 90 milhões de unidades anuais [CDs e DVDs], para 26 milhões hoje”, contou Paulo Rosa. “O que ocorre é a partir de 2008 passou a existir uma estabilidade, com pequenas variações. Nesse ano, a nossa expectativa é que a variação do físico seja positiva.”
Fazendo o balanço entre todas as vendas, físicas e digitais, a queda foi de 3%, a menor taxa dos últimos anos. Wells, da Universal, resumiu a visão dos empresários em relação ao futuro da indústria musical: “Estou definitivamente mais otimista do que jamais estive”, anima-se o executivo.
Mais vendidos
Veja abaixo a lista de singles digitais mais vendidos em 2011:
1 - Bruno Mars (foto) – “Just The Way You Are” (12,5 milhões)
2 - Bruno Mars – “Grenade” (10,2 mi)
3 - LMFAO – “Party Rock Anthem” (9,7 mi)
4 - Jennifer Lopez – “On The Floor” (8,4 mi)
5 - Adele – “Rolling In The Deep” (8,2 mi)
6 - Lady Gaga – “Born This Way” (8, 2mi)
7 – Pitbull, Ne-Yo, Afrojack e Nayer – “Give Me Everything” (8,2 mi)
8 - Black Eyed Peas – “The Time (Dirty Bit)” (7,3 mi)
9 - Maroon 5 – “Moves Like Jagger” (7 mi)
10 - Bruno Mars – “The Lazy Song” (6,5 mi)