'Meu público vem rejuvenescendo', diz Gal Costa sobre conquistar novas gerações [ENTREVISTA]
À Rolling Stone Brasil, Gal Costa fala sobre a sua segunda live - a ser realizada nesta sexta -, conquista de novos fãs e governo Bolsonaro
Itaici Brunetti
Publicado em 26/05/2021, às 10h42 - Atualizado às 19h10Gal Costa está em contagem regressiva para sentir novamente o "frio na barriga" que a tomou durante a sua primeira live, realizada em 2020. Agora, nesta sexta, 28, a ídola da música brasileira subirá ao palco do Teatro Bradesco para a segunda apresentação online e promover o álbum Nenhuma Dor, lançado em fevereiro.
"Eu gostei do frio na barriga que senti na primeira live, de ter a sensação que tinha muita gente vendo tudo aquilo," afirmou Gal Costa à Rolling Stone Brasil. "Mesmo não tendo o público presente, estou feliz de poder apresentar, com a minha banda, as canções de Nenhuma Dor, além de sucessos da minha carreira como "Baby" e "Meu Bem, Meu Mal".
Com direção geral do produtor musical Marcus Preto, que assinou a direção dos últimos álbuns de Gal Gosta, a live será transmitida ao vivo e gratuitamente, às 20h, pelo canal do Teatro Bradesco no Youtube.
"Está tudo tão difícil para todo mundo. Não é fácil o que todos estão passando, então, a música tem sido um respiro, um alívio. É gratificante saber que a cultura leva um pouco de conforto e um pouco de alegria para quem gosta e se conecta com o meu trabalho", diz a cantora baiana sobre as lives, formato que se tornou, praticamente, a única opção dos fãs verem os ídolos "ao vivo" em tempos de pandemia.
Novos fãs
Aos 75 anos, Gal Costa tem visto uma reformulação em seu público. Cada vez mais, jovens têm descoberto o trabalho da artista - em especial, os discos lançados nas décadas de 1960 e 1970 - e se apaixonado pelo que ouvem. O álbum ao vivo Fa-Tal - Gal a Todo Vapor (1971), por exemplo, lançado há 50 anos, se tornou cult entre os modernos, "hipsters", "Santa Cecílers" e novos adoradores da música brasileira.
"Meu público vem rejuvenescendo. Percebo isso pelas redes sociais e pelas pessoas que têm ido aos meus shows; um público mais jovem," afirma Gal Costa, e continua: "Eu acho que quando uma música é muito boa, com conteúdo, agrada sempre qualquer faixa etária."
Rainha da Tropicália, Musa do Desbunde e considerada uma das vozes mais bonitas da música brasileira, a cantora comenta a importância de ser ouvida pelos jovens: "Eu fico muito feliz que minha voz esteja passando por novas gerações. Eu trabalho ainda porque a música é muito importante tanto para o público quanto para a minha vitalidade."
Gal Gosta (Foto por Carol Siqueira)
Esperança por dias melhores
Tendo vivido e resistido artisticamente à época de terror da ditadura militar, não é novidade para ninguém que Gal Gosta não é adepta e muito menos simpatizante do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No entanto, ela mantém a esperança por dias melhores.
"O governo Bolsonaro ataca e quer banalizar a arte. É tanta ignorância, uma falta de consciência. Ele é maléfico para a cultura brasileira e fico chocada com a falta de informação que ele espalha", diz a cantora sobre o atual governante do Brasil. "Além disso, me incomoda a incompetência desse governo que tem propostas erradas, é contra a ciência, contra os índios e fecha os olhos para o desmatamento," pontua.
Sobre os apoiadores de Bolsonaro que têm ido às ruas pedir intervenção militar e a volta da ditadura, ela opina: "Eu fico muito preocupada, acho um absurdo as pessoas quererem de volta a ditadura. É impensável. Mas, por outro lado, acho que temos uma democracia bem estabelecida."
Ao finalizar, Gal Costa conclui de forma otimista: "Mas, tenho esperança de que dias melhores virão. É a esperança que move a humanidade."
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