Advogado do Dr. Conrad Murray, que será acusado de homicídio culposo, questiona versão policial
Doses letais do anestésico Propofol provocaram a morte de Michael Jackson, de acordo com o laudo do médico-chefe do centro de medicina legal de Los Angeles, sob comando do Dr. Lakshmanan Sathyavagiswaran. As suspeitas do abuso medicinal já vinham sendo levantadas há semanas, mas só foram confirmadas na segunda, 24, com liberação de 32 páginas de documentos numa corte de Houston, Texas.
O cantor morreu aos 50 anos, em 25 de junho, após sofrer parada cardíaca em uma mansão alugada em Beverly Hills, onde vivia com os filhos. De acordo com o jornal The Los Angeles Times, os relatórios se baseiam nos resultados obtidos pelo instituto médico legal de L.A. após autópsia do corpo do astro. Não há divulgação oficial por parte do órgão.
Os relatórios judiciais esmiúçam o envolvimento de Conrad Murray, médico pessoal de Jackson, com o episódio. Segundo a agência de notícias Associated Press, ele será acusado de homicídio culposo (quando há crime, mas não intenção).
Murray teria confessado ao detetive do Departamento de Polícia de Los Angeles Orlando Martinez ter fornecido o coquetel de remédios ao astro. Em depoimento postado no site de sua empresa na noite de segunda, Edward Chernoff, advogado do médico, rebateu a versão policial. "Dr. Murray simplesmente nunca disse aos investigadores que teria encontrado Michael Jackson às 11h sem respirar", diz a nota. Sobre a acusação de homicídio, o advogado afirmou que seu cliente espera a divulgação oficial do resultado da autópsia.
Os documentos recém-divulgados apontam o seguinte: Murray - que vinha sendo tratado como suspeito e passa temporada em Houston - estava há seis semanas tratando problemas de insônia do paciente, até a data se sua morte. Eram 50 miligramas de Propofol, aplicados por via intravenosa, a cada noite, segundo a justiça norte-americana.
Aos detetives, Murray alegou que foi gradualmente baixando a dose, justamente por temer que o paciente estivesse desenvolvendo vício. A estratégia inicial consistiu em injetar 25 miligramas do anestésico, completando o coquetel de remédios com Lorazepam e Midazolam, outros sedativos fortes.
No dia 23 de junho, o médico alega ter administrado apenas os dois remédios, suprimindo a dose de Propofol. Na madrugada do dia 25, Murray teria dado um Valium ao cantor, por volta da 1h30. Nada feito. Meia hora depois, o cardiologista aplicou Lorazepam na veia de Jackson; às 3h, com o paciente ainda acordado, foi a vez do Midazolam.
Após forte insistência do músico, Murray relatou ter cedido e, às 10h40, ministrado 25 miligramas de Propofol no insone. Jackson finalmente conseguiu dormir, e o cardiologista, conforme versão policial, deixou-o sozinho por um breve período. Ao voltar, o paciente já não respirava. Como as tentativas de reanimá-lo não funcionaram, ele contatou o serviço de emergência 911, às 12h21. Por volta das 14h, Jackson foi declarado morto, no hospital da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
Segundo seu advogado, Murray bateu de frente com essa informação: jamais teria deixado os aposentos de Jackson. Tudo não passa, para Chernoff, de "teoria policial".
Consecutivas devassas em clínicas e documentos do médico não puderam provar que Murray tenha comprado, ordenado ou adquirido Propofol por meio de sua licença médica ou identificação da DEA, agência antidrogas dos EUA.
Mas detetives encontraram, na residência de Jackson, oito frascos do anestésico, entre diversos outros sedativos receitados pelo médico pessoal e também por Arnold Klein (dermatologista que chegou a clamar paternidade dos dois filhos mais velhos do falecido) e Dr. Allan Metzger.
Propofol também foi apreendido de uma bolsa médica do Dr. Murray. O médico particular de Jackson - que, segundo a reportagem de capa da RS Brasil, cobrava US$ 1 milhão por mês para tratar o cantor - alegou que muitos colegas já haviam ministrado o poderoso anestésico no músico.